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Artes

Pequena sala de cinema mudou a cidade de 21 mil habitantes e é exemplo para MS

Renata Volpe e Naiane Mesquita | 16/11/2015 12:00
Abertura do 12º Festival de Cinema de Ivinhema (Foto: Fernando Antunes)
Abertura do 12º Festival de Cinema de Ivinhema (Foto: Fernando Antunes)

O projetor de 35mm serve à sala de apenas 88 lugares. Uma estrutura simples, mas que vale para incentivar estudantes a conhecer e produzir obras cinematográficas em Ivinhema, a 282 quilômetros de Campo Grande. Também é programa nas sextas, sábados e domingos, com sessões de filmes do circuito comercial, exibidos pelo valor de R$ 14,00, mais barato que nas redes de Campo Grande.

Ivinhema adotou o "Cinelito", a cultura retribui e a gente não cansa de contar essa história que poderia vingar em tantas outras comunidades sul-mato-grossenses. Lá na região, os moradores já descobriram o que o cinema pode significar para um município pequeno, neste caso, de apenas 21 mil habitantes, e também para os vizinhos. Até a paróquia, por exemplo, divulga a programação. O prédio incrementa de forma genial a paisagem típica de interior, ali, ao lado da praça central.

Artigo de luxo pelos municípios do Estado, o lugar também preversa na ativa um dos poucos festivais de cinema realizados em Mato Grosso do Sul. Tem dias de gala uma vez ao ano, durante o Festival de Cinema do Vale do Ivinhema, já na 12ª edição. O evento que também tem o apoio da Sectei (Secretaria de Cultura, Turismo, Empreendedorismo e Inovação) e FCMS (Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul) foi aberto na noite de domingo e terá a exibição de longas e curtas-metragens.

A história da sala é de insistência. “Eu e meus irmãos resolvemos continuar o trabalho do meu pai, com a Fundação Nelito Câmara, de formação cultural de crianças e adolescentes. As ações do audiovisual vieram naturalmente”, diz Ricardo Pieretti Câmara, presidente da fundação.

A sala de exibição tem capacidade para 90 pessoas (Foto: Fernando Antunes)
A sala de exibição tem capacidade para 90 pessoas (Foto: Fernando Antunes)
O projetor é herança do Cine Campo Grande, que fechou em 2012 na Capital (Foto: Fernando Antunes)
O projetor é herança do Cine Campo Grande, que fechou em 2012 na Capital (Foto: Fernando Antunes)

Há 10 anos, a família decidiu patrocinar também o Festival de Cinema de Ivinhema, que acontecia sem incentivos. “Sem isso seria muito difícil, dependeria do apoio do governo ou da Ancine (Agência Nacional de Cinema), o que seria ainda mais complicado”, explica.

E durante o Festival, o momento também é de formação, com oficinas de animação, fotografia e até artes circenses.
“As oficinas estão lotadas. Os alunos se inscrevem para o festival, para as oficinas e a ideia é que eles voltem para se inscrever no próximo festival, adquiram mais conhecimento. Nossa ideia é manter bons indivíduos e bons cidadãos", comenta.

E os resultados chegam ano a ano, garante Leonimar Bacchiegas, coordenador do Festival do Vale do Ivinhema. "Temos exemplos de pessoas que trabalham agora com site, fotografia e edição e começaram aqui. Isso fez com que a comunidade adotasse o cinema.”

Tina Escarnanhani, 42 anos, é frequentadora assídua do espaço. “Desde o início eu gosto muito. O pessoal abraçou o cinema, hoje a cidade é outra, a cultura mudou”, acredita.

A Fundação Nelito Câmara em parceria com a Adecoagro, Arefa e Alphsys decidiram adquirir o material com o fechamento das salas na Capital. O próximo passo agora é a troca do projetor por um digital. O material que é utilizado hoje no cinema de Ivinhema foi o que contou muitas histórias no Cine Campo Grande até o ano de 2012.

Festival - A programação segue até sábado, dia 21 de novembro, com a entrega da Premiação da Mostra Competitiva de Curtas.

O evento começou com Planuras, do sul-mato-grossense Maurício Copetti e daqui também participam Lendas Pantaneiras, de Fábio Flecha e Não Eu, de Breno Benetti.

De forma, veio o chileno Neruda, de Manuel Basoalto. O filme destaca o período entre 1948 e 1949, em que o já consagrado poeta era também senador e enfrenta uma perseguição política que o faz partir para o exílio engendrando uma fuga espetacular: cruzou as cordilheiras do Chile a cavalo em direção à Argentina. A história é lembrada por Neruda em flashback, ao receber o Prêmio Nobel de Literatura na Suécia, em dezembro de 1971.

Também integra a programação o filme Brincante, de Walter Carvalho, vencedor de melhor filme documentário do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. É uma viagem musical na obra de Antônio Nóbrega, conduzida pelos seus personagens João Sidurino e Rosalina – das peças “Brincante” e “Segundas Histórias”. Em um misto de ficção e documentário, diversas expressões culturais apresentando como esse artista faz parte do imaginário cultural brasileiro.

O SESC é um dos principais parceiros no evento e, além das oficinas, leva a Mostra Cine Sesc, com os filmes A Alma da Gente, 2013, de Helena Solberg e David Meyer e os infantis Meu Amigo Totoro, 1988, e Princesa Mononoque, 1997, ambos do diretor japonês Hayao Miyasaki e Zarafa, 2012, do francês Rémi Bezançon.

A praça central também vai virar sala a céu aberto, exibindo curtas com temática indígena com Flor Brilhante e as cicatrizes da Pedra, 2012, de Jade Rainho e Cordilheiras de Amora II, 2014, de Jamile Fortunato. No mesmo lugar acontecerá a exposição fotográfica “Kuña Porã: matriarcas Kaiowá e Guarani”, de Fabiana Fernandes.

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