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Economia

"Big Brother do crédito" tem potencial para injetar R$ 20 bi na economia

A partir de agora seu nome e seu histórico de crédito serão incluídos imediatamente no sistema quer você queira ou não

Rosana Siqueira e Maressa Mendonça | 11/01/2020 08:15
"Big Brother do crédito" tem potencial para injetar R$ 20 bi na economia
Informações sobre vida financeira dos consumidores será inserida no Cadastro Positivo (Paulo Francis/Arquivo)

Com a promessa de injetar R$ 20 bilhões na economia de Mato Grosso do Sul e possibilitar acesso ao crédito para um contingente adicional de 566 mil consumidores, o Cadastro Positivo Compulsório, ou o Big Brother do Crédito, entra em vigor hoje (11). Ou seja, até agora você autorizava a sua inclusão no sistema que é um tipo de “RG da sua vida financeira” e a partir de hoje isso será automático. Todos os brasileiros terão seus dados no sistema, que vai dar uma nota para você correspondente ao risco de ficar inadimplente, com base em informações dos bureaus de crédito como o Serasa Experian e o SPC.

No Cadastro estarão informações do tipo: quanto você paga de cartão de crédito, qual foi o atraso para quitar a fatura do seu celular, o número de dias que conta corrente ficou no vermelho ou se todas as suas contas estão em dia. Por meio do sistema, ainda será possível saber que tipo de dívidas você possui, com que empresas e sua capacidade financeira de arcar com compromissos adquiridos. Podem, inclusive, ser consideradas informações de desempenho também dos familiares de primeiro grau.

Cuidado - Na avaliação do superintendente do Procon/MS, Marcelo Salomão, é preciso ficar atento, pois a medida pode comprometer a segurança dos dados pessoais dos consumidores. “Primeiro o Procon sempre se posicionou contra a obrigatoriedade do Cadastro Positivo porque entende que isso deveria ser como uma faculdade. Se o consumidor quisesse entrar no cadastro ele se inseria”, enfatizou o superintendente.

Ele lembra que quando foi criado em 2011, o Cadastro tinha como meta ajudar a baixar as taxas de juros em virtude do score dos consumidores. “Acontece que o sistema já está em vigor há algum tempo, desde 2011 e esta taxa de juros jamais abaixou. Então não consigo entender como esse rol de pessoas do cadastro possam ser beneficiadas”, criticou.

Salomão ainda alerta que o ocorreu depois da obrigatoriedade do Cadastro foi um aumento no número de ligações de telemarketing. “Os bancos estão com mais acesso sobretudo aqueles de fomento. Eles tem em mãos os dados dos bons consumidores, de quem paga as contas em dia e principalmente os idosos que podem fazer consignado. Eles têm as informações”, avaliou.

O superintendente alerta que o Procon orienta muito cuidado aos consumidores. “Observe sua conta mês a mês. Se não entrou recurso por força de consignado sem autorização de consumidores. Observe em relação aos scores verifique se as taxas de juros estão baixando. O Procon tem uma preocupação muito grande com cadastro e acredito que esta medida não beneficiou os consumidores”, destacou.

Ele ressalta inclusive que o Procon solicitou a CDL que tem um bureau pedindo que instale uma base dentro do órgão de defesa do consumidor. “Temos possibilidade grande disto acontecer ainda no primeiro semestre. A ideia é que os consumidores possam fazer consulta de seu score, do cadastro e até mesmo retirar seu nome, que isso possa ser feito no Procon”, afirmou.
Finalmente ele orienta que quem não quiser ter os dados incluídos no cadastro positivo pode solicitar a retirada.

O pedido deve ser feito aos bureaus de crédito, como Serasa, SPC e Boa Vista Serviços. A pessoa pode pedir também o retorno ao cadastro. Os procedimentos podem ser realizados presencialmente ou por meio dos sites dessas empresas.

Os consumidores que se sentirem prejudicados devem procurar seus direitos. Para tanto estão disponíveis o telefone 151, o aplicativo “fale conosco” do site www.procon.ms.gov.br e, agora, um número (9 9158 0088) para WhatsApp, liberado para contatos.

"Big Brother do crédito" tem potencial para injetar R$ 20 bi na economia
Capacidade de pagar as contas tipos de dívidas também estarão constando no cadastro. (Arquivo)

Temor – Nas ruas a população ainda teme o Cadastro compulsório.A opinião geral é que não gostariam de os bancos soubessem tanto da vida financeira dos trabalhadores.

É o caso por exemplo da técnica em enfermagem, Sueli Leon da Silva de 49 anos. "Não deixaria. Ficam [os bancos] querendo saber de tudo. Não gostaria de passar informações sobre minha vida financeira", destacou.

O autônomo Valter Anfitrião de 64 anos disse nunca ter feito conta bancária por não confiar em banco e conta sempre ter "sobrevivido" bem deste jeito. "Nunca mexi com banco".

A servente Silvia Franco, de 52 anos, tem conta em banco "só para receber o salário", enfatiza. Ela diz que também não gosta da ideia de as instituições bancárias terem acesso a todas as informações sobre a vida dela. "Prefiro manter para mim".

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