Denúncia de negligência faz mulher lembrar morte da filha em "CTI improvisada"
A morte de Jaqueline dos Santos Flores à espera de atendimento reacendeu o sentimento de luto para Eliana Delmondes Flores, 50 anos. Em agosto do ano passado a filha dela, Camila Delmondes, ficou dois dias internada em uma “CTI improvisada” na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Vila Almeida esperando vaga em hospital. A transferência chegou a ser realizada, mas já era tarde demais, pois a jovem, de 24 anos, não resistiu a uma falência renal.
“Dói muito. É como se eu estivesse revivendo tudo aquilo de novo. Só na semana em que os médicos estiveram em greve morreram três. É muito revoltante. O mais difícil para mim é saber que às vezes eles podem fazer algo, mas não fazem”, afirma.
Assim como Jaqueline, Camila procurou uma unidade de saúde quando começou a passar mal, mas foi diagnosticada com anemia e liberada após uma transfusão de sangue. Uma semana depois, a garota acordou com “olhos amarelados” e foi levada às pressas para um CRS (Centro Regional de Saúde). A partir de então teve início o drama da família.
“Trocavam os médicos todas as horas. Cada profissional novo dizia que ela tinha que ser transferida. Duas vezes me falaram que tinha vaga, eu liguei no Samu e me diziam que estava enganada”, pontua.
Eliana, ao saber do caso de Jaqueline, diz ter “sentido na pele” o sentimento de impotência ao buscar, em vão, ajuda para salvar um parente. “Como que o Samu vai avaliar se é grave ou não? E se o médico que atendeu ela no posto tivesse deixado em observação, será que ela teria morrido?”, questiona.
O Campo Grande News tentou contato com o coordenador do Samu, Eduardo Cury, mas até a publicação desta reportagem ele não havia retornado as ligações.