Missão do Senado para discutir tarifaço faz 1ª reunião em casa de embaixadora
Primeira agenda oficial ocorreu hoje (28) de manhã, na residência da diplomata brasileira Maria Luiza Viotti

A missão oficial do Senado aos Estados Unidos começou nesta segunda-feira (28) com um café da manhã na residência da embaixadora Maria Luiza Viotti, em Washington. A reunião marcou a primeira agenda institucional da Comissão de Relações Exteriores, presidida pelo senador Nelson Trad Filho (PSD‑MS), e contou com a presença da senadora Tereza Cristina (PP‑MS) e outros seis parlamentares brasileiros.
RESUMO
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Uma missão do Senado brasileiro iniciou conversas em Washington para discutir as sobretaxas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. A comitiva, liderada pelo senador Nelsinho Trad (PSD-MS), reuniu-se com a embaixadora Maria Luiza Viotti para alinhar estratégias. O objetivo é distensionar a relação bilateral e buscar soluções para o que o senador chamou de "tarifaço". A embaixadora Viotti relatou que as negociações começaram em março, mas foram surpreendidas pelo anúncio de novas tarifas em julho. Ações judiciais questionando a legalidade das sobretaxas estão em andamento nos EUA. A missão brasileira inclui reuniões com congressistas americanos e líderes empresariais, buscando apoio para reverter as medidas. O ex-diretor da OMC, Roberto Azevêdo, presente na comitiva, vê o momento como uma oportunidade estratégica para o Brasil repensar suas relações comerciais com os EUA.
O encontro teve como objetivo alinhar estratégias diante das tarifas adicionais impostas pelo governo estadunidense a produtos brasileiros. Segundo Nelsinho Trad, a missão tem como propósito “distensionar” as relações. “O Brasil quer construir, não confrontar. Estamos aqui para preservar uma relação de 200 anos que é sólida e mutuamente vantajosa.”
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Participaram da reunião senadores, representantes do Itamaraty, ministros da embaixada e o ex-diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), Roberto Azevêdo.

Durante a reunião, a embaixadora Viotti relatou que as tratativas com os Estados Unidos começaram em março, com videoconferência entre o vice-presidente do Brasil e o representante comercial estadunidense, Jamieson Greer, resultando na criação de um grupo técnico bilateral. Segundo ela, o Brasil apresentou dados que desmontam a imagem de protecionismo, já que a média efetiva das tarifas brasileiras é de apenas 2,7%.
Apesar do diálogo, em 9 de julho o presidente Donald Trump (Republicano) anunciou uma tarifa extra de 50% sobre produtos brasileiros. “Foi com grande surpresa que recebemos a carta. O diálogo vinha fluindo, nossas considerações estavam sendo levadas em conta. Ainda assim, seguimos à disposição para dialogar”, afirmou Viotti.
A embaixadora também destacou que há ações judiciais nos EUA questionando a legalidade das sobretaxas, incluindo um processo movido pela Johana Foods, importadora de suco de laranja do Brasil, que precisa de decisão até 1º de agosto.
Outra ação, mais ampla, conta com apoio de parlamentares e empresas e pode criar um precedente mais robusto. “Sempre há recurso”, alertou Viotti, lembrando que até decisões favoráveis podem ser suspensas por apelação da defesa estadunidense.
Para Roberto Azevêdo, o momento deve ser aproveitado como uma janela estratégica. “O que está acontecendo agora está forçando o governo, o empresariado e a sociedade brasileira a repensarem como fazer negócios e como se aproximar mais dos Estados Unidos. Não podemos desperdiçar essa mobilização”, afirmou.

Reunião com congressistas - Além de Nelsinho Trad e Tereza Cristina, integram a missão os senadores Jaques Wagner (PT‑BA), Fernando Farias (MDB‑AL), Marcos Pontes (PL‑SP), Esperidião Amin (PP‑SC), Rogério Carvalho (PT‑SE) e Carlos Viana (Podemos‑MG).
A programação segue até quarta-feira (30), com reuniões no Congresso estadunidense e encontros com lideranças empresariais e institucionais ligadas ao Brazil-U.S. Business Council e Americas Society/Council of the Americas.
Segundo Trad, não há previsão de encontros com representantes do governo estadunidense. No entanto, reforça que os encontros com congressistas estadunidenses são estratégicos e acontecerão amanhã (29).
“A nossa missão tem um intuito principal, que é distensionar a relação entre o Brasil e os Estados Unidos com a nossa contraparte parlamentar”, disse à imprensa brasileira em Washington, antes da reunião de hoje. “A partir do momento que a gente conquistar isso, penso que a missão já terá cumprido seu primeiro objetivo no sentido de proporcionar ambiente e caminho para que quem tem a prerrogativa de negociar, que não somos nós, mas sim o governo federal, possa assim fazer”, complementou o senador de MS.
Ele também apontou que são aguardados seis parlamentares dos EUA para a reunião, mas os nomes ainda não serão divulgados. “Nós já temos seis parlamentares confirmados. Com a proximidade dela, alguns outros já estão entrando em contato, e a gente está aguardando, até em função de uma estratégia, para que essa informação não gere nenhum tipo de interferência que possa inibir ou cancelar qualquer agenda previamente marcada”, diz Trad.
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