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Educação e Tecnologia

Maioria aprova investimento em ciência, mas 90% não conhece nenhum cientista

Em estudo apresentado na SBPC, maioria dos entrevistados não lembra ou não sabe o nome de nenhum cientista brasileiro

Tainá Jara e Jones Mário | 22/07/2019 16:51
UFMS sedia a 71° reunião da SBPC, maior encontro do ciência da América Latina, realizado desde ontem em Campo Grande. Programação conta com mais de 200 atividades, além de apresentação de experimentos (Foto: Kisie Ainoã)
UFMS sedia a 71° reunião da SBPC, maior encontro do ciência da América Latina, realizado desde ontem em Campo Grande. Programação conta com mais de 200 atividades, além de apresentação de experimentos (Foto: Kisie Ainoã)

A fé na ciência não está tão em baixa assim. Estudo desenvolvido pelo CGEE (Centro de Gestão de Estudos Estratégicos), ligado ao MCTIC (Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações), mostra o contrário. Conforme o levantamento, 90% dos entrevistados desejam aumentar ou manter o investimento em ciência e tecnologia. Por outro lado e com índice idêntico, 90% não lembraram do nome de nenhum cientista brasileiro.

Aprovação quanto aos investimentos na área, foi constatada com a aplicação da seguinte pergunta: “Sabendo que tem poucos recursos, você desejaria aumentar ou manter os investimentos na área?”. Da maioria que deu “sim” para o questionamento, 66% aprovou o aumento de recursos em ciência e tecnologia e 24% falou em manter o mesmo investimento.

A maioria dos entrevistados, 73%, também concordaram que a área de ciência e tecnologia é benéfica ou mais benéfica que maléfica para o desenvolvimento da humanidade.

Para o presidente da SBPC (Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência), Ildeu de Castro Moreira, o dado precisa ser utilizado para cobrar mais investimentos no setor. "A gente vê pela pesquisa que a confiança do brasileiro na ciência e tecnologia é alta. Mas isto não se reflete em altos escalões do governo. É preciso que esse levantamento seja levado às assembleia e às câmaras legislativas”.

Conforme os técnicos responsáveis pela pesquisa, o dado é um sinal de que não existe movimento anticiência no País ou que, se existe, é muito pouco representado. Grupos terraplanistas têm ganhado notoriedade com concepção há muito considera ultrapassada pela ciência, colocando em xeque o fato da terra ser redonda, por exemplo.

O reitor Marcelo Turine participou da apresentação dos dados junto com representantes do CGEE, MCTIC e SBPC (Foto: Kisie Ainoã)
O reitor Marcelo Turine participou da apresentação dos dados junto com representantes do CGEE, MCTIC e SBPC (Foto: Kisie Ainoã)

Desconhecimento - Apesar de considerar a importância, os entrevistados pouco mostraram conhecer sobre ciência. Dos entrevistados, 90% afirmaram não lembrar ou não saber falar o nome de nenhum cientista brasileiro. Apenas, 7% soube falar o nome de alguém, sendo que destes, 45% lembraram o atual ministro da Ciência, o astronauta Marcos Pontes. O levantamento mostrou ainda que 41% dos entrevistados têm uma visão histórica do cientista como alguém inteligente e superdotado.

Para o presidente do SBPC, o recado dado pelos números relativos ao desconhecimento em relação aos cientistas mostra a necessidade de pensar programas para divulgação da ciência nas escolas brasileiras “Não existe um livro na educação básica que conte a história da ciência produzida no Brasil”.

O secretário de Pesquisa do MCTIC, Marcelo Marcos Morales, afirma que a pesquisa é importante para saber o que a sociedade pensa sobre o assunto. “Quem foi entrevistado pode até não saber que o cientista faz, mas sabe que é importante”. Segundo ele, o fato do ministro Marcos Pontes aparecer como um dos mais conhecidos cientistas brasileiros ajuda na divulgação das pesquisas e, até mesmo, na popularização da ciência.

Os questionamentos foram feitos para 2,2 mil entrevistados. A pesquisa considerou aspectos como gênero, escolaridade, renda e idade. A Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2015 foi utilizada como cálculo amostral. Os dados foram apresentados na tarde desta segunda-feira, na 71ª reunião anual da SBPC, realiza desde ontem em Campo Grande.

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