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Comportamento

"Eleições vão, mas os amigos ficam": vale a pena discutir política no Facebook?

Elverson Cardozo | 30/08/2014 07:15
Daniele Olivo não gosta de debates políticos nas redes sociais e acha que isso tipo de comportamento destrói amizades. (Foto: Marcos Ermínio)
Daniele Olivo não gosta de debates políticos nas redes sociais e acha que isso tipo de comportamento destrói amizades. (Foto: Marcos Ermínio)

Houve época em que a máxima de que política não se discute era mais levada a sério. Até hoje, muitos mantêm esse discurso, mas na era das redes sociais, fica difícil se controlar.

O que se vê nas timelines é que muitos até têm a boa intenção de discutir, dialogar, mas não sabem “brincar” sem “brigar”. Posições divergentes tem ficado cada vez mais claras, ao passo que os bate-bocas são mais constantes.

Existem os que adotam o “meu Face, minhas regras” como filosofia de vida e, com isso, “botam para quebrar”. Não que seja errado se expressar. Não é errado. Que fique claro. O direito à liberdade de expressão é, aliás, uma garantia constitucional. Está na lei. Mas será que vale a pena “jogar tudo para cima” e entrar em brigas homéricas só para discordar do outro e defender o que pensa? Alguns acham que sim. Outros defendem que “as eleições vão, mas os amigos ficam”.

A acadêmica de Fisioterapia Maryane Hirahata Shiota, de 23 anos, vê as redes sociais como meios de interação entre as pessoas, mas diz que “a partir do momento que usam essa mídia pra falar sobre política, é possível sim que interfira no relacionamento entre amigos”.

E ela sustenta isso com o seguinte argumento: “apesar de sermos amigos, podemos não ter a mesma visão da sociedade, de um partido político ou de figura política específica, como acontece com qualquer assunto”. Maryane não acha errado defender uma posição no Facebook, por exemplo, mas pensa que isso deve ser feito com cuidado para não impor aos demais o que pensa.

“Eu mesmo já exclui pessoas por conta de elas quererem obrigas os demais e pensar como elas, não apresentando argumentos para defender sua posição, apenas dizendo que 'isso é certo e você tem que aceitar'”, relata.

Eu acho que é saudável para política a discussão, desde que estejamos preparados para aceitar a opinião dos outros, é importante estar disposto a reconhecer se estivermos errado e sempre manter o respeito. Se for dessa forma vale a pena, agora se for apenas fanatismo e ofensas pessoais acho que é perca de tempo

O estudante Gabriel Lima, de 21 anos, pensa de maneira semelhante. Ele acha saudável para a política a discussão, desde que as pessoas estejam preparadas para aceitara opinião alheia porque, nas palavras dele, “é importante estar disposto a reconhecer se estivermos errado e sempre manter o respeito”. “Se for dessa forma vale a pena, agora se for apenas fanatismo e ofensas pessoais acho que é perca de tempo”, opina.

Política, prossegue, tem, sim, que ser discutida, porque não é para torcidas, como no futebol. “É disputa de ideias e quanto mais se discutir melhor”, resume. Sobre a amizade ficar “balançada”, Gabriel acha que isso depende e explica: “se for apenas divergências políticas e ideológicas a amizade continua, mas se for opiniões preconceituosas, racistas, machistas ou homofóbicas não dá para continuar. Não acho que valha a pena conviver com pessoas preconceituosas. Se elas se demonstrarem assim em algum debate vou perceber que não é uma boa pessoa para se conviver”.

Izaqueu defende que "cada um tem uma opinião". Ele afiram que não discute política nas redes sociais. (Foto: Marcos Ermínio)
Izaqueu defende que "cada um tem uma opinião". Ele afiram que não discute política nas redes sociais. (Foto: Marcos Ermínio)

O estudante já exclui do Facebook o que chama de “alguns radicais”, pessoas que, segundo ele, defendem a pena de morte e até a volta da Ditadura Militar, por exemplo.

Quando o assunto é esse (política), o motorista Izaqueu Bueno, de 37 anos, nem entra em polêmica. “Eu ignoro porque tem outras coisas interessantes para fazer. Não gosto de me envolver”, conta. Ele defende que “cada um tem sua opinião” e, por isso, não gosta de bate-boca em redes sociais, porque as pessoas se expõe e, depois, “isso geralmente abala a amizade”. “Tem gente que fica chateada”, declara.

A operador júnior Daniele Olivo da Silva, de 24 anos, concorda. “Balança sim. As palavras acabam magoando. Isso acaba com a amizade”. Apesar de discordar de Daniele, no que diz respeito aos debates políticos que estragam relações, a vendedora Karolina Fernandes Velasques, de 24 anos, também critica esse tipo de comportamento nas redes sociais.

“É atitude baixa. É ridículo”, dispara. Assim como Izaqueu, o motorista, ela não gosta de discussões na internet, mas acha que, quando a amizade é verdadeira, nada interfere. É o que pensa a colega de trabalho, a operadora de caixa Brenda Caroline, de 20 anos. Para a jovem, a relação, se for sólida, não fica comprometida, mas não custa nada evitar. “Se não gostou, paciência”, ensina.

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