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Economia

Empresários apostam em outros ramos durante epidemia de coronavírus

Com lojas fechadas ou atuando com menos funcionários, a saída de muitos é inovar e até criar novos produtos e serviços

Lucia Morel | 28/03/2020 14:49
Irmãs criaram kits de atividades infantis com todos os itens necessários à diversão das crianças. (Fotos: arquivos pessoais ou reprodução)
Irmãs criaram kits de atividades infantis com todos os itens necessários à diversão das crianças. (Fotos: arquivos pessoais ou reprodução)


“Quem não tem cão, caça com gato”. A expressão popular conhecida pode ser muito bem aplicada neste momento de crise, tanto na saúde quanto na área financeira.

Com lojas fechadas ou atuando com menos funcionários, a saída de muitos empresários é inovar e até criar novos produtos e serviços para não sucumbirem à falta de dinheiro.

As irmãsTalita da Rosa Carvalho, 33 anos e Thaiany da Rosa de Medeiros, 36 estão sem atuar nas suas áreas específicas devido a epidemia do novo coronavírua. A primeira é psicopedagoga e não está atendendo em seu consultório e Thaiany tem duas lojas de lingerie em Campo Grande, que estão fechadas.

Para não ficarem paradas e ainda promoverem diversão e aprendizado em períodos de quarentena, elas decidiram usar de conhecimentos anteriores como professoras, para criar kits infantis com atividades para serem feitas tanto pelas crianças quando entre eles e seus pais.

“O faturamento é bom, mas não chega nem perto do que faturávamos normalmente. Mas é algo que já ajuda e tivemos bastante procura pelos kits”, cota Talita.

Com a ideia na cabeça e os produtos em mãos, elas começaram a divulgar o negócio para grupos de mães nas redes sociais, aos pais das escolas onde os filhos estudam e na internet, através de plataformas digitais.

Os kits têm diversas atividades, desde colagem, recorte, pintura e já vêm com todos os produtos necessários, desde as tesouras e colas, até tintas e adereços e sementes.

Para Thayane, o retorno financeiro desse novo negócio não é, de longe, próximo ao que costumava receber como proprietária das lojas, mas avalia que é melhor que deixar as contas apertarem ainda mais.

Como empresária, ela afirma que já era hora das lojas reabrirem, uma vez que ela já teve que mandar uma funcionária em experiência embora e dar férias aos demais. “Não tenho caixa para essa paralisação por tanto tempo. São seis famílias que dependem do meu negócio”, relata.

Ela afirma ainda que além de vender os kits, também está reduzindo ao máximo seu próprio salário para “para priorizar o pagamento de fornecedores e funcionários. “Esse novo negócio é um extra, pra não ter que me preocupar tanto no próximo mês”.

Kits contém desde colas e tesouras, até as tintas, fitas e adereços para diversas atividades
Kits contém desde colas e tesouras, até as tintas, fitas e adereços para diversas atividades

Para Talita, é possível que os kits de atividades se transformem em um trabalho duradouro sim e avalia continuar as vendas. “Vou ver como vai ser até o final. Mas se pais continuarem pedindo, vamos avaliar, mas acredito que mesmo que o negócio continue, ele vai permanecer como adicional ao nosso trabalho habitual”.

Quem quiser conhecer o trabalho e fazer pedidos pode acessar o Instagram do Arte em Casa aqui.

FACE SHIELD – Também em família, os irmãos Hayllon Silveira, 30 e Haycson Silveira, 27 mantém há cinco anos indústria de narguilé e de acrílicos em Campo Grande. Com a chegada do novo coronavírus e necessidade de parar as atividades, veio a ideia de fechar uma das fábricas mas usar a outra – de acrílicos – para fabricar máscaras de proteção facial feitas do material. São as chamadas face shields.

Equipamento é produzido diariamente e já é enviado para Corumbá e Belo Horizonte
Equipamento é produzido diariamente e já é enviado para Corumbá e Belo Horizonte

“Paramos na semana passada depois de acompanhar as notícias de outros países e vimos que o isolamento era necessário. Mandamos nossos funcionários pra casa. Mas aí meu irmão teve a ideia de fabricar uma máscara de acrílico e voltamos a trabalhar com menos funcionários e adotando as medidas de segurança”, contou Hayllon.

Até então, a fábrica de acrílicos produzia medalhas, troféus, placas informativas. Mas foi ao ver a necessidade do momento de oferecer produto de proteção aos profissionais de saúde que a ideia surgiu. “O setor foi aceitando. Fazemos 400 máscaras ao dia e além de Campo Grande, estamos enviando para Corumbá e Belo Horizonte”, disse.

O faturamento caiu, mas segundo Hayllon, é melhor que ficar parado e ainda atende uma necessidade urgente e melhor, “não caiu para zero”. “A venda dos outros produtos interrompemos, porque não estão tendo encomendas mesmo, não estão pedindo”, relatou.

Máscaras são fabricadas em impressoras 3D pelo IFMS. (Foto: assessoria)
Máscaras são fabricadas em impressoras 3D pelo IFMS. (Foto: assessoria)

SETOR PÚBLICO - Inovador também nesse sentido é o IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul), que está produzindo o mesmo tipo de produto e alguns outros, com uso de uma impressora 3D.

Segundo o instituto, na Capital, a produção dos dispositivos tem sido feita com materiais da própria unidade, em parceria com a empresa do ramo, Imprima 3D. As primeiras unidades feitas foram entregues ao Corpo de Bombeiros, em Campo Grande e até o momento já foram impressas cerca de 300 peças.

Em Dourados o material também é produzido e pelo menos 60 peças já foram produzidas.

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