Municípios ricos no agronegócio não traduzem PIB em qualidade de vida em MS
Nenhuma cidade avaliada no país superou a pontuação de 0,60

Embora figure entre os maiores PIBs (Produtos Internos Brutos) agropecuários do Brasil, Mato Grosso do Sul não consegue traduzir sua riqueza em bem-estar para a população.
RESUMO
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Municípios de Mato Grosso do Sul com expressiva produção agropecuária apresentam baixos índices de qualidade de vida, segundo pesquisa da Agenda Pública. Das oito cidades mais ricas do setor no estado, nenhuma alcançou índice superior a 0,60 na escala que avalia educação, saúde, infraestrutura, proteção social, desenvolvimento rural e gestão. Ribas do Rio Pardo e Rio Brilhante lideram os indicadores estaduais com índice 0,54, seguidas por Três Lagoas e Costa Rica (0,50). Dourados registrou o pior desempenho em saúde entre os 50 municípios analisados nacionalmente, enquanto Ponta Porã apresentou o segundo menor índice em educação do país, com 0,26.
A pesquisa Agro & Condições de Vida, realizada pela Agenda Pública, mostra que, mesmo com alta produtividade agrícola, os municípios sul-mato-grossenses avaliados apresentam desempenho médio ou baixo nos principais indicadores sociais.
Entre os 50 municípios brasileiros com maiores PIBs agropecuários, 11 estão no Nordeste, três no Sudeste e 31 na região Centro-Oeste.
No Estado, as oito cidades mais ricas do setor agropecuário registraram índices de qualidade de vida inferiores a 0,60, em uma escala que vai de 0 a 1, sendo que valores acima de 0,60 indicam bom desempenho.
Panorama - Ribas do Rio Pardo e Rio Brilhante obtiveram os melhores resultados em Mato Grosso do Sul, ambos com 0,54. Em seguida aparecem Três Lagoas e Costa Rica (0,50), Ponta Porã e Sidrolândia (0,49). Entre os piores resultados estaduais estão Maracaju (0,47) e Dourados (0,43).
No Brasil, o melhor resultado foi o de Cascavel (PR), com 0,57, já o menor desempenho ficou por conta de Correntina (BA), com 0,42.
O Índice Condições de Vida – Município Agro considera seis indicadores: Educação, Saúde, Infraestrutura, Proteção Social, Desenvolvimento Rural e Gestão de Qualidade. Nenhum dos municípios avaliados no país alcançou pontuação acima de 0,60.
Destaques e deficiências - Na Saúde, Rio Brilhante lidera entre os 50 municípios analisados, com índice de 0,85, seguido por Ribas do Rio Pardo, com 0,79. Dourados, por outro lado, apresentou o pior desempenho nacional nesse quesito, com 0,33.
Em Infraestrutura, Costa Rica ocupa a quinta posição no ranking, com índice de 0,68. No indicador de Gestão de Qualidade, Três Lagoas ficou entre os três melhores do Brasil, com 0,63.
Quanto à Proteção Social, Ribas do Rio Pardo alcançou 0,75, indicando bom desempenho na garantia de direitos e no acesso a serviços para a população em situação de vulnerabilidade.
Já o Desenvolvimento Rural foi, em média, o pior indicador entre todos os municípios pesquisados, com média nacional de apenas 0,31. Em Mato Grosso do Sul, a exceção foi Sidrolândia, terceira colocada no país, com 0,41.
A Educação apresentou resultados preocupantes: Ponta Porã registrou o segundo menor índice nacional, com 0,26.
Medidas futuras - De acordo com o diretor executivo da Agenda Pública, Sérgio Andrade, os dados evidenciam a necessidade de um olhar mais atento e de investimentos focados, para que a riqueza gerada pelo agronegócio beneficie de forma mais concreta a população local.
A pesquisa conclui que a gestão pública municipal exerce papel mais determinante no desenvolvimento do que o tamanho da economia ou da população. Para o setor agropecuário, os resultados reforçam a importância de integrar práticas ESG (Ambiental, Social e Governança), com foco no fortalecimento da agricultura familiar, na redução das desigualdades e na promoção de uma governança que impulsione o desenvolvimento sustentável.