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Economia

Coca-cola e soja dobram preço da erva e “assustam” adeptos do tereré

Lidiane Kober | 26/02/2014 16:43
Em mercado tradicional da Capital, o quilo da erva crioula custa R$ 11 e a com sabor sai por R$ 13 (Foto: Cleber Gellio)
Em mercado tradicional da Capital, o quilo da erva crioula custa R$ 11 e a com sabor sai por R$ 13 (Foto: Cleber Gellio)

Em menos de cinco meses, o preço da erva de tereré dobrou de preço e os motivos do aumento viraram até lenda urbana na Capital. A culpa, segundo empresários, seria da Coca-cola e da expansão do cultivo de soja no Estado. Tem gente que acha graça e faz piada das explicações, mas a maioria sente falta de sair do mercado com meio-quilo de erva por R$ 2,50. Hoje, a mesma quantidade custa até R$ 6,98.

Representante comercial, Pricila Berigo, 26 anos, disse que, desde o final do ano passado, passou a comercializar sua marca por R$ 4,50 em vez dos antigos R$ 2,50. “Diz a lenda urbana que a culpa é da Coca-cola”, contou, em tom de brincadeira.

Há seis anos comercializando erva no Mercadão, a empresária Gleici Mara Borges, 40 anos, falou com firmeza que a culpa realmente é da Coca-cola. “Os revendedores contam que a multinacional comprou o Mate-leão e passou a pagar pela erva bruta o mesmo preço que a gente pagava”, disse.

Proprietário da Erva Mate Ouropy, Octayr Corrêa Espindola Júnior confirmou que parte das causas da “explosão” do preço é o fato de a Coca-cola ter comprado a Leão do Brasil. “Passaram a fazer chá gelado para o mundo inteiro e a demanda da erva explodiu”, afirmou. “Só de estoque precisam de 5 milhões de quilos”, completou.

Ao mesmo tempo, de acordo com o empresário, a erva perdeu espaço para a soja em Mato Grosso do Sul. “Há dois anos, o Estado produzia de 3 a 4 milhões de quilos, hoje não chega a 800 mil quilos”, informou. “O sitiante ganhava muito pouco pelo produto e decidiu desmatar para plantar o grão”, explicou.

Desde 2007 no Estado, Renato virou apreciador do tereré e, hoje, não fica sem, apesar do aumento de preço (Foto: Cleber Gellio)
Desde 2007 no Estado, Renato virou apreciador do tereré e, hoje, não fica sem, apesar do aumento de preço (Foto: Cleber Gellio)

Além disso, mais ou menos no mesmo período, autoridades incrementaram a fiscalização em estados produtores, como Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná.

“Mandaram os donos das ervateiras registrar os funcionários, não deixar ninguém dormir no mato e colocar banheiros químicos por lá. Sem condições de atender as regras, eles decidiram disponibilizar ônibus para levar e buscar as equipes e isso também ajudou a encarecer o produto”, acrescentou Octayr.

Assustados – O disparo no preço da erva assustou os “apaixonados” por tereré. “Vixe, subiu demais o valor da erva”, comentou o repositor de mercadorias, Vinicius Antônio Dias, 17 anos. Segundo ele, é tradição em seu bairro reunir os amigos para tomar tereré. “Antes você saia do mercado com meio-quilo por até R$ 2, agora nem a metade do pacote dá para pagar com esse dinheiro”, comentou.

Desde 2007 em Campo Grande, o administrador Renato Galvão, 40 anos, aprendeu a apreciar o tereré. “Deu uma encarecida boa no produto”, observou. “Tá puxado, mas não dá para deixar de tomar, é cultural”, completou.
No Mercadão, o quilo da erva crioula custa R$ 11 e a com sabor sai por R$ 13. Nos supermercados, o meio quilo varia de R$ 4,79 a R$ 6,98.

Crise – Para piorar a situação, o proprietário da Erva Mate Ouropy prevê “crise” de pelo menos cinco anos. “Com o aumento do preço, os produtores se sentiram motivados e resolveram voltar a investir no produto. O problema é que para realizar a primeira poda é necessário esperar cinco anos”, explicou.

Ele ainda aproveitou para criticar quem trata a erva como “mato”. “Essa concepção está errada. Como falei, é preciso esperar cinco anos para fazer a primeira poda, ao contrário, da soja, que no primeiro semestre, já dá para colher”, cutucou.

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