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Artes

Malú desfilou em todas as escolas e agora cuida da sua paixão, a ala das baianas

Aos 65 anos, Malú é diretora de ala na Escola de Samba deixa Falar, mas até pouco tempo desfilava em todas as escolas no Carnaval

Wendy Tonhati | 01/03/2019 08:43
Malú é diretora da ala das baianas e mete a mão na massa para fazer as fantasias também (Foto: Wendy Tonhati)
Malú é diretora da ala das baianas e mete a mão na massa para fazer as fantasias também (Foto: Wendy Tonhati)

Quem vê Malú, pequenininha e aos 65 anos, pode não imaginar o tamanho da empolgação dela com o Carnaval. Há três anos é a diretora da ala das baianas, da G.R.E.S (Grêmio Recreativo Escola de Samba) Deixa Falar, a última campeã do Carnaval campo-grandense. Ela começou a desfilar aos 17 anos e nunca mais parou. Até três anos atrás, fazia maratona no Carnaval e desfilava em todas as agremiações.

Malú é o “nome artístico”, como diz Maria Luiza da Mata. Ela desfilava em todas as escolas de samba de Campo Grande, incluindo a Vila Carvalho, que tinha como carnavalesco, Francis Fabian, atual presidente e um dos fundadores da Deixa Falar. Ela diz ficou sabendo que a nova escola seria fundada em 2011 e quis entrar.

“Eu saía em todas as escolas de samba e na Carvalho, quando o Fabian era da Carvalho também. Eles falaram que montariam essa escola, eu fiquei sabendo e já corri e conversei com ele. Eu me dividia a Fundação de Cultura [atualmente, está aposentada], a casa e a escola de samba”.

Malú caiu no samba ainda adolescente. Ela acompanhava o Carnaval na cidade em que morava, Araçatuba (SP) junto com o irmão e os outros familiares. Hoje em dia, ela e o sobrinho, que é filho do irmão que a levava para o Carnaval, são os que mantém a tradição na família. Ela na Deixa Falar e ele na Vila Carvalho.

“É prazeroso, principalmente, quando você está lá na avenida. Você chora. É um orgulho você ver. ‘Eu peguei naquele pedacinho de fantasia, peguei naquele outro'. É muito gratificante”.

Últimos preparativos na Deixa Falar
Últimos preparativos na Deixa Falar

Diretora da alas das baianas há três anos, antes, Malú era uma das baianas. “Toda a vida eu sempre gostei de sair na ala das baianas. Tenho aquela paixão pela ala das baianas. Tinha 17 anos quando saí no Carnaval pela primeira vez. Era um bloquinho que formou a Igrejinha. Eu lembro que a gente saía com a bandinha da Igrejinha para ir tocar no Operário”.

Além de coordenar a ala das baianas, que é a sua paixão, Malú faz de tudo um pouco para ajudar na escola. “É que nem um bombril. Se não tem alguém para ir para a cozinha eu vou. É costurar, é bordar, de tudo. Já vai para oito anos a escola. Em setembro, no dia de São Jorge, faz oito anos, e estamos sempre aí. O pessoal todo trabalhando. Aqui não tem isso de se faz isso, não faz aquilo. É todo o pessoal junto”.

A última vez em que saiu em todas as escolas, Malú acabou passando mal e, depois disso, passou a se dedicar exclusivamente à ala das baianas da Deixa Falar. “Saía em todas as escolas, das maiores às menores. A última vez em que eu saí em todas as escolas, eu saí na escola do finado Picolé [Unidos do Cruzeiro] e eles estavam falando sobre o lixo. Eu vesti aquela roupa de baiana e já não estava bem da perna. Eu consegui atravessar a listra branca e não voltei mais. Me adormeceram as pernas. O Fabian ficou me procurando para ir embora e eu lá, com os bombeiros cuidando de mim”, relembra.

Apesar de não ser mais uma das baianas da escola, por coordenar a ala, Malú samba ao lado das integrantes. “Foi muito bom e eu te juro que se aguentasse, sairia em todas as escolas. Sambo ao lado das baianas para elas também sambarem. Além de eu fazer a minha parte de diretoria, eu faço a minha parte de harmonia".

Francis Fabian, presidente da Deixa Falar diz que escola leva enredo sobre Maria da Glória Sá Rosa
Francis Fabian, presidente da Deixa Falar diz que escola leva enredo sobre Maria da Glória Sá Rosa

Glorinha na avenida - A Escola de Samba Deixa Falar é a mais jovem do Carnaval campo-grandense e foi fundada em 2011. Neste ano, leva para a avenida uma homenagem à professora Maria da Glória Sá Rosa, à Glorinha, uma das maiores incentivadoras da produção artística e cultural sul-mato-grossense.

O presidente e carnavalesco da escola de samba, Francis Fabian, explica que a escola é 'bairrista' e sempre fala de alguém ou de alguma coisa de Mato Grosso do Sul. No ano passado, em que foi a campeã do Carnaval, o enredo foi sobre os 40 anos do Estado pelas lentes do fotografo Roberto Higa.

"A Glorinha é considerada um ícone de Mato Grosso do Sul. Ela é divisora. Existe a cultura de antes, a cultura bovina e a cultura pós Maria da Glória Sá Rosa. Falar dessa mulher é gratificante e, ao mesmo tempo, difícil, porque a gente teve que resumir a história dessa cearense, que escolheu Mato Grosso do Sul e escreveu a sua história. Hoje temos grandes herdeiros conhecidos nacionalmente, não só na literatura. Em tudo ela foi muito envolvente. Era seguidora de Guimarães Rosa e daí, grandes peças e muita coisa: festivais universitários, os teatros, a Academia de Letras, a primeira Aliança Francesa, tudo isso, ela nos deixou de legado", explica Fabian.

O objetivo da escola é levar a história da cultura de Mato Grosso do Sul, por meio dos trabalhos da professora. "Temos um enredo que é simplesmente Maria da Glória Sá Rosa. Quando foi composta a canção, pintou uma frase que a comunidade inteira gostou: trago a mais bela rosa para a avenida. Então, essa rosa tem um duplo sentido. Seria a Glorinha Sá Rosa".

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