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Comportamento

Casal escolhe o turismo engajado e por 20 dias percorrem a África do Sul

Isabella e Marcos Vinicius embarcaram em julho para o país dos safaris e encontraram o destino mais encantador que já foram

Thaís Pimenta | 25/09/2018 08:30
Isabella e Marcos passaram 20 dias na África do Sul, em passeios engajados, safaris e visitas a projetos sociais. (foto: Acervo Pessoal)
Isabella e Marcos passaram 20 dias na África do Sul, em passeios engajados, safaris e visitas a projetos sociais. (foto: Acervo Pessoal)

A estudante Isabela Rotta, de 23 anos, e o namorado, o empresário Marcos Vinícius Zana Franciosi, 24, embarcaram numa viagem de 20 dias pela África do Sul em julho deste ano. E o que era pra ser mais uma das diversas experiências que o casal carrega, de destinos internacionais marcados no passaporte,  serviu de divisor de águas. NO lugar dos safaris que fazem a fama de luxo na região, veio o contato com projetos sociais que lutam contra a realidade miserável de milhares de pessoas.

Quando questionados sobre qual o momento vivido que mais lhes marcou, os dois demoram para conseguir selecionar apenas um deles e, mesmo assim, não chegam a um consenso. "A experiência em si, inteira, foi marcante, transformado.  Desde que eu cheguei até quando eu fui embora essa viagem nos marcou, inteiros", comenta o casal, que gastou R$ 8 mil na aventura.

A atenção hoje é um dos atributos que Isabella percebe valer mais que dinheiro. "Eles são carentes, de atenção. Isso aflige eles muito mais do que a pobreza e a miséria, ao menos é o que nos pareceu. Era o tempo inteiro querendo nos mostrar onde moravam, o pouco que comiam e cantavam músicas o tempo inteiro. Foi uma recepção muito calorosa, talvez a mais calorosa que eu já tenha vivenciado até hoje", diz.

A experiência citada aconteceu no "township" em que o casal percorreu as ruas de Qolweni para conhecer a cultura local, visitar creches e escolas. "É uma região afastada da Cidade do Cabo, então você se sente, e imagino que eles também, esquecidos. Acho que é daí que vem essa carência pelo novo. E a gratidão que eles mostram, o sorriso de orelha a orelha quando ganham um doce é coisa de que nunca tina visto antes".

Nesta visita, o casal pode perceber a desigualdade surreal que aflige a África do Sul. "Tem regiões e cidades, como a Cidade do Cabo, é uma cidade muito rica. Eu comparo ela, como se fosse Curitiba, uma cidade muito gostosa, a gente quase não via pobreza, mas muito flanelinha, e lá você dá gorjeta pra tudo porque eles recebem pouco e a maioria deles sobrevive das gorjetas", explicam. 

Os lugares mais pobres estavam afastados das capitais. "Em Joanesburgo eu senti uma como se fosse uma São Paulo abandonada, então tem bairros mais pobres e violentos. Já mais pra baixo, quando nós fizemos a Garden Route, que é uma estrada litorânea, nem parece que você está na África quando você se lembra do que viu anteriormente nos vilarejos afastados, próiximos às estradas".

A miséria destas regiões mais afastadas é tanta que, em alguns casos, nem banheiros as famílias tem. "Falta saneamento básico. Aqui no Brasil são raros casos assim, existem, mas são raros, lá é comum ver essa situação". Para suprir essa necessidades, os projetos sociais instalam banheiros químicos nas comunidades.

Isabella e Marcos puderam conhecer projetos sociais, creches e escolas nas comunidades afastadas da Cidade do Cabo
Isabella e Marcos puderam conhecer projetos sociais, creches e escolas nas comunidades afastadas da Cidade do Cabo
Marcos Vinícius com uma das pequenas curiosas que conheceu na viagem.
Marcos Vinícius com uma das pequenas curiosas que conheceu na viagem.
A guia que levou o casal pela comunidade. (Foto: Acervo Pessoal)
A guia que levou o casal pela comunidade. (Foto: Acervo Pessoal)

Isa conta que queria muito ter feito pelo menos uma semana de trabalho voluntário, mas se deparou com projetos em que a duração minima é de 3 semanas. Por conta disso, ela já fez uma promessa pra si: voltar em, no máximo, três anos, para realizar esse sonho.

