Plano federal contra efeitos do tarifaço pode envolver R$ 30 bilhões
Lula estuda liberar crédito e processo de compras públicas para amenizar impactos das tarifas dos EUA

O governo federal prepara um pacote emergencial para conter os impactos do tarifaço imposto pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. A medida deve beneficiar setores fortemente atingidos pela nova alíquota de 50%, como carne bovina, café, frutas, pescados e mel, que são itens relevantes para a balança comercial de Mato Grosso do Sul.
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O governo federal prepara pacote emergencial para minimizar os impactos do aumento de 50% nas tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. O plano inclui R$ 30 bilhões do Fundo de Garantia à Exportação para crédito empresarial e R$ 10 bilhões para renegociação de dívidas rurais. Em Mato Grosso do Sul, o impacto será significativo, principalmente no setor de carnes. O estado exportou US$ 315 milhões para os EUA no primeiro semestre de 2025, sendo 45,2% em carne bovina. Celulose e ferro-gusa, principais produtos da pauta local, não foram afetados pela sobretaxa.
Entre as ações em estudo, estão o uso de até R$ 30 bilhões do FGE (Fundo de Garantia à Exportação) para crédito a empresas, além de um programa de compras públicas e uma linha de financiamento de R$ 10 bilhões para renegociação de dívidas de produtores rurais.
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O pacote está em fase final de elaboração pelos ministérios da Fazenda, Casa Civil e Indústria e Comércio, com expectativa de anúncio no início da próxima semana, segundo apurou o jornal O Globo nesta quinta-feira (7). Uma das exigências para acesso ao crédito será a manutenção dos empregos nas empresas beneficiadas.
Em Mato Grosso do Sul, o tarifaço preocupa setores produtivos. Só no primeiro semestre de 2025, o Estado exportou US$ 315 milhões para os EUA, sendo que a carne bovina respondeu por 45,2% desse total, conforme dados da Fiems (Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul). Além da carne in natura, o novo imposto também atinge sebo bovino, carnes salgadas, carnes desossadas, óleos de origem animal e filés de tilápia.
Por outro lado, dois dos principais produtos da pauta local, a celulose e o ferro-gusa, ficaram de fora da sobretaxa, o que representa um alívio parcial para a economia estadual. Juntos, eles somam 36,6% do que MS vendeu aos Estados Unidos entre janeiro e junho deste ano.
Apesar do cenário adverso, o governo estadual já descartou a criação de um plano próprio para mitigar os efeitos das tarifas. Segundo o secretário Jaime Verruck, de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, a estratégia será acompanhar as ações da União. “Provavelmente o governo federal vai fazer”, afirmou em entrevista ao Campo Grande News, ressaltando que as indústrias locais já estariam redesenhando seus fluxos de exportação, com foco em mercados alternativos como Chile e China.
Enquanto isso, os frigoríficos, principais afetados pela medida, aguardam com expectativa a confirmação das ações prometidas por Brasília. O plano federal também inclui compras públicas em parceria com estados e municípios, o que pode abrir uma nova frente de escoamento interno para produtos perecíveis antes destinados ao mercado norte-americano.
A sobretaxa anunciada por Donald Trump atinge 35,9% das exportações brasileiras aos EUA e representa a maior tarifa já aplicada pelo ex-presidente a um único país. No caso de Mato Grosso do Sul, as medidas que serão anunciadas pelo Palácio do Planalto podem definir o ritmo da recuperação do setor exportador nos próximos meses.
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