Senadores buscam apoio de megaempresários nos EUA para barrar tarifaço
“Foi sugerido um manifesto, uma carta pedindo que essa medida seja adiada", disse Nelsinho em coletiva nos EUA

Em missão diplomática nos Estados Unidos, comitiva de senadores brasileiros ainda não teve contato direto com representantes do governo Trump, mas tenta convencer lideranças do setor privado norte-americano a pressionar pela suspensão do tarifaço de 50% sobre produtos importados do Brasil. A taxação está prevista para entrar em vigor na próxima sexta-feira, 1º de agosto.
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Senadores brasileiros buscam apoio de empresas americanas para barrar tarifa de 50% sobre aço. Comitiva liderada por Nelsinho Trad se reuniu com gigantes como Cargill e ExxonMobil para discutir manifesto contra a medida. Parlamentares propõem adiamento da tarifa, que entra em vigor na sexta-feira, para dar previsibilidade ao setor produtivo. Grupo também sugere canal direto de diálogo entre presidentes Lula e Biden. Missão inclui ex-ministros Tereza Cristina e Marcos Pontes, além do líder do governo no Senado, Jaques Wagner. Senadores reconhecem dificuldades, mas mantêm otimismo. Iniciativa ocorre em paralelo a manifestação da Câmara de Comércio dos EUA e Amcham Brasil contra a tarifa.
Participaram da reunião companhias de peso como Cargill, ExxonMobil, IBM, Johnson & Johnson, Shell USA, The Dow Chemical Company, Merck e outras, representando setores estratégicos como energia, farmacêutico, siderurgia, logística, tecnologia e agronegócio.
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O grupo é liderado pelo senador Nelsinho Trad (PSD), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, e se reuniu nesta segunda-feira (28) com representantes de grandes empresas e da Câmara de Comércio dos EUA, em Washington.
A principal proposta debatida no encontro foi a elaboração de um manifesto, assinado pelo setor empresarial americano, pedindo o adiamento da medida, considerada prejudicial tanto ao Brasil quanto à economia norte-americana.
“Foi sugerido um manifesto, uma carta pedindo que essa medida seja adiada, principalmente porque o setor produtivo precisa de previsibilidade para se adaptar, especialmente no caso de mercadorias perecíveis”, afirmou Trad em coletiva à imprensa dos EUA e correspondentes brasileiros.
O senador Carlos Viana (Podemos-MG) declarou que também foi sugerido um canal direto de diálogo entre os presidentes Lula e Trump, seja por telefone ou em reunião presencial. A proposta teria sido bem recebida por interlocutores da Câmara de Comércio.
Apesar dos esforços, os próprios parlamentares reconhecem que as chances de sucesso são limitadas. “Sabemos que é difícil, mas o ‘não’ nós já temos. Vamos correr atrás do ‘sim’”, disse Nelsinho Trad.
A missão é composta por oito senadores, entre eles os ex-ministros Tereza Cristina (PP-MS) e Marcos Pontes (PL-SP), além do líder do governo Lula no Senado, Jaques Wagner (PT-BA). O grupo também teve agenda na Embaixada do Brasil e encontros com representantes do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).
Para esta terça-feira (29), estão previstas reuniões com parlamentares norte-americanos, de ambos os partidos. Os nomes, no entanto, não foram divulgados. Trad justificou a cautela como forma de evitar pressões externas ou cancelamentos de última hora.
A iniciativa parlamentar ocorre em paralelo a uma manifestação já publicada pela Câmara de Comércio dos EUA e pela Amcham Brasil em 15 de julho, alertando que a tarifa de 50% afetaria diretamente 6.500 pequenas empresas nos EUA e poderia elevar custos para consumidores, prejudicando setores estratégicos da economia americana.
Entre os bastidores, há também tensão política. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) tem criticado a comitiva e, segundo aliados, estaria tentando minar a agenda dos senadores. Trad, no entanto, evitou polemizar. “Não viemos aqui para bater boca, mas para azeitar uma relação que esfriou”, afirmou.