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Artes

Músicos lamentam morte de Dino Rocha e destacam importância para cultura de MS

Acordeonista estava internado na UTI do Hospital Regional e morreu às 19h de ontem

Wendy Tonhati | 18/02/2019 11:24
Dino Rocha aprendeu a tocar de forma autodidata (Foto: Chico Ribeiro/Governo de Mato Grosso do Sul)
Dino Rocha aprendeu a tocar de forma autodidata (Foto: Chico Ribeiro/Governo de Mato Grosso do Sul)

O sanfoneiro Dino Rocha morreu na noite desse domingo (17), após 27 dias internado no Hospital Regional de Campo Grande, por complicações do diabetes. Músicos do Estado lamentaram a morte e relembraram a trajetória do músico, que teve quase 60 anos de carreira e aprendeu a tocar instrumentos sem nunca ter tido aulas de música.

A cantora Delinha conta que acompanhou Dino desde o começo da carreira. “É uma tristeza muito grande, mais um sanfoneiro que se vai. É muito triste, porque conheço desde o começo da carreira dele, desde 1980 e pouco. Não saia do meu bairro, conversando e tocando. Mas, Deus sabe o que faz”.

Delinha diz que acompanhou de longe a carreira, sem participar tanto dos shows porque era recatada. “Gosto muito dele e dos filhos dele, o Maninho que ficou no lugar dele tocando. A primeira música que ele gravou, eu gostava muito e tenho os discos. Fez muito sucesso e vai deixar muita recordação”.

O compositor Paulo Simões diz que como fã, conhecia o Dino desde o final da adolescência, quando começou a ouviu suas gravações nas rádios daqui. "Quando fui morar no Rio, levei alguns discos e fitas k-7 dele, e ouvia muito com o Geraldo Roca, era uma espécie de ídolo pra gente, pela criatividade e pela maneira única de tocar. Além do bom gosto musical, na escolha do repertório".

Quando voltou a morar em Campo Grande, no início dos anos 80, ele conheceu Dino assistindo a apresentações dele com o Amambai e Amambay. "Ficamos amigos, começamos a tocar algumas vezes juntos, eu o convidei para alguns shows, e no meu primeiro disco ele tocou sua sanfona mágica em Sonhos Guaranis. Mais tarde veio o Chalana de Prata, e aí viramos companheiros de palco, viagens, histórias e inclusive parcerias. A primeira foi Quero Quero, com a participação do Celito, e lembro que nos sentimos muito orgulhosos de assinar o nome ao lado do dele".

"O que ele representa para a música e a cultura de Mato Grosso do Sul só vai ser, infelizmente, compreendido a partir de hoje, como é comum acontecer no Brasil, um país que não tem apreço por sua memória", afirma Simões.

O diretor cultural do Instituto do Chamamé de Mato Grosso do Sul, Márcio Nina, conheceu Dino há pelo menos 25 anos. “Dino, com a carreira musical dele, conseguiu lograr muitos fã. Tem uma obra musical muito importante e mostra a vitalidade do chamamé, que é muito rico e muito presente aqui no Estado. Toca pouco nos rádios, mas, nas festas o que predomina é o repertório do chamamé, em Campo Grande e no interior”.

Dino Rocha em entrevista ao Lado B, em 2016 (Foto: Alcides Neto)
Dino Rocha em entrevista ao Lado B, em 2016 (Foto: Alcides Neto)

Márcio diz que a memória que ficou dos encontros que teve com Dino é de uma pessoa amável e educada. “Sempre conversava sobre o chamamé e o que seria do chamamé para as próximas gerações, daqui 50 e 60 anos. Também, muitas conversas em torno de uma figura chamada Zé Corrêa (precursor do Chamamé em Mato Grosso do Sul)” .

O músico Marlon Maciel conhece Dino Rocha há muitos anos e diz que já dividiu o palco com ele por várias vezes. A última vez, na Feira Central, em abril de 2017. “Sou campo-grandense e desde que comecei na música, sempre foi referência no nosso Estado e para musica. É impossível um acordeonista não tê-lo como referencia e não tocar pelo menos uma musica entre tantas que conhecidas como ele gravou”.

Na lembrança do músico, Dino Rocha vai ficar como uma pessoa autêntica. “Era um cara muito autêntico. Olhava e já sabia se gostou ou não tinha gostado. Não media os esforços para mostrar o que ele sentia. Cada música dele é uma história que vai ficar eternizada”.

Betinha, da dupla Beth e Betinha diz que perdeu um ‘amigão’. “Eu adorava o Dino Rocha. Era um amigão, um grande sanfoneiro que Mato Grosso e Mato Grosso do Sul estão perdendo”, diz. Também acordeonista, ela relembra que já dividiu palco com ele várias vezes.

“Já tocamos e viajamos com ele. Era uma pessoa maravilhosa. Um dos melhores sanfoneiros aqui do Estado. Não sei nem o que falar, um grande irmão e uma pessoa alegre que você não via com a cara triste. Perdemos um dos melhores sanfoneiros do Estado”.

O velório começa ao meio-dia no cemitério Memorial Park, no bairro Universitário, e será aberto ao público. O sepultamento está marcado para às 9h desta terça-feira (19), no mesmo local.

História - Dino Rocha nasceu no dia 23 de maio de 1951 em Juti (a 310 quilômetros de Campo Grande). Filho de mãe alemã e pai filho de gaúcho com argentina, Dino aprendeu as composições que ouvia em casa de ouvido e, além de instrumentista, era compositor era cantor.

A carreira começou aos 9 anos decidiu aprender a tocar acordeom. Aos 16 anos apresentou-se com seu primeiro grupo, “Los 5 Nativos”, de Ponta Porã. Em 1972, mudou-se para Campo Grande e começou a carreira profissional.

De acordo com a Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, como compositor são mais de 50, entre as quais, “Gaivota pantaneira”, parceria com Mourão. Em 1991, recebeu o prêmio “Jacaré de Prata” como melhor instrumentista do Brasil. Atuou em três capítulos da novela “Pantanal”, da Rede Manchete ao lado de Almir Sater e Sérgio Reis, sucesso do começo dos anos de 1990, na extinta TV Manchete.

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Matéria editada às 11h57 para acréscimo de informações

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