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Artes

Doando sapatilha ou qualquer valor, adote um bailarino para dançar no fim do ano

Paula Maciulevicius | 26/11/2015 06:56
Apresentação passada de fim de ano do Allegro Estúdio de Dança. (Foto: Gilson Barbosa)
Apresentação passada de fim de ano do Allegro Estúdio de Dança. (Foto: Gilson Barbosa)

As luzes se acendem, as cortinas se abrem e o palco se torna um espaço democrático. Não faz diferença se na ponta dos pés está uma sapatilha novinha comprada ou uma doada. Neste final de ano o Lado B convida os leitores a adotarem um bailarino. São dois projetos encabeçados por quem resolveu compartilhar os passos do balé com alunos que não teriam como custear. Um funciona no Centro Comunitário do bairro Moreninhas II e o outro, no estúdio de dança Allegro, na Mata do Jacinto.

Francianny Ramos Cabrera tem 29 anos, bailarina desde os 11, já sentiu a dor maior de querer e não poder dançar. "Eu sei o que é dificuldade, eu sei o que é não dançar por ter essa dificuldade". Há mais de 10 anos, antes mesmo de ter seu próprio estúdio de dança, ela ensinava às crianças carentes da região onde mora no Centro Comunitário ou na Paróquia da Mata do Jacinto. Depois de um vendaval destelhar os locais, ela chegou a transferir as aulas para a varanda de casa.

Há 9 anos, a mãe estruturou uma casa para ser o Allegro Estúdio de Dança e junto dele foi o Projeto Arte Vida, que atende hoje 12 crianças, alunos que não pagam mensalidade. "No primeiro espetáculo que fiz, vi que muita gente ficou de fora. Eles fazem aula o ano todo e chega na hora do espetáculo, não vão dançar? Alguma coisa precisava ser feita", descreve Fran.

No palco, bailarinos são iguais, não importa se a sapatilha é comprada ou doada. (Foto: Anderson Vila Marques)
No palco, bailarinos são iguais, não importa se a sapatilha é comprada ou doada. (Foto: Anderson Vila Marques)

A solução foi partir para os amigos para conseguir o valor completo do figurino das crianças. Nos últimos quatro anos que a campanha tomou corpo e ganhou vida pelas redes sociais. "Posto na internet para quem quiser ajudar com qualquer quantia", explica. A ajuda se limita a compor o figurino das crianças atendidas pelo projeto.

Neste ano, os 100 alunos da escola sobem ao palco para apresentar o espetáculo "Meu primeiro amor", dia 11 de dezembro, no Teatro Dom Bosco. "É a história de um casal, as pessoas só vão entender que na verdade meu primeiro amor é Deus e não um ao outro, no último ato", adianta a professora.

Do outro lado da cidade, está Jéssica Santana e os alunos das Moreninhas. Em contato com a loja onde sempre compra roupas, a professora de balé teve o apoio para iniciar a campanha de doações de Natal. Desde o início do mês a Donna Dança tem divulgado entre os clientes o que é o projeto e que os bailarinos precisam de sapatilhas, collants e saias de balé.

Para que todos os alunos dancem, professora apela para campanha. (Foto: Anderson Vila Marques)
Para que todos os alunos dancem, professora apela para campanha. (Foto: Anderson Vila Marques)

"Ela sempre compra com a gente e às vezes tem aquela mãe que vem comprar aqui e fala que tem uma sapatilha já pequena, a gente pede para quem puder doar, trazer que vamos distribuir", explica a vendedora Jéssica Rodrigues, de 23 anos.

As doações são para que os pequenos tenham as roupas e sapatilhas adequadas para as aulas. A apresentação de final de ano ainda não requer figurino, mas já tem data marcada: 16 de dezembro, como encerramento do que aprenderam durante o ano.

O projeto leva o nome de "Dançando para o futuro" e existe há um ano e meio, por ação voluntária da professora de dança, Jéssica Santana. "Eu quis passar o meu conhecimento, o que sei da dança para as crianças, sem custo", diz.

São 80 matriculadas, mas ativamente 60 delas dançam. Não há seleção de crianças, apenas critérios como frequentar a escola e ter boas notas. As aulas acontecem aos sábados, no Centro Comunitário das Moreninhas II. Bailarina desde os 3 anos, Jéssica que hoje tem 24, enxerga a dança como rotina e ferramenta para levar a vida.

Turminha do balé "Dançando para o futuro", que funciona nas Moreninhas II. (Foto: Arquivo Pessoal)
Turminha do balé "Dançando para o futuro", que funciona nas Moreninhas II. (Foto: Arquivo Pessoal)

"Para mim é mais que um hobby, eu sinto prazer no que eu faço. Amo e sou tão envolvida com o balé que senti necessidade de fazer algo mais", comenta. Quando as aulas começaram, os alunos iam até descalço. Alguns pais não mediram esforços para comprar pelo menos a sapatilha, mas há os que realmente não têm condições. "Aí que vamos atrás de patrocínio e na loja eles se propuseram a fazer essa campanha", conta.

Para ajudar o projeto das Moreninhas, a loja Movimentto, na Rua Antônio Maria Coelho, 2428, vai recolher doações de sapatilhas, collants, saias de balé e acessórios até o dia 22 de novembro. Para o espetáculo de fim de ano da escola Allegro, o contato pode ser feito pelos telefones: 8411-4440 e 9236-9889.

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Neste final de ano o Lado B convida os leitores a adotarem um bailarino. (Foto: Anderson Vila Marques)
Neste final de ano o Lado B convida os leitores a adotarem um bailarino. (Foto: Anderson Vila Marques)
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