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Comportamento

A verdadeira peregrinação do campo-grandense por trás da Jornada da Juventude

Mariana Lopes, do Rio de Janeiro | 30/07/2013 10:04
A verdadeira peregrinação do campo-grandense por trás da Jornada da Juventude

A vida de peregrinos não foi fácil no Rio de Janeiro. Quem saiu de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, onde é possível ir de um extremo ao outro da cidade em menos de uma hora, camelou na capital carioca para conseguir chegar à praia de Copacabana, onde foram realizados os atos centrais da Jornada Mundial da Juventude.

O Lado B foi para o Rio de Janeiro e acompanhou um grupo de peregrinos campo-grandenses, e também cursilhistas, durante um dia inteiro da JMJ. Desde o acolhimento em uma casa de família até a vigília, quando Copacabana virou um camping de jornadistas que dormiram ao relento sob o céu da Cidade Maravilhosa.

O grupo tinha 20 pessoas, incluindo a equipe do Campo Grande News, que ficou hospedado na casa da prima de uma das peregrinas, na região de Jacarepaguá, em Taquara, zona oeste do Rio de Janeiro.

O dia começou cedo. Antes das 7h, praticamente todos já estavam de pé. Até que todo mundo se arruma e toma café da manhã, só foi possível sair da casa perto das 9h.

E foi aí que a peregrinação começou. De cara já foram boas pernadas até o ponto para pegar o primeiro ônibus, onde também tinham outros peregrinos. Por sinal, em cada canto do Rio de Janeiro tinham jovens que estavam participando da Jornada (sem exagero algum).

Peregrinando: com o grupo grande, às vezes era difícil entrar em um consenso, mas no final tudo era resolvido e nada tirou a alegria dos jovens
Peregrinando: com o grupo grande, às vezes era difícil entrar em um consenso, mas no final tudo era resolvido e nada tirou a alegria dos jovens

Após alguns minutos de espera, o ônibus chegou, e como a maioria ia para o mesmo lugar, boa parte que estava no ponto embarcou no coletivo. Não chegou a parecer uma lata de sardinha, mas ficou consideravelmente cheio.

Até o ponto que levou os peregrinos próximo ao sambódromo para pegar outro ônibus, foi uma viagem de mais de uma hora, contando a distância e o trânsito lento.

Mas o clima de Jornada imperava em cada canto do Rio de Janeiro, com gente de todo o mundo, de 175 países. Nas ruas era fácil identificar os peregrinos, pois todos estavam com uma mochila colorida, camisetas escrito JMJ, além de terços, bandeiras ou qualquer outro acessório que deixasse explícito a crença e a origem.

Primeira parada e o grupo ainda estava longe do Centro da cidade. Algumas pernadas e para no próximo ponto para pegar segundo ônibus do dia. No local, mais peregrinos se juntavam ao grupo. Enquanto o coletivo não apontava na rua, a conversa fluía, mesmo que cada um falando um idioma diferente.

Esperando o coletivo
Esperando o coletivo

E todos entram de novo no ônibus, desta vez rumo ao metrô. Durante o trajeto, o os jovens cantavam músicas da igreja, trocavam lembranças do local de origem de cada um e aproveitavam para saber mais da realidade de cada região.

Do metrô, o grupo precisava chegar até o Flamengo, onde os kits vigília estavam sendo distribuídos. Mas a estação estava lotada de peregrinos que iriam para o mesmo local, com o mesmo objetivo.

Começou a primeira “discussão”. O dilema era: “Vale a pena ir pegar o kit?”. O grupo de dividiu em opiniões, pois a notícia que circulava de peregrino para peregrino, era de que as pessoas estavam passando cerca de 5 horas para conseguir pegar a caixa com alimentos para os jornadistas passarem todo o sábado.

Mas de qualquer forma, o destino continuava o mesmo, já que o Flamengo era um dos pontos mais próximo a Copacabana, que estava com todas as ruas do bairro fechadas para controlar o movimento.

Para garantir um espaço dentro do metrô, o grupo achou melhor voltar uma estação e então seguir rumo ao Flamengo. Mas muitos peregrinos tiveram a mesma ideia, e o grupo pegou o metrô lotado do mesmo jeito. O que ainda não tirou a alegria dos jovens.

Enfim, desceram no Flamengo e foram conferir de perto a tal fila para pegar o kit de alimentação. Decidiram encarar e enfrentaram quase das horas de espera para conseguirem retirar os alimentos.

Perrengue dentro do ônibus lotado
Perrengue dentro do ônibus lotado

Mas a peregrinação não acabou por ai. O grupo ainda precisava chegar a Copacabana, onde iria ocorrer a vigília. Outra parte dos peregrinos campo-grandenses foi mais cedo à praia para garantir um local bom.

No final das contas, foram mais de cinco horas, uma manhã inteira entre caminhada, ônibus, metrô e fila. Enquanto a outra metade do grupo ralava para proteger a área onde foi montado o “acampamento” e não deixar ninguém invadir o espaço, que foi muito bem delimitado para caber todos do grupo.

Quando chegaram a Copacabana, a praia já estava lotada, com aproximadamente 3,5 milhões de peregrinos. Era gente espalhada pela areia e pela calçada, prontos para receber o Papa Francisco e também para passar a noite sob o céu do Rio de Janeiro, fosse em barracas ou só no saco de dormir.

Parte do grupo na areia de Copacabana, no dia da Vigília. Este espaço era o "acampamento" que os campo-grandenses montaram
Parte do grupo na areia de Copacabana, no dia da Vigília. Este espaço era o "acampamento" que os campo-grandenses montaram

Os moradores ganharam milhões de vizinhos novos no sábado e domingo. Mas foram poucos que se importaram com isso, pois para a maioria, a festa da juventude católica era muito bem vinda na Capital Carioca.

Tirando o lado romântico de dormir à luz das estrelas, em pleno céu de Copacabana, os peregrinos enfrentaram algumas dificuldades. Uma delas foi em relação ao banheiro, que no entorno estava com cheiro forte de urina e fezes. Imagina como estava lá dentro.

Os peregrinos emendaram o sábado com o domingo, quando ocorreu a Missa de Encerramento, presidida pelo Papa Francisco. A celebração, e consequentemente a Jornada Mundial da Juventude, Rio 2013, foi encerrada.

O cansaço existiu, os pés doeram, as pernas engrossaram, teve estresse, teve chuva, frio, transporte público insuficiente, metrô lotado, muita fila, muita espera, muito tempo gasto tentando chegar aos locais.

Mas também teve novas amizades, renovação da fé e da esperança, teve todo o carisma do Papa Francisco, teve Adoração, teve reflexão, teve renovação. Por fim, teve jovens unidos, que, em vários idiomas, professavam a mesma fé e carregam o mesmo Deus no coração. Apesar dos perrengues, toda jornada por trás da Jornada Mundial da Juventude valeu a pena.

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