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Economia

Campo-grandense deve média de R$ 5 mil na praça e total chega a R$ 1,7 bilhão

Valor é referente aos débitos com contas de água, energia, telefone e estabelecimentos comerciais

Caroline Maldonado | 01/11/2021 08:00
Calculadora utilizada para soma de despesas pessoais. (Foto: Kísie Ainoã)
Calculadora utilizada para soma de despesas pessoais. (Foto: Kísie Ainoã)

Cada campo-grandense, cujo nome já foi parar no Serasa, deve uma média de R$ 5 mil. As contas com valor médio de R$ 1,6 mil são de água, energia, gás, cartão de crédito e compras no comércio. Os valores são referentes ao mês de setembro.

Nesse momento, considerado de retomada econômica, a Capital tem 355,8 mil pessoas com mais de 1,1 milhão de dívidas diferentes. Ao todo, bancos e empresas de diversos tipos esperam o pagamento de R$ 1,7 bilhão dos moradores da cidade.

Mato Grosso do Sul não está no ranking dos cinco estados com mais inadimplentes, mas em Campo Grande, cada pessoa com nome no Serasa tem dívida média superior a nacional, que é de R$ 3,9 mil por pessoa. Já o valor médio de cada dívida é de R$ 1,1 mil no País, um pouco menos do que os campo-grandenses devem.

Panorama - Em 2019, os campo-grandenses tinham renda mensal média de três salários mínimos e meio. Na época, 33%, ou seja, 298.624 estavam trabalhando. Com o impacto da pandemia, somente os próximos levantamentos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) vão mostrar a nova realidade, mas os índices de endividamento com cartão de crédito, empréstimos, carnês, financiamentos de veículos e casas, além de despesas de necessidade básica, como energia e água, apontam sérias dificuldades para as famílias.

Dos 360 mil consumidores de água, 12% chegaram em setembro deste ano devendo várias faturas. Nos 18 meses em que a concessionária ficou proibida de cortar o fornecimento por falta de pagamento, muita gente aproveitou para deixar a dívida acumular.

Os 43 mil inadimplentes fizeram com que a concessionária pedisse ao prefeito, Marcos Trad (PSD), que suspendesse o decreto que proibia os cortes, pois já não dava conta de suportar a inadimplência.

Copo com água, item que ficou 18 meses sendo fornecido sob proibição de cortes de fornecimento por atraso, em Campo Grande. (Foto: Caroline Maldonado)
Copo com água, item que ficou 18 meses sendo fornecido sob proibição de cortes de fornecimento por atraso, em Campo Grande. (Foto: Caroline Maldonado)

A maioria priorizou pagar as contas de água, mesmo sabendo que o serviço não seria cortado, mas não teve como evitar outras dívidas.

Superendividados - Desde setembro do ano passado, cresceu mês a mês, o número de pessoas que não têm condições de pagar o que deve, conforme levantamento da PEIC (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor) da CNC (Confederação Nacional do Comércio).

Em setembro de 2020, de um total de 191.451 endividados, 32.619 alegaram que não teriam condições de pagar, o que representa 10%. Em agosto deste ano, esse percentual chegou a 16,2% e só em setembro deste ano, começou a retroceder, ficando em 14%.

A maioria das contas é de cartão de crédito. Do total, 62,4% têm faturas chegando todo mês, enquanto 24,4% devem por meio de carnês de lojas.

A terceira dívida que mais pesa no orçamento é o financiamento de casa, com 14% do total. Carros financiados estão em quarto lugar, com 9%. Depois disso, ainda estão os empréstimos pessoais, com 5% e os consignados, com 4,6%.

Expectativa - Aos poucos, as famílias vão conseguir pagar as contas e a expectativa para médio e longo prazo é positiva, na avaliação do economista Aldo Barrigosse. Além de pagar as contas na medida do possível, a recomendação é diminuir gastos de rotina.

Economista Aldo Barrigosse durante entrevista. (Foto: Marcos Maluf)
Economista Aldo Barrigosse durante entrevista. (Foto: Marcos Maluf)

“Hoje, a gente vê o esmagamento do poder aquisitivo. As famílias tiveram que conseguir dinheiro de uma forma mais cara, que é pegar emprestado. Muitas famílias, que conseguiram sobreviver a esse momento com seus empregos e de forma autônoma, agora estão se adequando à realidade do orçamento. Quem comprava picanha, está comprando coxão mole. É a migração do consumo. Hoje, a melhor forma é pesquisar preços, antes de comprar”.

Não é só isso. A pandemia trouxe também a necessidade das pessoas perceberem a importância de complementos de renda, na opinião do economista. “Agora, é preciso buscar sair do endividamento e também buscar complementação de renda, ser mais empreendedor”.

O décimo terceiro salário também deve marcar esse período de médio e longo prazo de retomada de poder aquisitivo das famílias, podendo ser utilizado para ajudar na quitação de dívidas.

Brasil – Em todo o País, 62,2 milhões de pessoas devem o total de R$ 245,3 bilhões. Na comparação com o mês de agosto, o número de inadimplentes caiu apenas 0,06%. Em contrapartida, o valor total das dívidas subiu 0,34%, atingindo R$ 245,3 bilhões. Em setembro, o Serasa Limpa Nome concedeu mais de R$ 3,2 bilhões em descontos às pessoas que renegociaram as dívidas.

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