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Manoel Afonso

Os estragos da tornozeleira nas eleições de 2018

Manoel Afonso | 12/05/2017 10:19

DEGRADAÇÃO Também aqui as notícias sobre as atividades dos políticos cada vez mais inseridas no contexto policial. As diferenças apenas no ‘modus operandi’ e nas classes sociais dos protagonistas. Além da Lava Jato, os escândalos locais aumentam a ojeriza do eleitor pela classe política.

CENAS horríveis. Lá atrás o ‘setentão’ José Carlos Bumlai era visto na TV pelos seus netinhos ao ser conduzido preso. “Olha lá o vovô!” Uma suposta frase de efeitos devastadores na cabeçinha deles. Depois, a vez do ex-senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) e do ex-deputado Edson Giroto (PR) amargarem a prisão mostrada na televisão.

LEMBREI destes casos mais recentes em nosso imaginário ao deparar com a imagem do ex-governador André Puccinelli (PMDB) caminhando ao lado de vários policiais. Sem discutir a culpabilidade, fiquei imaginando a reação de seus netinhos, aos quais ele prometera presença constante fiel. Lembra?

O ELEITOR antenado! Tirou suas conclusões das declarações pró André feitas pelo deputado federal Carlos Marun, deputado estadual Eduardo Rocha e o vereador Loester Nunes, todos do PMDB. Também entendeu a opinião moderada do deputado federal Zeca do PT, já condenado pelo TJ-MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) por improbidade administrativa.

UTOPIA neste instante exigir que o eleitor separe com precisão cirúrgica esses casos – daqueles praticados pelo então governador Sergio Cabral (PMDB), ex-ministro Antonio Palocci (PT) e outros implicados e presos na Lava Jato. A lógica induz a generalização, justa ou injusta. Funciona assim.

CÉREBRO humano é um computador, armazena os dados e encaixa as peças. Se voce por exemplo, analisar os depoimentos dos delatores da Odebrecht e confrontá-los com as circunstâncias, a postura dos denunciados e o conteúdo de documentos, concluirá pela procedência da acusação.

EXEMPLOS não faltam na história política. Se Fortunato Gregório era o homem de confiança do ex-presidente Getúlio Vargas, improvável que esse último não soubesse de sua conduta imprópria. Se Zé Dirceu e Palocci eram ‘carne-unha’ do ex-presidente Lula, impossível que ele não soubesse das irregularidades.

O MESMO raciocínio a opinião pública poderá ter quanto ao ex-governador André em relação às irregularidades denunciadas e que motivaram inclusive o uso da tornozeleira. Afinal, na escolha de seus auxiliares na administração, sempre pesaram os itens confiança ou lealdade.

INSISTO Essas acusações são graves. Verdadeiras ou não só tempo dirá. Enquanto isso, haverá a batalha judicial dentro daquele cenário que o brasileiro conhece. Mas há de se contar o desgaste político pela continua exposição na mídia, um campo fértil da imaginação crítica .

E AGORA? André jogará a toalha? Repensará verdadeiramente as prioridades de sua vida? Deixará órfãos seus companheiros do PMDB que imploram pela sua volta? Imitará Lula adotando o ataque como defesa, insistindo nas pretensões de disputar o poder em 2018? Tem saúde e idade pra isso?

SAÚDE Volta e meia vemos políticos ‘baixando hospital’ após postergarem a ida ao médico. Aí convivem com problemas silenciosamente. Foi assim com o ex-presidente Tancredo Neves. Lembra? No caso de André, perto de completar 69 anos, precisa fazer uma releitura de suas prioridades.

PENA... Em alguma situações de luta pelo poder, os políticos ouvem primeiro os companheiros e só depois os familiares. Pela análise da sequencia comportamental de André nos últimos meses de sua gestão, a conclusão é que de fato ele curtiria os netos. Mas a decisão pelo anonimato é opção rara.

PERGUNTO: Como manter uma pré-candidatura ao Governo e ao mesmo tempo tendo que se defender de denúncias gravíssimas do ponto de vista jurídico? Uma posição delicada que municia os adversários mesmo antes da campanha. Mas cabe a André decidir se essa luta vale a pena.

O PODER é bom, massageia o ego, mas cria arestas e desgasta os protagonistas. Aí vem a chamada fadiga que já ocorreu lá atrás quando o ex-deputado Edson Giroto (PR) foi imposto candidato à prefeito da capital. Foi um recado claro do eleitorado que o ex-governador não entendeu ou ignorou.

FADIGA Tudo que é novo um dia envelhece. Pedrossian encantava Cuiabá quando governador do velho Mato Grosso. Mas o tempo passou. Ao disputar pela última vez o Governo de nosso Estado, já estava fora do compasso e dos padrões exigidos.

TAMBÉM atrás de André, como ocorrera com Pedrossian, há políticos interessados na candidatura dele. Evidente, almejam aproveitar dessa candidatura majoritária para se elegerem em sua sombra. Enfim, são vários interesses que afloram na vida partidária. Não há ingênuos e nem inocentes no cenário.

O QUADRO sem André facilitaria a união PMDB-PSDB. A relação do Governo com os deputados estaduais flui fácil. Mas a ausência de André complicaria a vida política de peemedebistas devido aos laços que os unem.

MEMÓRIA A vitória de Carlos Marun – em prejuízo ao concorrente Fábio Trad – ocorreu graças à mão forte de André na campanha. O senador Waldemir Moka foi outro candidato beneficiado pelo empenho do então governador derrotando Dagoberto Nogueira (PDT) por menos de 60 mil votos.

ASCENSÃO Enquanto o PMDB de André tenta se desvencilhar dos problemas, outro grupo político é forte protagonista no cenário. Trata-se da família Trad, que comanda a prefeitura da Capital e com boas relações com o Parque dos Poderes. Com tamanho cacife eleitoral, estará presente nas negociações.

EVIDENTE A reeleição do governador Reinaldo ficaria mais tranquila tendo também a composição fechada com o ‘clã Trad’, já que o ex-prefeito Nelsinho traria o PTB. Há ainda a real possibilidade de o senador Pedro Chaves (PSC) se juntar ao grupo em busca da sua reeleição. Política é a arte de agregar.

ALELUIA! O projeto ‘Reviva Centro’ saindo do papel com assinatura do empréstimo de R$ 175 milhões do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) à prefeitura da Capital. O prefeito Marcos Trad (PSD) tem a dimensão exata da sua importância. Entusiasta pelo evento, o senador Pedro Chaves (PSC) lembra que haverá o renascimento do velho centro comercial.

INSISTO Será que o pessoal da Receita Federal dormiu durante os longos anos dos governos do PT e não viu as falcatruas desse monte de dinheiro desviado no caixa 2 mostrado na Lava Jato? Enquanto isso, o cidadão mortal é autuado para prestar contas com o Leão devido merreca de valores. Assim não dá!

Atire a primeira pedra a mulher que nunca comprou uma blusa, uma joia, um par de sapatos e um triplex no Guarujá. (na internet)

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