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Comportamento

Aberto apenas para gays e lésbicas, curso quer incentivar nova dança de salão

Ângela Kempfer | 14/05/2015 06:23
Antigamente, homens dançavam tango juntos.
Antigamente, homens dançavam tango juntos.

Pode até parecer desnecessário, mas dança de homem com homem ou de mulher com mulher precisa de uma metodologia diferente, defende o professor, coreógrafo e pesquisador da cultura popular, David Rosendo.

Por isso, depois de ouvir amigos da comunidade LGBT e algumas reclamações sobre a forma tradicional, ele resolveu abrir uma turma especialmente para gays e lésbicas que desejam dançar bem com a cara metade. No Centro Cultural José Octávio Guizzo, a partir do dia 19 de maio, serão 3 meses de treinos, com mensalidade de R$ 70,00.

A diferença começa em aprender a técnica onde o cavalheiro não é o único a conduzir uma dama, mas a função é dividida entre as duas partes dessa soma. Assim, além de explorar a diversidade, o curso pretende contribuir com questões que já não cabem nos dias atuais, como a superioridade masculina.

Moderno? Sim, mas o professor parece disposto a sugerir essa transformação por aqui, apesar de ainda não ter uma metodologia fechada nesse sentido. “A ideia é criar ambiente em que a gente possa recriar a técnica, rever as concepções da dança de salão. O modelo de hoje traz muitos elementos culturais que não se aplicam mais na sociedade atual”, avalia.

Em cidades de grandes debates culturais, como São Paulo e Curitiba, vários projetos do tipo são executados desde 2012. O paulista Duco et Ducitur (do latim “conduzo e sou conduzido”), é um dos exemplos de propostas só para o público LGBT.

Aqui, o professor quer construir a própria técnica com a colaboração dos alunos e, depois, abrir turmas para heterossexuais que também não se enquadram na dança de salão convencional, onde um manda e a outra obedece. "Como é um público que já enfrenta essa realidade, acho que vão ter mais condições de sugerir mudanças que depois podem servir também aos héteros", justifica.

Formado em Ciências Sociais, terminando um mestrado em Sociologia, Davi dança há 10 anos e se deu conta de que as coisas precisavam mudar a partir de depoimentos informais de alunas. “Elas dizem que não se adaptam à dança de salão porque sempre têm de acompanhar o homem. É algo passivo e elas não se sentem mais nesse papel”.

A turma vai repensar a técnica e recriar a metodologia, para combinar com as formas de relacionamentos de hoje. Para provar que isso é possível, existe o tango, lembra Davi, que originalmente começou só com homens. “É possível eliminar um só condutor, para que os dois parceiros participem ativamente da criação da dança”, reforça.

Em uma cidade tida como conservadora, Davi não teme ficar sem alunos. Antes de abrir a turma, sondou algumas pessoas e diz que já tem, pelo menos, 15 interessados. “Os amigos da comunidade GLBT sempre me incentivaram”, conta.

O curso vai trabalhar 6 estilos, os mais populares na dança de salão: forró, samba de gafieira, salsa, tango, bolero, chamamé e vanerão, "porém sempre da perspectiva de reconstrução das danças por meio de técnicas que anulem qualquer hierarquia e promovam a criatividade de todos os participantes", explica.

As inscrições já estão abertas, de terça a sexta-feira, das 8h às 18 horas, na secretaria do Centro Cultural, que fica na Rua 26 de Agosto. Outras informações podem ser obtidas pelo telefone 3317-1795.

Meninas também podem se inscrever.
Meninas também podem se inscrever.
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