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Artes

Com grafite, música e skate, alunos assumem o papel de quem ensina

Aline Araújo | 21/06/2015 14:42
Grafiteiros foram convidados para participar do projeto.  (Foto: Marcos Ermínio)
Grafiteiros foram convidados para participar do projeto. (Foto: Marcos Ermínio)

A sala de aula foi para o pátio e a tarde acabou embalada ao som do rap. O jeito de aprender é diferente, quem ensina são os próprios alunos. Eles mostram na prática que é possível conservar a escola bonita, limpa e sem pichação, ao mesmo tempo em que aprendem.

O "Conservada" é um projeto na Escola Estadual Adventor Divino de Almeida, na Avenida Júlio de Castilho, que chama a atenção por trabalhar com as linguagens da cultura de rua, para conscientizar os alunos a não "vandalizarem" por aí.

No dia os alunos apresentam os trabalho discutidos em sala. (Foto: Marcos Ermínio)
No dia os alunos apresentam os trabalho discutidos em sala. (Foto: Marcos Ermínio)

Na semana passada, ocorreu a segunda edição. Na avaliação dos próprios alunos, a diferença é evidente. Eles passam três semanas se dedicando a um trabalho para apresentar no dia do projeto e, além de estudar sobre a importância de ter um ambiente legal para estudar, eles aprendem mais sobre as manifestações artísticas da cultura hip hop.

Quem começou o projeto foi o professor Caio César Lima Fernandes, de 28 anos, coordenador de multimídia que estava incomodado com o vandalismo praticado na escola.

“A gente fez um projeto para a valorização do patrimônio e escolheu o Hip Hop como linguagem, e eles gostaram. Nós juntamos o skate, o grafite, o rap e desde que o projeto começou o comportamento dos alunos mudou muito, diminuiu muito a depredação e aqui dentro da escola o grafite não acontece mais”, conta.

O dia do evento se transforma em uma festa, uma atividade interdisciplinar que mobiliza toda a escola, mostra a importância da união para deixar o lugar sempre bonito e, de quebra, ainda fortalece a cultura. O grafite ganhou espaço nas paredes, o rap nos microfones e a quadra se transformou em uma pista de skate, onde atletas das lojas daqui de Campo Grande avaliavam os alunos e premiavam eles.

Teve até competição de skate. (Foto: Marcos Ermínio)
Teve até competição de skate. (Foto: Marcos Ermínio)

No projeto, há workshop de grafite e cada sala prepara algo para apresentar. Uma fez um paralelo entre uma sala bem limpa e uma bem suja, para os alunos sentirem a diferença. A turma do período noturno comprou material de limpeza e arrumou todas as salas, até desencardiu as cadeiras para dar uma lição de civilidade aos colegas.

Cada um faz a sua parte para ajudar no bem comum. “É muito importante, a gente aprendeu que o grafite é arte e a pichação não. E quando a gente destrói algo aqui na escola isso tá saindo do nosso bolso, porque é dinheiro público que paga para arrumar”, afirmou Débora Oliveira, de 16 anos. A amiga Laís Salazar, também de 16, afirma que a escola mudou muito desde que o projeto começou.

Para a coordenadora pedagógica da escola, Mariângela Favaretto, o projeto ganhou proporções bem maiores no ambiente escolar e acabou envolvendo não só os alunos, mas também os colaboradores da escola.

Caio foi o idealizador do projeto. (Foto: Marcos Ermínio)
Caio foi o idealizador do projeto. (Foto: Marcos Ermínio)
Rap na escola. (Foto: Marcos Ermínio)
Rap na escola. (Foto: Marcos Ermínio)

“Eu percebo que isso envolveu toda a escola, desde a merendeira até o aluno, do rapaz da limpeza ao diretor, todo mundo foi atingido de uma maneira positiva. Sabe quando você tem uma casa e quer ver ela bem bonitinha? Então você cuida. É assim”, conta entusiasmada.

A ideia também abre espaço para os alunos que querem mostrar alguma manifestação cultural, além de promover um intercambio com artistas e esportistas que já trabalham com alguma das vertentes do Hip Hop.

Parece pouco, mas não é. O projeto, que deixa a escola mais colorida, limpa e unida, também leva aos alunos noções de civilidade e combate ao preconceito para a vida. Campo Grande agradece.

O workshop de grafite coloriu as paredes da escola. (Foto: Marcos Ermínio)
O workshop de grafite coloriu as paredes da escola. (Foto: Marcos Ermínio)
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