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Comportamento

Após sobreviver a 2 cirurgias, Muriel passou a ter orgulho de exibir cicatrizes

A fotógrafa teve uma doença no intestino grosso e passou 15 dias na UTI; hoje, ela valoriza as marcas que ficaram no corpo

Eduardo Fregatto | 20/06/2017 06:05
A jovem de Campo Grande divulga suas cicatrizes para tentar acabar com o estigma. (Fotos: Acervo Pessoal)
A jovem de Campo Grande divulga suas cicatrizes para tentar acabar com o estigma. (Fotos: Acervo Pessoal)

Há um ano, a fotógrafa Muriel Xavier, 23 anos, recebia alta após a segunda cirurgia. Ela passou 15 dias na UTI e mais de um mês internada, entre idas e vindas ao hospital. A causa foi uma doença no intestino grosso. A inflamação quase lhe custou a vida e a fez perder o órgão inteiro.

Quando saiu do hospital, levou para casa as cicatrizes da cirurgia, visíveis na barriga, e uma bolsa de colostomia. "Eu fiquei muito assustada com a situação, não achava que eu fosse conseguir conviver com aquilo", relata Muriel. "Mas assim que comecei a me recuperar, tive uma aceitação instantânea".

Ela fez um ensaio fotográfico exibindo sua bolsa de colostomia.
Ela fez um ensaio fotográfico exibindo sua bolsa de colostomia.

Decidida a valorizar a grande chance que recebeu de continuar vivendo, a jovem passou a aceitar com orgulho as marcas na pele. "Por eu ter chegado muito perto da perder a minha vida, comecei a dar muito valor em estar aqui hoje. Essa cicatriz é um sinal para eu sempre lembrar disso", explica.

Como trabalha com fotografia, Muriel passou a tirar fotos de si mesma, exibindo o corpo sem esconder as marcas. A intenção sempre foi inspirar outras pessoas."Os enfermeiros que cuidavam de mim diziam que eu poderia ajudar outros pacientes, pois muita gente entra em depressão, ficam realmente tristes".

A fotógrafa até tentou criar um projeto para fotografar também as cicatrizes de outras mulheres, mas não encontrou campo-grandenses dispostas a posar para as lentes. Por isso, divulgou suas próprias fotografias nas redes sociais, e a resposta que recebeu foi gratificante. "Muitos, principalmente meninas, vieram dizer que se identificavam. É algo bem difícil de lidar para as mulheres, pela questão da vaidade e da estética", pontua.

Muriel frequenta locais como praias e piscinas sem vergonha das marcas do corpo.
Muriel frequenta locais como praias e piscinas sem vergonha das marcas do corpo.

E a experiência ajudou não só outras pessoas. "Acabou que elas também me ajudaram muito", avalia.

Fora da internet, na vida real, Muriel diz que a reação das pessoas às suas cicatrizes pode ser um pouco diferente. "Ficam chocadas, principalmente quando eu usava a bolsa de colostomia", mas isso não tira sua confiança e autoestima. "Eu tenho orgulho de mostrar. Me sinto muito mais forte, mais bonita e mais confiante", afirma.

Atualmente, ela não utiliza mais a bolsa de colostomia. Foram oito meses como ostomizada, e hoje Muriel carrega apenas as cicatrizes na barriga. Felizmente, ela está totalmente curada, e leva uma vida normal. "Eu estou muito feliz de poder falar sobre isso, acho muito importante, tomara que ajude outras pessoas", finaliza.

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