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Artes

Depois de 3 infartos, escrever contos e poesias matou as saudades do Nordeste

Paula Maciulevicius | 20/09/2015 07:45
Seu Nalvo é autor do primeiro livro, "Tesouro enterrado e outras estórias", aos 78 anos. (Foto: Gerson Walber)
Seu Nalvo é autor do primeiro livro, "Tesouro enterrado e outras estórias", aos 78 anos. (Foto: Gerson Walber)

Aos 78 anos, seu Nalvo Franco de Almeida tem nas mãos o primeiro livro. Resultado do misto de anos de saudade e da paixão pela escrita. "Sou nordestino e nordestino sai pelo mundo pra ganhar a vida, não que seja obrigado. Fica quem quiser, mas quem almeja alguma coisa, tinha que sair". Assim que ele começa a conversa, se apresentando como imigrante.

Seu Nalvo saiu de Jacobina, no interior da Bahia, chegou no então Mato Grosso em 1953 e nos anos 60, em Campo Grande. Foi jornalista, radialista, vereador, advogado e corretor, até que três infartos lhe mostraram que era hora de parar. A parada foi compulsória e a escrita, então a saída para se ocupar. 

O livro, "Tesouro enterrado e outras estórias" é um apanhado de contos com poesias de autoria de Nalvo. "Esses contos eu chamo de estórias, porque na vida a gente tem que diferenciar histórias de estórias, que não são muito comprometidas com a verdade", brinca.

Livro reúne invenção e contos que acompanham o autor desde a infância. (Foto: Gerson Walber)
Livro reúne invenção e contos que acompanham o autor desde a infância. (Foto: Gerson Walber)

Na região onde Nalvo cresceu, quando começava escurecer era hora de se juntar com os vizinhos ao redor dos contadores de histórias.

"Eles criavam e inventavam, misturando fatos reais à ficção e daí saía um conto ou uma estória", explica. Para dar ares de autenticidade, os personagens sempre tinham nomes e residiam em cidades verídicas. Nunca aquela onde o contador estava, mas sempre pela redondeza.

O livro reúne um pouco disso. De invenção e contos que acompanham o autor desde a infância. As ilustrações são de Joaquim Franco, parente da Bahia, arquiteto e artista plástico. As estórias se passam, quase a maioria no Nordeste. Mas o conto que dá nome ao livro tem como pano de fundo, Minas Gerais.

Na região onde seu Nalvo nasceu, era costume da vizinhança se reunir em volta dos contadores de estórias. (Foto: Gerson Walber)
Na região onde seu Nalvo nasceu, era costume da vizinhança se reunir em volta dos contadores de estórias. (Foto: Gerson Walber)

"Existia uma tradição que o pessoal enterrava dinheiro e quando aquela pessoa morria e ninguém achava o dinheiro, virava assombração. Me foi contada quando eu era criança, adaptei do meu jeito. se ninguém encontrar, está condenado a ficar vagando..." Daí o nome "Tesouro enterrado".

Emotivo, o escritor enche os olhos para falar do Nordeste, da cidade de Jacobina e da saudade. Como escrever era gosto e vício, o livro dá vida aos contos que já eram escritos desde 1998. "Não sou poeta e nem tampouco escritor, mas as pessoas liam, diziam que estava muito bom e me perguntavam: 'quando vai publicar?'"

"Tesouro enterrado" foi lançado na última quinta-feira e segundo o autor, dependendo da aceitação, pode ir para pequenas livrarias. A família mesmo quem bancou a publicação. O livro custa R$ 20,00 e pode ser comprado direto com seu Nalvo, pelo Facebook ou no e-mail: nalvofranco@uol.com.br.

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