ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUINTA  18    CAMPO GRANDE 19º

Comportamento

As gerações mudam, mas o eterno dilema continua: transar ou não no 1º encontro?

Paula Maciulevicius | 30/07/2013 06:30
Ela casou virgem. Gabriela defende que de primeira é despertar o desinteresse do homem. (Fotos: Marcos Ermínio)
Ela casou virgem. Gabriela defende que de primeira é despertar o desinteresse do homem. (Fotos: Marcos Ermínio)

É a pergunta que não sai da cabeça. O primeiro encontro, a primeira saída, o que fazer depois do bar, cinema ou balada? Será que se entregar e ir com tudo vale pena? Na liberdade em que se vive hoje, inclusive sexual, é tabu ir pra cama de primeira? Se é, quanto tempo tem que esperar até chegar aos finalmente? De primeira, segunda ou terceira, a ordem faz alguma diferença hoje em dia? Afinal é isso que determina o futuro ou não de uma relação? Tem gente que sai de casa preparada. De lingerie nova e depilação em dia, onde vale a velha do ‘nunca se sabe’. Talvez o imediatismo que pauta o cotidiano, do viver a vida intensamente acelere as coisas, ou seja o tesão mesmo. Mas o fato é o que pensam eles quando elas resolvem abrir tudo logo no início? E o que elas levam em conta na hora ir para cama logo de cara?

O Lado B saiu às ruas e não poupou ninguém. De jovens à gente mais experiente e perguntou na lata, assim como questiono agora aos leitores o que se pensa da mulher que vai pra cama na primeira saída? Mesmo na liberdade de hoje em dia, faz alguma diferença a quantidade de saídas que antecedeu a chegada ao motel?

As respostas foram as mais diversas, das próprias mulheres partiu a afirmação de que quem transa logo no início é mulher fácil. Outras questionam o por quê da diferença entre os sexos. Eles, viram garanhões e elas galinhas numa situação que envolve os lençóis. Mas há quem defenda que isso não fez a menor diferença e assume, transou de primeira com quem hoje é o marido.

Não rolou na primeira, mas foi de segunda e hoje Vera está com o mesmo namorado há 2 anos.
Não rolou na primeira, mas foi de segunda e hoje Vera está com o mesmo namorado há 2 anos.
Experiência de já ter ouvido comentários, Glessia agora impõe tempo. Só depois de duas semanas.
Experiência de já ter ouvido comentários, Glessia agora impõe tempo. Só depois de duas semanas.

A panfleteira Elisângela Ferreira Dias, de 32 anos, é uma das que diz que a mulher fica tachada sim como 'fácil', no entanto, ela mesma rebate. "Porque liberou só para homem? Antes todo mundo se preservava mais. Eu não ligo, se é fácil ou não, dá na primeira vez se tem vontade", abre o jogo. Ela diz que se há lugar propício não é a agenda que deve impedir. "Eu teria coragem, se rolar um clima por que não? Antes tinha muito isso da religião, só que agora não... Depois ninguém vai ficar falando, na balada, ninguém sabe onde mora ninguém", explica.

Aos 39 anos, a gerente de loja Vera Faria é uma das que encara que a liberdade dos tempos trouxe paz às mulheres. "Já mudou um pouco, eu nunca fui de primeira, mas foi na segunda e estou namorando até hoje", conta. No começo ela não nega que queria sim, mas não encarou logo de início porque tinha acabado de conhecer o rapaz. Não se arrependeu, só que também não foi com o sonho de casar. "Eu tenho quase 40, na minha idade tenho a liberdade de ir e vir sem culpa. Hoje eu acho que a cabeça está muito mais aberta, tanto para os homens quanto para as mulheres e isso não vai atrapalhar seu relacionamento. Se ele gostou de você, da sua personalidade, antigamente até podia ser considerada fácil, hoje não tem mais esse pensamento não", avalia.

