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Arquitetura

Espiritualidade de Eva fez surgir "casa encantada" no meio de Campo Grande

Pedagoga e terapeuta holística, a fé guia os dias e a profissão da moradora do Rita Vieira

Thaís Pimenta | 01/06/2018 07:55
Eva e um de seus gatinhos, que diz ser a segunda encarnação dele com ela. (Foto: Paulo Francis)
Eva e um de seus gatinhos, que diz ser a segunda encarnação dele com ela. (Foto: Paulo Francis)

Sabe aquelas pessoas excêntricas, de costumes diferentes da maioria, que vivem um estilo de vida sem arredar o pé daquilo que acreditam? A mestra em pedagogia e terapeuta holística Eva Regina Laurentino é uma delas, intensa na espiritualidade.

De cara, a figura dela deixa claro a irreverência. A aparência remete à de uma simpática bruxinha, pequena, com os cabelos escuros, cacheados, unhas pintadas nas cores roxo e dourado, um vestidinho roxo e uma bota. A voz doce e o carisma são características da senhora de 56 anos, mãe de três filhas e de dois gatos!

Ao entrar na casa, se ainda haviam dúvidas de sua excentricidade, a decoração do espaço comprova que trata-se de uma pessoa diferente. As paredes da parte externa do lar, que divide com seu parceiro, Paulo, são coloridas em tons de lilás e verde discretos. Essas mesmas tonalidades, junto ao rosa, e à flores desenhadas na manta do sofá, nos quadros, compõe a área interna, distribuídas nos móveis, nos objetos decorativos e até mesmo nas louças da cozinha.

Eva justifica o porquê dos tons. "O roxo, e toda gama violeta, são cores da espiritualidade, do chakra corolário, da elevação, da transmutação. Como nossa casa é nosso segundo templo, depois do corpo, então eu gosto de me sentir no meu templo. Os rosas também remetem ao amor nas duas esferas, física e espiritual, coração e emoção, além de eu achar lindo e amar nesses tons profundos. Apesar do que alguns diriam eu acho leve e harmoniosa e todas as pessoas que aqui vem amam".

Ela completa: "Na cozinha também uso os tons violeta, porém intercalei com o verde para dar um pouco de fome de pão, e não só a fome espiritual, afinal precisamos de alimentos para o corpo.  Como não gosto e não acho que combine o laranja ou amarelo, então uso o verde, cor da bílis e logo também cor da digestão. O verde ajuda a dar fome e digerir, porém não tanta fome como o laranja e amarelo ou até vermelho muito usados em restaurantes".

Eva em um dos altares da clínica no fundo de sua casinha. (Foto: Paulo Francis)
Eva em um dos altares da clínica no fundo de sua casinha. (Foto: Paulo Francis)

Para alguns isso pode soar como papo de doido, mas Eva não trabalha com achismos. Desde quando tinha 15 anos, ela se interessa pela espiritualidade num contexto geral, mas com seus 30 anos decidiu aprofundar-se no tema. Foi quando ela largou a pedagogia para trabalhar com radiestesia, barra acess e apometria.

"Eu sou terapeuta holística, uma profissão regulamentada. O que eu aplico hoje nas terapias são fruto de estudos, de cursos, dos quais já participei". Eva Regina também é escritora e tem um livro publicado, o "Uma Janela para o Céu", além do "Sexo Sagrado", que ela confirma que não tem intenção de publicar por enquanto.

Sua clínica fica nos fundos de sua casa, no mesmo terreno, e pra quem gosta de objetos holísticos, entrar ali é encantador. Pedras de todos os tipos e tamanhos enchem o ambiente de energia. Os pêndulos usados durante a radiestesia são, em maioria, feitos nesse material. Dois altares indicam a devoção de Eva à sua fé - uma religiosidade que não tem nome nem igreja.

A terapeuta adora a Jesus Cristo, à santas católicas, como Maria, mas num âmbito mais extenso, no qual Nossa Senhora representa a força da mulher que gere e, que ao mesmo tempo, tem o poder de matar. Ela também traz imagens de deusas indianas em seus dois altares. 

A força dos quatro elementos da Terra ficam representados no incenso, pela vela, pelas pedras terrosas e pela água disposta em um cálice. Gnóstica, Eva costuma meditar diariamente ali, depois de se conectar com o divino.

O jardim, repleto de mamoeiros plantados por ela por meio do lixo orgânico depositado ali.  (Foto: Paulo Francis)
O jardim, repleto de mamoeiros plantados por ela por meio do lixo orgânico depositado ali. (Foto: Paulo Francis)
A casinha dos gnomos saiu da chácara e foi pra sua casa.  (Foto: Paulo Francis)
A casinha dos gnomos saiu da chácara e foi pra sua casa. (Foto: Paulo Francis)

A ligação com o verde vem do passado. Antes de se instalar na casa, no Rita Vieira, Eva morava em uma chácara. "Foi muito difícil conseguir me sentir bem aqui. Lá eu tinha espaço, tinha minhas plantas, aquela calma de morar em um local distante", desabafa.

