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Economia

Com preço salgado, até acompanhamento do "churras" corre risco no Dia das Mães

Batata é a vilã da vez, com alta de 39,10%, mas comprar o tomate do vinagrete também anda complicado

Cleber Gellio | 07/05/2022 09:08
Picanha saindo do espeto em churrascaria de Campo Grande. (Foto: Paulo Francis)
Picanha saindo do espeto em churrascaria de Campo Grande. (Foto: Paulo Francis)

O almoço de Dias das Mães este ano quase está pela "hora da morte". O preço anda mais salgado do que nunca, mas tem gente que não abre mão, mesmo pagando bem alto pela carne e, principalmente, pelos acompanhamentos, como a tradicional salada de batatas e o vinagrete.

A Capital registrou a maior alta no preço da cesta básica do País (6,24%). Segundo pesquisa do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), a grande vilã do momento é a batata, com alta de 39,10%. Já o tomate do vinagrete e a carne bovina tiveram aumentos de 11,47% e 0,52%, respectivamente.

Em relação às hortaliças, a justificativa dos produtores é que o preço do fertilizante tem aumentado o custo da agricultura, além da demanda internacional que subiu no pós-pandemia.

Batata tipo palito teve reajuste de 15% na última semana. (Foto: Paulo Francis)
Batata tipo palito teve reajuste de 15% na última semana. (Foto: Paulo Francis)

De acordo com a pesquisa do Dieese, o preço médio de venda da batata foi de R$ 7,08, o quilo. Item indispensável na maionese de dona Perolita Colla, 76 anos, que costuma preparar nos almoços em família, quando é elogiada pelos quatro filhos, nove netos e quatro bisnetos. Natural do Rio Grande do Sul, tem por tradição o consumo de carne bovina, no entanto, com os altos preços dos alimentos, tem ‘pisado no freio’. “A gente ainda tem conseguido fazer churrasco, mas com os valores dos alimentos, reduzimos a frequência das reuniões.”

Já a comerciante Adelina da Silva Pereira, 68 anos, tem adotado a estratégia de realizar as compras somente em dias de promoção, quando os mercados reduzem os valores de carnes e legumes. Nesta sexta-feira (6), por exemplo, o quilo da batata em uma rede de supermercados no Bairro Tiradentes o quilo da batata custava R$ 6,49. A carne que Adelina costuma comprar, normalmente, custa R$ 31,90, hoje, estava a R$ 27,95. “A gente planeja as compras nos dias que os produtos estão mais baratos, mas nem sempre conseguimos.”

A comerciante Adelina da Silva Pereira aproveita promoções para economizar. (Foto: Paulo Francis)
A comerciante Adelina da Silva Pereira aproveita promoções para economizar. (Foto: Paulo Francis)

Grande escala – Provavelmente, os aumentos dos produtos alimentícios, em especial, a batata, deverão impactar os segmentos como lanchonetes, bares e restaurantes, que já se preparam para novos reajustes.

Sócio-proprietário da hamburgueria Safari, em Campo Grande, Rafael Petinari, 36 anos, afirma não ter recebido ainda batata com preço novo e que o aumento na matéria-prima, consecutivamente, reflete no valor final do produto.

No entanto, ele afirma que tem se esforçado para manter os valores atuais. “Fazemos um cálculo sobre todos os itens que compõem os custos de produção. A gente tenta segurar ao máximo para não repassar para o cliente. Tanto que nas últimas altas da carne, seguramos e não atualizamos os valores, mas acredito que no próximo mês o cardápio deverá ser reajustado.”

Salada de batatas com maionese é outra vilã em preços. (Foto: Paulo Francis)
Salada de batatas com maionese é outra vilã em preços. (Foto: Paulo Francis)

De acordo com o representante comercial de uma distribuidora de alimentos, Cleber Rodrigues Salviano, 40 anos, há uma semana, a batata palito teve 15% de reajuste e outros produtos, como farinha de trigo e fécula, também subiram pelo menos 10%.

“O que mais atrapalha no caso da batata é a entressafra, que reduz a oferta do produto no mercado e eleva os preços”. Segundo ele, são distribuídas cerca de 56 toneladas de batata congelada na Capital, mas, mesmo com valores elevados, não tem conseguido suprir a necessidade dos compradores. “Nosso maior problema é que falta matéria-prima em várias partes do mundo. Quando faltava no Brasil, comprávamos da Argentina, mas lá também não tem para fornecer.”

No caso da carne, a demanda externa provoca a alta, indo atender os mercados Árabes e da Ásia", diz o economista Eugênio Pavão.

Os motivos - Segundo o economista Eugênio Pavão, parte do mercado é voltado para os grandes centros e exterior. “A alta do preço indica a queda da produção destes alimentos, que seguem para mercados mais atrativos. No caso da carne, a demanda externa provoca a alta, indo atender os mercados Árabes e da Ásia, enquanto que a área plantada da agricultura de alimentos é reduzida, provocando baixa oferta e alta dos preços de tomate, feijão, ovos, etc. Basicamente, é a lei da oferta e demanda.”

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