Na opinião da vendedora Camila Duarte, de 22 anos, com tudo à mão hoje em dia, o sexo não fica por menos. "Acabou aquela ideologia de família porque está fácil demais. Não que a mulher não tenha valor, mas nada que vem fácil assim dá certo", diz. Até na cabeça das mais novas o assunto vira polêmica. Aos 18 anos, Thaise da Silva fala o que ouve por aí. "Aquela não é para namorar, os homens mesmo falam isso das mulheres, porque se ela sai e faz isso uma vez, ela fez e vai fazer a mesma coisa sempre", comenta. No entanto, ela não prevê ao certo a quantidade de saídas 'aceitáveis' até chegar à cama. "Vai depender da segurança que a mulher sentir na relação. O tempo não é determinante", reforça.

Guilherme acredita em conquista e que isso leva tempo, mas na mesma frase usa 'matadouro' para se referir aos lençóis.
Guilherme acredita em conquista e que isso leva tempo, mas na mesma frase usa 'matadouro' para se referir aos lençóis.
Para Luciana, foi de primeira e hoje ela é casada com o mesmo homem.
Para Luciana, foi de primeira e hoje ela é casada com o mesmo homem.

Gabriela Correia da Silva, 20 anos, casou virgem. Isso não é segredo pra ninguém e sempre foi o sonho da jovem. "Você vê o cara pela primeira vez, sai e já vai consumar o ato? A mulher se torna menos interessante a partir do momento em que se entregou e o homem perde o interesse, porque ele já conseguiu o que queria", responde. A gente perguntou se foi difícil de esperar até o casamento, ela confessa que sim, mas não era algo que chegava a incomodar. "Mas foi só um ano de namoro para não se abrazar", completa.

Há também quem faça e se arrependa. A ressaca moral bate no dia seguinte sem pedir licença. Foi como o caso da vendedora Glessia Gutierrez, de 23 anos, que se arrependeu depois de ter ouvido os comentários. "Ainda mais porque era conhecido", diz. Como aprendizado, hoje ela diz que leva entre duas e três semanas até chegar aos finalmente. "Geralmente falo que estou naqueles dias, mas tudo é muito relativo".

O lado deles

O Lado B ouviu tanta opinião assim na tentativa de se chegar a um consenso do que pensam as mulheres. A única que se dispôs a falar que foi sim para cama no primeiro encontro e que é casada com o homem até hoje diz ainda que não voltaria atrás. Mas admite, que ele, em questão, não quis nada sério de primeira. "Para mim isso é normal, depende da vontade. Ainda tem muito de pensar nisso, de mulher fácil. A gente não ficou sério por causa disso, mas daí ele arrumou outra, que era virgem e foi pior. Isso não significa nada, tudo depende do relacionamento e da hora", compartilha Luciana Rocha, de 36 anos.

Agora é a vez do lado deles. E cá para nós, os comentários são um tanto quanto machistas mesmo. Tem um que até admite e bate no peito. "Eu sou muito machista, esses dias estava falando com a minha esposa disso, que as mulheres nem conhecem e de repente estão beijando. Agora ir pra cama, meu Deus do céu, isso é estar fazendo curso para pato, porque galinha já é", solta o comerciante César Lauro Widal Cavalcanti, de 42 anos. Ele justifica o vocabulário com o fato de que se assusta em um mundo cada vez mais liberal. "Estou casado há 23 anos, demorei sete meses para beijar minha mulher. Ela me deu canseira, mas o que a gente ganha sem suor, não tem valor", afirma.

Jovens, Everson da Silva Fernandes, de 22 anos e Guilherme Vinícius Pereira, de 20 tinham tudo para ser, sei lá, mente mais aberta. É gente que está ou esteve há pouco tempo nas baladas, mas vê com outros olhos as mulheres que vão com tudo de primeira. "É fácil, a pessoa tem que esperar, não ser de primeira, de sair com um cara e já ir rolando. Todo homem quer, claro, mas fica feio para ela. Porque se uma hora ela é fácil assim, pode ter feito isso com qualquer um", opina Everson.

Para Guilherme, o negócio ainda é a conquista até que se chegue ao ponto final, e não demora muito não. "Se ela for é sinal de que vai pra cama com qualquer um. Tem que esperar umas duas semanas, mas não tem como falar de tempo certo, vai da confiança e da segurança, mas de primeira, perde a graça, o negócio é a conquista, aí depois leva para o matadouro".

Mas e aí leitor, o dilema continua? De primeira é sinônimo de facilidade e pode por um ponto final a um compromisso mal começado?

Nos siga no Google Notícias