Previsto para 2026, leilão da Hidrovia do Rio Paraguai é sondado por 8 empresas
Reuniões de mercado mostram o apetite privado pelo projeto, cujo edital ainda depende de avaliação do TCU
O leilão da Hidrovia do Rio Paraguai, previsto para os primeiros meses de 2026, já desperta o interesse do setor privado. Segundo o secretário nacional de Hidrovias, Dino Antunes, oito empresas entre brasileiras e estrangeiras, participaram do market sounding, processo que visa sondar o mercado antes do anúncio formal da concessão, promovido pelo Ministério de Portos e Aeroportos.
RESUMO
Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!
O leilão da Hidrovia do Rio Paraguai, programado para o início de 2026, já atrai o interesse de oito empresas brasileiras e estrangeiras. O projeto, que representa o primeiro modelo de concessão de hidrovia no Brasil, está em análise no Tribunal de Contas da União desde agosto. A concessão abrangerá 600 quilômetros entre Corumbá e a foz do Rio Apa, com investimentos previstos de R$ 43,2 milhões nos primeiros cinco anos. O contrato terá duração inicial de 20 anos, podendo ser prorrogado até 70 anos. O governo ainda precisa alinhar a operação com Paraguai e Bolívia, que compartilham trechos da hidrovia.
“O processo vai mudar pouco, estamos avaliando apenas algumas questões de alocação de risco, detalhes. Muitas vezes são pontos que não percebemos ou que recebem menor relevância do que a atribuída pelas empresas, e isso nos leva a repensar alguns aspectos. Mas são questões bastante pontuais. De uma forma geral, o market sounding demonstrou que estamos no caminho certo”, afirmou Antunes em entrevista à Agência Infra. O nome das empresas que demonstraram interesse ainda é mantido em sigilo.
- Leia Também
- Pantanal de MS sofre pressão de obras e agronegócio, aponta estudo internacional
- Autoridades chegam de balsa ao lado paraguaio de ponte da Rota Bioceânica
As sugestões apresentadas pelos investidores durante as reuniões serão encaminhadas ao TCU (Tribunal de Contas da União), onde o projeto já está em análise desde meados de agosto. Apesar das contribuições, o secretário ressalta que não devem ocorrer grandes alterações no edital, cuja publicação o governo tenta viabilizar ainda neste ano.
O governo também precisa alinhar a operação com Paraguai e Bolívia, que reivindicam autorização para que o empreendimento avance em seus territórios. O trecho compartilhado com o Paraguai corresponde a 300 quilômetros e o da Bolívia a cerca de 50 quilômetros.
“A gente já trabalhava com a hipótese, mas não com a certeza da necessidade de algum tipo de aprovação por parte desses países, e cada um tem sua especificidade e sua legislação. No caso do Paraguai, por exemplo, qualquer concessão precisa ser aprovada pelo Congresso. Mas é um processo muito mais simples do que aqui no Brasil”, explicou Antunes.
O projeto representa o primeiro modelo de concessão de hidrovia no Brasil, com objetivo de gerar previsibilidade no transporte de grandes cargas e agilizar serviços essenciais, como dragagem de manutenção, sinalização do canal e transporte noturno seguro. A concessão abrange o Tramo Sul do Rio Paraguai, com extensão de 600 quilômetros, entre Corumbá e a foz do Rio Apa, na fronteira com o Paraguai. O contrato terá prazo inicial de 20 anos, com possibilidade de prorrogações sucessivas até o limite de 70 anos, e previsão de investimentos de R$ 43,2 milhões até o quinto ano de operação.
Embora a concessão do Rio Madeira estivesse inicialmente prevista para ser a primeira, o governo decidiu estrear o modelo com o Rio Paraguai, após atrasos burocráticos e resistência política no Norte do país.
“Muitas vezes há pressão para que o processo avance mais rápido, mas estamos falando de projetos de 15 ou 20 anos, dependendo do caso. A ideia é que, após esses 15 anos, venham outros 15, e depois mais 15, ou seja, é um modelo de longuíssimo prazo. Por isso, mesmo que haja um atraso de um mês ou outro, o mais importante é garantir uma construção bem feita. Dito isso, ainda é possível que o edital seja publicado este ano, dependendo, claro, das interlocuções e das conversas que ainda precisamos ter com o TCU”, disse Antunes.
O certame feito por fases. A Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) sugere que a primeira etapa da disputa impeça a participação da LHG Mining, principal usuária da hidrovia, controlada pelo grupo J&F, que responde por cerca de 80% das operações no trecho. Caso não haja interessados nessa primeira fase, a empresa poderá apresentar oferta na etapa seguinte. Segundo Antunes, a decisão da Antaq foi mantida pelo MPor para garantir concorrência no leilão.
A Hidrovias do Brasil, empresa com maior atuação na hidrovia do Rio Paraguai-Paraná, também atua ao lado de companhias menores brasileiras e paraguaias. A LHG, que transporta cerca de três milhões de toneladas por ano, adquiriu recentemente 400 barcaças e 21 empurradores, aumentando sua participação, que pode chegar a 75% do total da carga transportada na hidrovia.