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Arquitetura

Tentativa de muro 3D indica que casa não é nada convencional na Salgado Filho

No estilo faça você mesmo, Paulo fez o molde e pintou sozinho o muro, só para dar mais vida à casa

Thailla Torres | 16/03/2018 07:30
Foi uma semana fazendo a pintura com um molde e pincel pequeno. (Foto: Saul Scharamm)
Foi uma semana fazendo a pintura com um molde e pincel pequeno. (Foto: Saul Scharamm)

As cores são essenciais na vida do funcionário público Paulo Celestino de Oliveira, de 54 anos, que resolveu mudar a atmosfera de casa com uma pintura caprichada. Morador há 20 anos em uma das esquinas da avenida Salgado filho, Paulo deu personalidade à fachada de um jeito simples, no estilo faça você mesmo e acabou virando centro das atenções.

O dono abusou dos tons mais fortes, usando apenas um molde, pincel e variedade de tinta para cobrir a fachada bege, desbotada e suja que antes era o muro da casa. Assim, mostra para quem passa na rua um pouco da personalidade do dono da casa. "Minha esposa falava para eu pintar o muro e eu fiquei estudando um jeito de fazer isso diferente, não queria só jogar a tinta, ali", explica.

E nada do outro lado do muro também é convencional.

A entrada da casa, virou também uma "floresta". (Foto: Saul Schramm)
A entrada da casa, virou também uma "floresta". (Foto: Saul Schramm)

Paulo pesquisou na internet modelos e encontrou uma variedade de sugestões em pintura 3D, que geram ilusões de profundidade e volume. Assim ele tentou reproduzir à arte, que não ficou com as mesmas características, mas trouxe cor à frente da casa. "Não ficou perfeito, mas ela dá a impressão que tem algo montado no muro", diz orgulhoso do trabalho.

Foi uma semana dedicada à pintura. Com vizinhos questionando onde ele havia encontrado o molde, mais simples do que ele imaginava. "Peguei só um modelo e fui rabiscando. Depois vim com o pincel. Achei bonito".

Quem vê o muro, já imagina que o lado de dentro da casa, tem mais das invenções de Paulo. Realmente, ao entrar pelo portão de ferro, o clima muda com o intenso verde das plantas por todo lado. Em aproximadamente 30 m² ele jura que tentou reproduzir um pouquinho do Pantanal que é apaixonado desde a década de 90.

"Já que ainda não consegui realizar o meu sonho de morar no meio do mato, eu trouxe a minha natureza pra dentro de casa", conta. Com uma árvore amontoada na hora, os plantas e pés frutíferos já cobrem toda a entrada da casa, criando uma parede verde e principalmente trazendo frescor no fim do dia. "A sala é virada para o poente, então imagina o calor no fim do dia. Com as plantas eu criei uma barreira".

Paulo veio de Alagoas, apaixonado pelo Pantanal. (Foto: Saul Schramm)
Paulo veio de Alagoas, apaixonado pelo Pantanal. (Foto: Saul Schramm)

Tem pé de banana, laranja, limão, goiaba, graviola e ata, além de muitos temperos. Do pé de bocaiúva, por exemplo, Paulo faz o leite para a muqueca de peixe no estilo nordestino, e as folhas do ora-pro-nóbis, vão direito para a salada do dia. "O fruto que dá, a gente consome. Na salada, na comida quente ou no suco".

A aproximação com a natureza ganhou importância na década de 1990 quando Paulo assistiu, sem perder um capítulo, a novela Pantanal. "Lembro como se fosse hoje, eu assistia aquelas cenas e falava para uma das minhas irmãs, ainda vou viver nesse lugar, perto do mato e dos bichos".

Paulo veio pela primeira vez a Mato Grosso do Sul em 1993 para visitar um dos parentes que morava no bairro Taquarussu. De imediato, ele fez a promessa que nunca mais voltaria à cidade, mas brinca que pagou com a língua dois anos depois. "A primeira vez que vim amaldiçoei esse lugar por conta da receptividade. Nordestino é criado com educação, gosta de dar bom dia e olá onde estiver, mas aqui não, ninguém gosta de dar bom dia. Eu sai daqui enfurecido".

Mas o retorno foi inevistável, apaixonada pelo clima, ele decidiu dar mais uma chance à Campo Grande onde já completa duas décadas de moradia. "Agora fico de vez, só volto para Nordeste para viver pertinho da natureza, senão meu sonho é no meio do mato por aqui mesmo. Enquanto isso, eu mantenho minha natureza dentro de casa".

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