ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MAIO, SEXTA  10    CAMPO GRANDE 31º

Arquitetura

O ano inteiro, Suelilma colore a 14 de Julho com sacada encantadora no Centro

Thailla Torres | 28/02/2018 07:41
Suelilma Dalvy, de 55 anos, aparece na sacada cheia de plantas que virou cantinho preferido no prédio antigo. (Foto: Marcos Ermínio)
Suelilma Dalvy, de 55 anos, aparece na sacada cheia de plantas que virou cantinho preferido no prédio antigo. (Foto: Marcos Ermínio)

Em meio a fiação desgrenhada da Rua 14 de Julho, no Centro, quem observa a paisagem antiga e opaca da cidade vê de longe a sacada florida, que o ano inteiro colore a rua. O Lado B foi em busca da pessoa que encheu a sacada de plantas e encontrou Suelilma Dalvy, que vive no apartamento há cinco anos.

O imóvel fica no prédio da antiga Casa Glória, que já foi uma das lojas mais tradicionais de Campo Grande e já teve sua história, de décadas, contada aqui.

Suelilma abriu a porta bem na hora do almoço, mas topou os minutos de visita. O elogio à natureza que transborda da sacada foi recebido com sorriso contido e um jeito de falar bem baixinho. Atenta às plantas, ela faz um carinho em cada uma delas quando chega à sacada, é o jeitinho que arranjou de recriar toda atmosfera de jardim dentro de um apartamento.

Encher a sacada de plantas foi o jeito que ela achou de recriar uma "atmosfera" parecida com um jardim (Foto: Marcos Ermínio)
Encher a sacada de plantas foi o jeito que ela achou de recriar uma "atmosfera" parecida com um jardim (Foto: Marcos Ermínio)

"Meu sonho era ter um jardim enorme, cheio de plantas para ficar o dia todo cuidando", diz. O sonho não é possível porque a cabeleireira, aos 55 anos, tem receio de viver  em uma casa. "Acho muito inseguro, não tenho coragem. Por isso sempre vivi em apartamento".

Pela praticidade, Suelilma também abriu mão de um imóvel próprio no bairro Chácara Cachoeira para viver na antiguidade do Centro. "Eu morava lá, mas achava muito longe para ficar pegando ônibus até aqui. Então deixei alugado e com o dinheiro eu pago esse daqui".

Ela diz não se arrepender da troca, mas com o tempo precisava dar outro clima ao ar sombrio e velho do apê com mais de 50 anos de história. "Comecei plantando em garrafa pet, uma mudinha aqui e outra ali. Depois fui comprando alguns vasinhos, novas plantas e a sacada foi ficando cheia".

As flores preferidas são as primaveras, que duram mais tempo floridas, conta Suelilma. "É praticamente o ano todo. A rosa, principalmente, vira um cacho enorme. Dá pra ver de longe da rua".

Não é à toa que a sacada desperta curiosidade todos os dias. "Tem gente que faz foto, grita lá de baixo e toca a campainha pedindo muda. Eu nem sei fazer, mas sempre explico onde comprei".

Colorido, o interior também é um exemplo de quem ama tesouros garimpados e resolve decorar. (Foto: Marcos Ermínio)
Colorido, o interior também é um exemplo de quem ama tesouros garimpados e resolve decorar. (Foto: Marcos Ermínio)
Um dos painéis que Suelilma achou na rua e virou destaque da cozinha.  (Foto: Marcos Ermínio)
Um dos painéis que Suelilma achou na rua e virou destaque da cozinha. (Foto: Marcos Ermínio)

A sacada virou um dos lugares onde Suelilma respira a paz que precisa. "É uma terapia quando fico aqui molhando, cortando as folhas secas e observando as flores. Parece que acalma. Acho que todo mundo todo mundo merecia um cantinho assim".

O contato com as plantas também traz na memória a delicadeza da mãe que sempre amou as flores. "Mamãe sempre conversava com elas, dizia que as flores eram especiais e me ensinou a gostar de plantinhas".

A cor que irradia na fachada, é a mesma que compõe a decoração do apartamento de Suelilma. Cheio de mimos, cada detalhe é a prova do que acontece quando alguém que ama plantas e tesouros garimpados resolve decorar. Ela conta que deu um tapa no visual da casa usando peças que encontra, na maioria da vezes, nas ruas. "Muita coisa eu vejo que vai ser descartada e eu reaproveito. Um quadro, uma garrafa ou um caixinha de madeira. Faço uma pintura e decoro".

É assim na sala com mobiliário pintados por ela. Quadros feitos à mão e até um painel que acabou virando destaque da cozinha depois de ser reaproveitado do lixo. "Eu vivo de invenções", resume.

Suelilma já se aposentou dos salões, mas de vez em quando trabalha como cabeleireira com clientes mais antigas e durante viagens ao interior. "Vou visitar os parentes e aproveito para fazer cabelo. Mas hoje diminuiu muito, já estava na hora de ter uma vida mais tranquila".

Curta o Lado B no Facebook e Instagram.

Suelilma vive em um dos prédios mais antigos da cidade, que já foi loja tradicional na 14 de Julho.
(Foto: Marcos Ermínio)
Suelilma vive em um dos prédios mais antigos da cidade, que já foi loja tradicional na 14 de Julho. (Foto: Marcos Ermínio)
Nos siga no Google Notícias