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Em 1975, frio foi de lascar e Capital enfrentou -2,4ºC, lembram leitores

Você se lembra onde estava no frio de 1975? Campo Grande teve temperatura negativa e marcou gerações

Paula Maciulevicius Brasil | 01/07/2021 07:03
Frio de agora quase chega perto dos -2 graus que os termômetros da Capital chegaram a marcar em 1975. (Foto: Henrique Kawaminami)
Frio de agora quase chega perto dos -2 graus que os termômetros da Capital chegaram a marcar em 1975. (Foto: Henrique Kawaminami)

Quando você se lembra de ter enfrentado frio como este? Para muita gente, a resposta está há 46 anos, mais precisamente em julho de 1975. Aposentada, Elza Hildebrand Franco, tem 73 anos, e se lembra como se fosse hoje daquele inverno tenebroso.

A noite que mais ficou marcada foi quando ela e uma tia voltavam de São Paulo, de ônibus e pegaram as baixíssimas temperaturas durante a viagem. "Quandoa  gente passou Bataguassu, já era madrugada, e você olhava os pés de banana tudo caindo pela geada. Eu nunca tinha visto outro frio igual", recorda.

Ela e a tia vendiam roupa na Capital e buscavam a mercadoria em São Paulo. O ônibus tinha saído às 4h da tarde e chegava de manhã cedinho em Campo Grande. "Viemos eu e a tia Amália com um cobertorzinho, abraçadas. Nos enrolamos nele e nos abraçamos. Naquele tempo não tinha ar, era aquela janela de vidro e pegava aquele vento. Nos abraços para aguentar o frio. Eu nunca passei outra vez por uma geada daquela", conta.

Cristina Medeiros não tem fotos do frio que passou em 1975, mas guarda na lembrança a friaca enfrentada mas coberturas do Festival América do Sul, em Corumbá. Na imagem, toca e pala foram compradas às pressas, ali mesmo, para fugir do frio. (Foto: Arquivo Pessoal)
Cristina Medeiros não tem fotos do frio que passou em 1975, mas guarda na lembrança a friaca enfrentada mas coberturas do Festival América do Sul, em Corumbá. Na imagem, toca e pala foram compradas às pressas, ali mesmo, para fugir do frio. (Foto: Arquivo Pessoal)

Também foi em julho de 1975 que a jornalista Cristina Medeiros, hoje com 65 anos, se recorda do frio que nunca imaginou passar em Campo Grande. À época, ela tinha 19 anos e morava em São Paulo capital e tinha vindo para cá passar as férias na casa da irmã.

"Cheguei aqui nas férias de julgo e nas esquadrias da janela do apartamento da minha irmã havia uma camada branca, a neblina forte, um frio do caramba", narra.

Cristina usou cobertor feito de lã de carneiro que a família havia ganhado de presente. "Eu nunca imaginei pegar um frio daqueles aqui e, claro, tive que comprar casaco mais reforçado, meias... À tarde a gente tomava chá ou chocolate quente para esquentar", diz.

Anos mais tarde, Cristina se mudou para Mato Grosso do Sul, já casada e com filhos. Na atividade profissional, viveu outro episódio de frio que ficaram guardados nas fotografias, quando ainda existia o Festival América do Sul, em Corumbá.

Meteorologia confirma o que população relata, frio daquele ano foi mais intenso vivido até agora. (Foto: Henrique Kawaminami)
Meteorologia confirma o que população relata, frio daquele ano foi mais intenso vivido até agora. (Foto: Henrique Kawaminami)

Fonte de toda matéria de tempo, o meteorologista Natálio Abrahão, de 74 anos, volta no tempo para confirmar o que o Campo Grande News apurou pelas histórias. Em julho de 1975 foi mesmo o maior frio enfrentado na Capital e no Estado.

"Dia 6 de julho de 1975 a temperatura aqui em Campo Grande chegou a 2,4 graus negativos. Em Ponta Porã, a 4 graus negativos. Depois disso, foi o dia que teve uma geada em Campo Grande, o dia inteiro, o gelo da grama só foi derreter no fim da tarde.

Isso vem à memória de Natálio não só pelo conhecimento em meteorologia, como ele mesmo explica. "É difícil de esquecer, porque são dois eventos que a gente tem na cabeça. Este e em 2013, que Campo Grande chegou a 2 graus abaixo de zero, e Amambai, Maracaju e Rio Brilhante a 2,6 abaixo de zero", conta.

Sônia com o filho recém-nascido ainda na maternidade. Na memória dela, frio de verdade foi aquele de junho de 1988. (Foto: Arquivo Pessoal)
Sônia com o filho recém-nascido ainda na maternidade. Na memória dela, frio de verdade foi aquele de junho de 1988. (Foto: Arquivo Pessoal)

Mas antes de chegar em 2013, vamos fazer uma pausa em junho de 1988. O frio que a instrumentadora cirúrgica Sonia Beia, de 59 anos, relata ter passado era daqueles de "cortar".

As baixas temperaturas marcaram Sonia porque ela havia acabado de ganhar bebê. "Tive meu filho dia 20 de junho de 88, o frio era tão grande, tão grande. Eu morava na Moreninha, era aquele frio com neblina. Não esqueço, porque quando cheguei do hospital, teve aquele frio horroroso, abaixo de zero grau mesmo", recorda.

A foto ainda é de Sonia e o bebê na maternidade. "Hoje dizem que está frio, eu até falo: 'ok, está frio', mas não chega aos pés daquele frio lá, que cortava a gente. Eu nunca mais vi um frio daquele", descreve.

Oito anos atrás, a foto que está no Instagram da advogada Ellen Braga, de 35 anos, é de um frio terrível. Ela nunca mais se esqueceu do frio que sentiu em julho de 2013, quando a baixa temperatura até dor no corpo provocava.

Hoje advogada, Ellen se lembra do frio de doer de 2013, quando ela ia para o estágio toda encapotada. (Foto: Arquivo Pessoal)
Hoje advogada, Ellen se lembra do frio de doer de 2013, quando ela ia para o estágio toda encapotada. (Foto: Arquivo Pessoal)

"Eu lembro porque foi o meu primeiro ano de estágio no TRT (Tribunal Regional do Trabalho) e eu tinha que ir morrendo de dor por causa do frio, vestindo milhões de casacos. Foi muito frio, uma semana de frio lascado mesmo", recorda. A imagem está aí para provar, Ellen toda encapotada.

Na enquete de quarta-feira, o Campo Grande News perguntou aos leitores "Quando você se lembra de ter enfrentado frio como este?". As opções de respostas eram: há cinco anos, 10 anos e 20 anos ou mais.

A alternativa com mais marcações foi que o último frio tão intenso aconteceu há 10 anos, pelo menos é o que dizem 40% dos leitores (confira abaixo o resultado).

Resultado da enquete de quarta-feira (Foto: Reprodução)
Resultado da enquete de quarta-feira (Foto: Reprodução)


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