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Artes

Em escolas municipais, meninas querem ser bailarinas

Ângela Kempfer | 23/08/2011 08:30
Meninas do bairro Paulo Coelho Machado, sorridentes em noite de espetáculo. (Foto: João Garrigó)
Meninas do bairro Paulo Coelho Machado, sorridentes em noite de espetáculo. (Foto: João Garrigó)

Na Praça do Rádio Clube, meninas vestidas de bailarinas vão de um lado ao outro com uma ansiedade evidente, antes de subir ao palco para o espetáculo que comemora os 112 anos de Campo Grande. São alunas da rede municipal de ensino que na escola descobriram o balé.

Na platéia, antes do show começar, o que mais se vê são mães retocando a maquiagem das filhas, arrumando o cabelo das meninas e preparando a máquina fotográfica.

A impressão logo se confirma, o sonho de ser bailarina permanece entre as mulheres por gerações. “Sempre tive vontade e agora vejo elas assim, dançando. É lindo”, diz Elaine, mãe de bailarinas de 8 anos e de 11 anos.

No ano passado, as 3 começaram a realizar o sonho. As crianças com aulas de dança na Escola Municipal Desembargador Carlos Garcia de Queiroz, no bairro Zé Pereira, e a mãe em uma academia de dança contemporânea, aos 34 anos. “Demorei, mas não desisti”, comenta.

Thais agora é professora, apesar dos 13 anos de idade. (Foto: João Garrigó)
Thais agora é professora, apesar dos 13 anos de idade. (Foto: João Garrigó)
Mãe faz maquiagem na filha de 11 anos. As duas agora estudam balé. (Foto: João Garrigó)
Mãe faz maquiagem na filha de 11 anos. As duas agora estudam balé. (Foto: João Garrigó)

A professora - Thais, de 13 anos, passou de aluna a professora. Desde os 6 ela estuda balé e com a licença maternidade da titular do cargo assumiu as turmas na Escola Municipal Arlene Marques Almeida, no bairro Canguru, em uma das regiões mais pobres de Campo Grande.

“Desde muito pequena queria estudar balé, mas morava em Sidrolândia. Quando vim para Campo Grande minha mãe me colocou na rede municipal e então consegui aprender”, conta a menina, com um longo vestido amarelo, pronta para também entrar em cena.

Mais difícil foi para Daniele, de 10 anos. A garota mora na zona rural e estuda na Escola Agrícola Governador Arnaldo Estevão de Figueiredo, mas depois de muitos pedidos à mãe, conseguiu entrar para o grupo de dança da escola Arlene Marques.

“Sempre eu passava na frente da escola e via as meninas com a roupa de bailarina e pedia para minha mãe me matricular ali. Consegui e já faço balé há 1 ano, 6 meses e 2 semanas”, diz certeira.

Para as meninas, os planos ainda devem seguir por anos, mas os resultados já são sentidos em casa, comenta a diarista Lucélia Ferraz, mãe de Luana, de 11 anos.

“Antes, ela não se interessava por nada. Agora, acorda sozinha para ensaiar na escola. Começa às sete e meia de sábado, mas às seis ela já está de pé para se produzir. Ficou mais responsável, entende?”

A mãe mostra nos pés o par de chinelos bordados, mais um presente que a filha bailarina aprendeu a fazer na escola. “Não tive essas oportunidades, fico feliz porque ela tem”, comemora.

No bairro Paulo Coelho Machado, Kamila Silva, de 9 anos, enumera as oportunidades que não deixou escapar dentro da escola. “Nossa, não faço só balé não, faço violão e ginástica olímpica, não perco nada. Mmas o que eu quero mesmo e ser bailarina profissional. Porque é lindo”.

No dia 19, 550 crianças das oficinas de balé do Programa Escola Aberta/Escola Viva, criado para integrar os alunos nos finais de semana, foram as estrelas na praça.

Bailarinas do bairro Canguru, em pose para foto. (Foto: João Garrigó)
Bailarinas do bairro Canguru, em pose para foto. (Foto: João Garrigó)
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