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Direto das Ruas

Técnico fotografado em mercado diz que “roupa não está contaminada”

Ele diz que pegou a roupa limpa para fazer compras no intervalo do trabalho

Alana Portela | 28/03/2021 11:28
O técnico de enfermagem usando a privativo dos profissionais da saúde dentro da UPA Coronel Antonino. (Foto: Arquivo pessoal)
O técnico de enfermagem usando a privativo dos profissionais da saúde dentro da UPA Coronel Antonino. (Foto: Arquivo pessoal)

“Peguei uma roupa limpa porque na unidade de saúde usamos um 'privativo completo' e não podemos sair de lá com ele”, explica o técnico de enfermagem que foi fotografado usando roupa hospitalar dentro de um mercado de Campo Grande.

O flagrante aconteceu na tarde de ontem (27), e a foto foi enviada ao Direto das Ruas. Na imagem é possível ver o técnico de 42 anos, que preferiu não ter a identidade revelada, usando uma camiseta e calça com tom esverdeado, comum em ambientes hospitalares, além de touca.

Com máscara no rosto,  ele estava colocando um produto que pegou na prateleira do mercado dentro do carrinho de compras quando foi fotografado. A cena gerou revolta nos clientes por acreditarem que o técnico estava contaminando o ambiente com a covid-19.

Assustado com a repercussão, o profissional então revolveu dar sua versão dos fatos e explicar que a roupa usada para fazer compras era na verdade um uniforme confeccionado por ele, e não usado diretamente em contato com os pacientes

Ténico de enfermagem usando o privatino dentro do mercado enquanto fazia compra. (Foto: Direto das Ruas)
Ténico de enfermagem usando o privatino dentro do mercado enquanto fazia compra. (Foto: Direto das Ruas)

“Mandei fazer o traje para não precisar usar roupa normal, para economizar. Como se fosse uniforme pessoal, já que é minha apresentação. Tenho outro na cor azul”, conta.

Ele é técnico de enfermagem há nove anos e trabalha na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Coronel Antonino. Casado e pai de três filhos, o profissional relata que é o único que está saindo de casa, por isso, fica responsável por levar alimento à família.

“Só eu que saio, mas sempre tomando as precauções pois a gente que está na linha de frente tem consciência. Sai da UPA com o propósito de fazer compras, não fiquei olhando [se as pessoas estavam achando ruim]. Estava no meu momento porque estou de plantão 24h”, diz.

Segundo o técnico, o intervalo é de 40 minutos e também por conta do toque de recolher às 16h, resolveu aproveitar o tempo para comprar os alimentos que faltavam em casa. “Era momento crucial porque estava faltando”, afirma.

Quando deu o horário do intervalo, o técnico comenta que retirou a roupa que usa dentro da unidade e colocou o uniforme pessoal. “A roupa não está contaminada”, garante.

“A gente usa um macacão descartável, tem uma técnica que coloca e outra que retira da gente. Existe um processo de segurança, ninguém sai com roupa de lá”, explica ele sobre como é o processo de higiene dentro da unidade de saúde.

Já no mercado, andou pelos corredores e pegou os produtos que precisava. Após fazer as compras, o técnico voltou a unidade de saúde onde trabalhou até às 18h e posteriormente foi para casa. Hoje (28), ele afirma que saiu bem cedo para trabalhar. “Estou desde às 6h e vou até às 6h de amanhã [29]”.

Essa foi a primeira vez que ele foi fazer compra usando o uniforme e afirma que está mantendo os cuidados para evitar a propagação do vírus.

“As pessoas não têm noção quando exponha os outros assim. Deixei minha família para cuidar de quem está precisando. Temos orientações diárias para manter os cuidados independente de pessoa”.

Sobre o uniforme, o técnico diz que não é possível saber quem está contaminado apenas pela roupa. “Não sabemos quem está com vírus ou não. Aqui [UPA] tem os testes que determina. Já nos mercados, ônibus não se sabe. A roupa não determina se está contaminado. É preciso ter consciência”, finaliza.

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