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Esportes

Futebol feminino até empolga torcida, mas está longe de deslanchar em MS

Torcedores exaltam garra das jogadoras do Operário e apontam o que ainda trava o crescimento da modalidade

Por Jhefferson Gamarra e Clara Farias | 18/05/2025 16:45
Futebol feminino até empolga torcida, mas está longe de deslanchar em MS
Enquanto bola rola em campo, torcedor solitário apoia o time (Foto: Osmar Veiga)

O domingo (18) foi de jogo decisivo no Estádio Jacques da Luz, em Campo Grande. O Operário, único representante de Mato Grosso do Sul na Série A3 do Campeonato Brasileiro Feminino, enfrenta o Galvez-AC no primeiro confronto das oitavas de final da competição. Mas, mais do que os 90 minutos de bola rolando, o que chamou atenção foi a presença e o envolvimento de torcedores que foram além do papel de espectadores e refletiram sobre o cenário atual do futebol feminino.

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Torcedores do Operário Feminino, em Campo Grande, demonstram entusiasmo e frustração com o futebol feminino em MS. Apesar da campanha inédita do time na Série A3 do Brasileiro, a falta de apoio e investimento preocupa os torcedores. Eles cobram mais incentivo de autoridades locais e visibilidade para a modalidade. A paixão pelo time e a inspiração que as jogadoras representam para jovens atletas, como Rainy, de 14 anos, mostram o potencial do futebol feminino. A presença de famílias nos jogos indica um crescimento do interesse, mas a falta de divulgação e investimentos ainda impede o desenvolvimento da modalidade no estado. Torcedores acreditam que com mais apoio, o futebol feminino pode alcançar o sucesso merecido.

Entre aplausos, gritos de incentivo e camisas do Galo espalhadas nas arquibancadas, muitos demonstraram orgulho da campanha inédita do time na competição, mas também demonstraram frustração com os obstáculos que ainda impedem o futebol feminino de deslanchar de vez.

Futebol feminino até empolga torcida, mas está longe de deslanchar em MS
Dona de casa Liciqueila Cabianca lamenta a falta de apoio para o futebol feminino em MS (Foto: Osmar Veiga)

A dona de casa Liciqueila Cabianca, de 45 anos, foi ao estádio movida por admiração, que começou com o time masculino do Operário. “Olha, cara, a garra e a força que essas meninas têm. É grande, é bonito. A gente já é torcedor do masculino, né? Mas das meninas também a gente tá acompanhando firme e forte. Elas têm futuro pra ir muito mais além”, destacou, emocionada.

Para ela, o maior problema é a falta de incentivo das autoridades locais. “Nosso estado ainda tá fraco pra um campeonato grande feminino. Eu acho que deveria ter mais ajuda dos governantes, sabe? A prefeitura tinha que incentivar mais as nossas meninas, porque elas têm chance de ir muito longe. Assim como é para os meninos, as meninas também são merecedoras. Elas estão mostrando isso. Estão dando orgulho pra nós, torcedores. Eu acho que os governantes deviam dar uma força”, observou a torcedora.

Futebol feminino até empolga torcida, mas está longe de deslanchar em MS
Celso Mendes, pedreiro e conselheiro do Operário sempre acompanha  o futebol feminino (Foto: Osmar Veiga)

Celso Mendes, pedreiro de 53 anos, acompanha o futebol feminino há mais tempo e afirma que está sempre presente nos jogos. “Eu venho em todos. Apoio profissional e acompanho o Operário há muitos anos”, disse com orgulho.

Ao ser questionado sobre o que falta para o futebol feminino crescer, foi direto: “Investimento. Tem que investir aqui no feminino, no masculino, no nosso futebol em geral.”

Celso reconhece que a modalidade ainda é pouco valorizada em Campo Grande, mas acredita que o cenário pode mudar. “Bem pouco valorizado, mas devagarzinho a gente vai conseguir chegar lá. O Operário está com bons profissionais, inclusive no feminino. O técnico é muito bom, o César Fuscão, e vai colocar a gente numa chave boa. Vamos subir.”

Futebol feminino até empolga torcida, mas está longe de deslanchar em MS
Harlen Penha, 32 anos, foi acompanhado da família ao estádio (Foto: Osmar Veiga)

Já o operador de máquinas Harlen Penha, 32 anos, começou a frequentar os jogos há poucos meses. E o motivo é especial: sua filha Rainy, de 14 anos, estudante, que se apaixonou pelo futebol feminino ao ver o time jogar. “Comecei a acompanhar há alguns meses. A gente não tinha muito conhecimento do futebol feminino, né, porque é pouco divulgado. Aí quando apareceu na TV, eu vim pra cá assistir e apoiar. Moro lá no Guarandi, vim de longe, e trouxe minha filha e a minha mãe. A minha menina gosta de futebol, acompanha as meninas do Operário, e foi ela quem me chamou para vir.”

Para Harlen, a falta de visibilidade é o maior entrave. “O time das meninas é bom, estão toda hora pressionando o adversário, jogando bem. Só que não tem divulgação mesmo. Mesmo com entrada gratuita, a gente vê pouco apoio da torcida. Acho que se fosse um pouco mais divulgado, ia ter mais gente aqui.”

Futebol feminino até empolga torcida, mas está longe de deslanchar em MS
Rainy faz questão de assistir as meninas do Galo e se inspira nas atletas para se tornar jogador (Foto: Osmar Veiga)

Rainy, que hoje sonha em seguir carreira no futebol, comentou a importância da representatividade e do acesso. “Faz uns cinco meses que eu venho acompanhando as meninas do Operário. Acho bem legal assistir as mulheres jogando. É uma inspiração. Meu sonho é me tornar uma jogadora de futebol de campo também”, contou.

A presença de famílias na arquibancada também mostra que, aos poucos, o futebol feminino começa a ocupar seu espaço. As falas dos torcedores convergem em um ponto: o futebol feminino ainda não recebe o apoio institucional necessário. Seja em relação a investimentos, infraestrutura, calendário de competições ou cobertura da mídia, as barreiras enfrentadas pelas atletas são muitas.

No campo, o Operário continua fazendo história e inspira meninas como Rainy. Fora dele, a torcida clama por mais espaço, mais respeito e mais oportunidades para que o futebol feminino cresça e se consolide como parte essencial do esporte brasileiro. Enquanto a bola rola no mata-mata do Brasileirão A3, a paixão nas arquibancadas mostra que o público existe.

Futebol feminino até empolga torcida, mas está longe de deslanchar em MS
Mesmo com entrada gratuita poucas pessoas acompanhavam o futebol feminino no Jacques da Luz (Foto Osmar Veiga)


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