"Essa experiência com os trabalhos sociais, por mais curta que tenha sido, me fez ter mais certeza de que quero espalhar amor por onde quer que eu esteja e me incentivou mais ainda a correr atrás de tentar fazer mais diferença na vida dos que mais precisam e incentivar as pessoas a fazerem isso. Me fez perceber como precisamos urgente lutar pela igualdade social no mundo inteiro, começando mudando nós mesmos e levando esses ensinamentos para o máximo de pessoas possíveis. Eu pretendo voltar pra África para me envolver realmente com essa situação e me doar, seja da forma que for", comenta Isa, que tem o apoio do namorado.

A estudante se lembra ainda de uma criança que ficou em seu colo o tempo inteiro e quando Isabella precisou ir embora, e deixá-la com ap rofessora da creche ela chorava muito. "Esticava o bracinho como se quisesse ir comigo. Meu olho encheu de lágrima e eu nunca tive tanta vontade de pegar uma pessoa e levar comigo", comenta ela sobre um dos momentos mais marcantes dos 20 dias.

Momento em que Isabella viu um leão devorando uma girafa, no Safari.
Momento em que Isabella viu um leão devorando uma girafa, no Safari.

Como não podia deixar de ser, o casal também fez questão de conhecer imensas reservas de proteção à fauna e flora nativa. "Essa parte foi a que mais tomamos cuidado. Porque não somos fãs de turismo que exploram animais, que as pessoas sobem nos elefantes, por exemplo. Então foi delicado, mas encontramos os locais certos", diz Marcos.

O grande sonho era participar de um safari, e o casal realizou e garantem que a experiência é muito além do que se vê  em programas televisivos, por exemplos. "Você está na jaula nos safaris, é o oposto do que vemos nos zoológicos. Observamos o comportamento dos animais em seu habitat natural, é incível".

No contexto geral, estes espaços em que ocorrem os safaris são reservas onde se visa a conservação dos animais principalmente pela caça ilegal que ainda é muito presente na África do Sul. "Nos municipais o valor do ingresso tem como foco principal a conservação do parque.. e quando falamos em parque, o maior que fomos tem quase 2 milhões de hectares, maior que Israel, por exemplo. É onde os animais vivem na sua natureza, e nos sentimos meros espectadores". 

Abby virou amiga do casal.
Abby virou amiga do casal.
Ilha cheia de focas em  Hout Bay.
Ilha cheia de focas em Hout Bay.

No passeio, o casal pode observar uma tentativa de ataque de uma hiena em um filhote de elefante, e toda a manada, dos pais, do filhote, vindo defender o animal. "Presenciei também um leão comendo uma girafa e é indescritível, juro, ver aqueles animais seguindo a natureza de forma tão perfeita", diz Isabella, empolgada, ao se lembrar da cena.

Os parques privados todos se tratavam da conservação dos animais. O Knysna Elephant Park, por exemplo, é uma reserva dos grandes bichos, como explicam: "Lá por 1990 os elefantes da floresta de Knysna estavam praticamente extintos pela caça ilegal. Foi quando um casal resolver fazer da fazenda deles uma reserva fechada e segura para os animais".

Hoje o parque conta com animais resgatados de vários lugares, inclusive de circos,  além dos filhotes trazidos pois os pais foram mortos pela caça, ou eram eles próprios alvos dos caçadores. "Foi muito interessante conhecer esse projeto de perto. Fiquei apaixonada por como eles tratam os animais e principalmente que por mais que não estejam no seu habitat natural pela maldade do ser humano, eles conseguem viver bem e saudaveis na medida do possível".

Abby, uma girafa resgatada da natureza, virou amiga do casal no Areena Riverside Resort, onde fizeram um mini safari de quadriciclo. "Visitamos também o santuário dos macacos chamado Monkeyland, avistamos pinguins na boulders e foxy beach e fizemos um passeio de barco para conhecer uma ilha infestada de focas em Hout Bay".

Sobre estes passeios, Marcos explica que tem para todos os bolsos. "Existe a opção de safari guiado, que é mais barato. Tem também os lodges em reservas privadas, nos quais é preciso desembolsar um pouquinho mais mas o tratamento é incrivel e único, Geralmente está incluso uma  pensão completa e dois safaris por diária, ao amanhecer e ao entardecer. Então tem, mesmo, para todos os bolsos".

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Isabella e um dos elefantes resgatados pela reserva das manadas desses imensos bichos.
Isabella e um dos elefantes resgatados pela reserva das manadas desses imensos bichos.
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