Para transformar a casa na cidade em seu lar doce lar, ela montou um belo de um jardim, com mamoeiros por todos os cantos. Ela, que adora a fruta, acha ótimo, e continua a depositar todo o lixo orgânico ali!

As criaturas místicas com a qual Eva tinha contato direto na chácara ainda não apareceram pra ela na casa, mas as três casinhas dos gnomos foram transferidas para o jardim. "Eu tive vários contatos com eles na chácara, vivências mesmo. Antes de me mudar pra cá eu cheguei a conversar com eles, pedir desculpa, e os convidei pra virem pra cá, informei que traria a casa deles e que seria grata se eles viessem".

Eva não teme ao conversar sobre isso e tem noção de que pra quem é discrente isso soa bizarro. "Eu estou acostumada a conversar com gente que nem eu, que acredita nas mesmas coisas! Mas não julgo quem não crê", justifica. 

A outra parte do quintal. Nessas cadeiras, ela costuma se sentar com Paulo pra ver as estrelas.  (Foto: Paulo Francis)
A outra parte do quintal. Nessas cadeiras, ela costuma se sentar com Paulo pra ver as estrelas. (Foto: Paulo Francis)

A ayahuasca foi e ainda é uma importante fonte de conexão com o seu interior. Mas já faz alguns meses que Eva não se conecta com o chá, que ela tomava em casa, junto a Paulo, ou no portal Shiva Shakti. 

De volta pra dentro da casa, a cozinha é um espetáculo a parte. Os móveis em verde e roxo, bem vivos, combinam com as louças que ficam penduradas na parede. Até as panelas, bules e chaleiras são nas mesmas cores. 

As chaleiras já são artigo de coleção com cerca de onze delas expostas na cozinha. "Eu vou comprando nas viagens, ganho muitas delas também e as acho lindas".

Muitos artigos foi Eva quem fez em sua fase como artista plástica. Objetos que usam artigos que iam para o lixo, como partes de um ventilador estragado, viram escorredor de louças, já outro virou fruteira pelas mãos da terapeuta.

No artesanato até hoje ela produz mandalas com peças recicláveis e tem um cantinho reservado só pra isso no quarto de visitas. Na sala de estar, até mesmo o móvel tem uma mãozinha da criatividade dela. "Passei giz de cera e deu esse efeito bonito".

 

A cozinha é um charme a parte, toda organizada, assim como o resto da casa. (foto: Acervo Pessoal)
A cozinha é um charme a parte, toda organizada, assim como o resto da casa. (foto: Acervo Pessoal)
A visão de quem está na cozinha é essa. As flores ficam representadas no forro do sofá. (Foto: Paulo Francis)
A visão de quem está na cozinha é essa. As flores ficam representadas no forro do sofá. (Foto: Paulo Francis)

O companheiro mora junto, na casa, e segundo ela, Paulo não liga muito para as cores. "Nessa parte ele não mete o bedelho. Eu quem cuido disso", brinca ela.

Sobre a espiritualidade da esposa, Eva diz que ele acredita em tudo que ela também crê, mas, por conta do trabalho, ainda não consegue se dedicar tanto a isso quanto a mulher. "Nos damos bem e nos respeitamos. Viajamos sempre que possível e lidamos com o nosso relacionamento de forma leve", finaliza.

Essa mesma maneira de enxergar as relações humanas justifica o fato de Eva hoje morar longe de suas filhas. "Cada uma tomou seu rumo. A mais nova foi no início do ano morar com o pai, testar uma coisa nova. Isso pra mim não tem problema algum, eu não as prendo porque sei que não são minhas, são do mundo, e eu as criei pra isso".

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Eva mostra as mesas que usa pra trabalhar com a radiestesia.  (Foto: Paulo Francis)
Eva mostra as mesas que usa pra trabalhar com a radiestesia. (Foto: Paulo Francis)
A pirâmide é onde o paciente deita para receber a barra acess.  (Foto: Paulo Francis)
A pirâmide é onde o paciente deita para receber a barra acess. (Foto: Paulo Francis)

Confira a galeria de imagens:

  • Mandalas feitas por ela.
  • Pêndulos são instrumentos de trabalho.
  • Artigos da clínica.
  • Alguns pêndulos ela compra, outros ganha, e também produz os seus.
  • O armário rústico com souvenirs de viagens.
  • Cada pedra tem um significado e uma cura.
  • As mandalas feitas por ela ficam acima do altar.
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