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Artes

A passagem de Elis Regina por Campo Grande, linda, descalça, de jeans e camiseta

Lenilde Ramos | 24/05/2015 07:56
A passagem de Elis Regina por Campo Grande, linda, descalça, de jeans e camiseta

Isso é coisa de 1971. Dr. Higa, tio do amigo Evandro Rodrigues Higa, era um advogado que trazia artistas famosos a Campo Grande. Eu me oferecia como voluntária no camarim e foi assim que conheci Chico Buarque, Vinicius, MPB4 e Elis Regina. A “Pimentinha” estava em sua fase rebelde, com o cabelo bem curtinho.

Do grupo deles, me lembro do Cesar Camargo Mariano e do Chico Batera. Era agosto, estava frio e como era raro um acontecimento desses na cidade, as mulheres se esmeraram nos figurinos. Tinha até casaco de pele na plateia. No camarim Elis não demonstrava interesse em se produzir. Perguntou do público e falei que o Glauce Rocha estava lotado e podre de chique, mas ela resolveu entrar no palco descalça, jeans e camiseta.

O público esperava uma diva de Hollywood e se escandalizou. As mulheres consideraram falta de respeito e alguns casais se retiraram, mas o show foi uma beleza! Depois, minha irmã e eu fomos com os artistas à Cabana Gaúcha, o point da cidade, com direito a conjunto paraguaio com harpa e tudo.

Minha irmã, sempre humorista, fazia Elis Regina dar boas gargalhadas e Cesar Camargo Mariano nos olhava feio pra gente não dar bandeira. Rolou um papo bom com Chico Batera e ficamos amigos.

Em 1977, recém-casada, vi novamente Elis Regina no emblemático show "Falso Brilhante", em São Paulo, presente de lua de mel dos amigos Marilia Leite e Mário Ramires.

Em 1980, também em São Paulo, minha irmã e eu ficamos sabendo que Chico Batera ia tocar com o Som Imaginário na sessão da meia noite no Municipal. Lá fomos nós rever o amigo e curtir Wagner Tiso e Nivaldo Ornellas.

Depois do show, procurando o camarim, entramos num corredor comprido e mal iluminado, quando vimos um cara magro e todo de preto vindo devagar em nossa direção. Levamos um susto, porque o Municipal tinha fama de fantasmas nos bastidores, mas era Gonzaguinha, que se prontificou em nos mostrar o caminho.

Trinta anos depois pintou um músico americano aqui em Campo Grande para tocar no Ópera e me perguntou se eu conhecia Chico Batera. Rapaz... consegui encontrar o telefone dele numa agendinha velha e liguei, cheia de dedos. O grande baterista me assustou ao dizer: “Claro que me lembro de você. E sua irmã... onde anda???”. Caraca!

*Lenilde Ramos é autora do livro "História sem Nome", que reúne vários momentos que viveu e se confundem com a história de Mato Grosso do Sul

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