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Comportamento

Apaixonado pelo Comercial, só a morte fez Margarida deixar a torcida do Colorado

Thailla Torres | 20/03/2018 12:00
Margarida também era religioso e devoto de Nossa Senhora Aparecida. (Foto: João Batista Santana)
Margarida também era religioso e devoto de Nossa Senhora Aparecida. (Foto: João Batista Santana)

Aos 67 anos, João Batista Barbosa Cunha era Margarida, um personagem na torcida do Esporte Clube Comercial. Apaixonado pelo time, a alegria da arquibancada hoje virou luto. Margarida morreu na segunda-feira, em decorrência de uma pneumonia. No velório, que acontece nesta terça no cemitério Memorial Park, o sentimento é de admiração e as lembranças trazem à tona loucuras que João foi capaz de fazer pelo clube.

Na despedida, a camisa de Margarida é do Colorado, o terço está nas mãos do devoto de Nossa Senhora e uma coroa de Carnaval adorna o caixão do homem que também adorava a folia.

Ao Lado B, o conselheiro fiscal do Colorado, Mauro Belarmino, recordou a dedicação do amigo à torcida. "Era um dos torcedores mais antigos, que não abandonou o clube até a fase de hoje. Sempre com sua bandeira enorme, que carregava com orgulho nas costas. Margarida deixou um legado importante para essa nova geração, sobre como ser um torcedor de verdade", lembra.

Margarida ao centro, em uma das caravanas para acompanhar o Comercial.
Margarida ao centro, em uma das caravanas para acompanhar o Comercial.

Margarida nasceu em Campo Grande, cresceu na Vila Progresso. Em um meio ainda hoje muito machista, João logo ganhou um apelido feminino por ser gay.  Mas nada afastava do estádio o homem que sempre foi alucinado pelo futebol, especialmente, pelo Comercial.

Torcedor que nunca abandonou um jogo do seu time, foi um menino independente que saiu de casa muito cedo. "Vivia o seu mundo", define uma das sobrinhas,  Lenicia Cunha, que esteve ao lado do tio nos últimos minutos de vida. "Ele estava muito debilitado os últimos dias, teve uma infecção e depois de uma parada cardio respiratória  não resistiu", conta.

O tio era do tipo que fazia visitas esporádicas, mas quando chegava transbordava animação dentro de casa. "Era muito feliz e alegre. Do jeito que era nas ruas, era dentro de casa. Gostava de falar dos jogos, da fé e também do Carnaval".

Na década de 90, Margarida chegou a andar pelo gramado de joelhos agradecendo pelo campeonato. "Ele era tão fanático que mandou fazer uma bandeira com mais de 7 metros, todo jogo ia com ela. De longe todo mundo via o tio Margarida", diz a sobrinha.

A fé também sempre foi inabalável. Devoto de Nossa Aparecida, estava sempre na igreja e participando de ações sociais pela cidade. "É muito querido também no asilo São João Bosco. Chegava lá e alegrava todo mundo".

Sobrinha à esquerda e a irmã Marilene. (Foto: Thailla Torres)
Sobrinha à esquerda e a irmã Marilene. (Foto: Thailla Torres)

Na vida, fez de tudo um pouco como serviços gerais e um dos últimos ofícios foi faxineiro. Em casa guardava a bandeira do Comercial, de Nossa Senhora e alguns penduricalhos de Carnaval. Objetos que a família fez questão de levar para o velório.

"Eu quis que ele partisse com a camisa do Comercial. Não poderia ser outra roupa, era a maior paixão dele, seria injusto deixá-lo ir sem", diz uma das irmãs, Marilene Cunha Soares, de 66 anos.

Em nota, o Comercial publicou com tristeza o falecimento de Margarida. "Comercialino ilustre, figura marcante em todos os jogos e símbolo de paixão pelo Colorado. Uma estrela que vai brilhar eternamente". Mas apesar do reconhecimento, não há registros da paixão do torcedor em imagens na página do Comercial.

Margarida era solteiro e não tinha filhos. O velório está acontecendo no Memorial Park, na Rua Francisco do Anjos, 442, Pioneira. O sepultamento está previsto para às 14h30.

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