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Artes

Há 17 anos longe de Campo Grande, músico Caio Ignácio volta com plano de CD

Ângela Kempfer | 15/01/2012 15:59
Foto: arquivo pessoal do músico
Foto: arquivo pessoal do músico

Na noite dos barzinhos de Campo Grande, na década de 90, um dos músicos mais conhecidos era Caio Ignácio. Rapaz magro, sorridente, cheio de ginga com a percussão como principal linguagem.

“Pra isso há de ter, paciência. Pra isso há de ter, perseverança”, era um dos versos da canção mais conhecida de Caio Ignácio. Muito tempo passou e a maturidade chegou em São Paulo, onde vive já há 17 anos.

Na metrópole descobriu os meandros do profissionalismo, o que não encontrava por aqui, critica. “É tudo muito diferente, outro nível de compromisso.

Quando vivia em Campo Grande pensava que tudo era para deixar rolar. Pensava: eu tenho talento, isso vale pronto. Em São Paulo descobri o poder do planejamento, da responsabilidade e também que tenho de ter produto de qualidade, mas vendável”.

Ele deixou o papel de empreendedor cultural em Mato Grosso do Sul, depois de feiras e festivais, para ir mais longe. “São Paulo é um lugar onde o mundo está. Abre muitas portas”, recomenda. Os contatos já renderam turnês pela Argentina, Estados Unidos e Japão.

No exterior abriu caminhos, passou a gravar bases para DJs usarem nos arranjos eletrônicos. O trabalho rendeu gravações na Inglaterra e até na Alemanha.

A formação em dança, aos 17 anos no Balé Isadora Duncan, voltou à tona com convites para elaborar trilhas para companhias de dança e de teatro pelo Brasil e Caio não para mais de trabalhar.

“Entrei de novo nesse universo. Produzi dança afro-egípcia, com 4 tambores pegando fogo. Foi um grande trabalho”, comenta. Também dirigiu a Opera do Folclore Cibernético, um passeio pelo folclore mundial, até chegar no Brasil.

Recuperou o contato com Agenor Garcia, músico de Nova Andradina que hoje mora nos EUA e ganha dinheiro como pianista, gravando por selo de Miami, mesmo canal onde Caio pretende gravar um CD internacional neste ano.

“É importante fazer amarrações, ter boas relações. Hoje trabalho com nomes como Sepultura, Tihuana, tenho contatos no Cirque du Soleil”.

Ele criou uma marca, uma das metas definidas ao chegar em São Paulo. “Percebi que as pessoas me conheciam, mas não sabiam o que eu faço”, conta o músico que começou como bailarino, depois foi para o teatro, a percussão, a composição e hoje já assina até uma linha de instrumentos infantis, além de dar aulas via convênio com a rede Objetivo.

Caio e os Tambores de Fogo...
Caio e os Tambores de Fogo...

Nascido em Ribeirão Preto, mas desde os 4 anos em Campo Grande, Caio é filho de mãe pianista e irmã cantora (Maria Cláudia). De passagem neste início de ano pela cidade, ele começou a firmar os planos de gravar um CD com colegas sul-mato-grossenses.

De olho no cenário local, tem percebido a evolução comercial da música, graças a nomes como Michel Teló e Luan Santana, e analisa a situação como algo natural, apesar das polêmicas.

“Essas pessoas entram no ramo, mas não entendem de música. Lançam para ganhar dinheiro é tudo é muito direcionado para isso. Não tem o crivo intelectual. Podem tocar qualquer coisa sem cobranças, porque transitam em um universo maior, de massa”, avalia.

Para o CD com os colegas sul-mato-grossense ele quer algo bem diferente. No repertório a “Polca Rock”. Ritmo criado na miscelânea que é Mato Grosso do Sul, com influências nacionais e da fronteira, que ainda hoje não tem paternidade definida. Há tempos a autoria dividia os supostos pais da criança, hoje parece integrar novamente, pelo menos em partes.

Projeto semelhante será gravando em São Paulo, unindo o afro, a polca e o rock. Mas o especial será voltar ao Estado para gravar com os amigos Rodrigo Teixeira, o baterista Fernando Bola, a cantora Lenilde Ramos e outros nomes que sempre estiveram ao lado de Caio.

“Vai ser uma realização muito bacana. Somos todos grandes amigos”, comenta, sem estipular datas para o encontro.

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