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Comportamento

Com medo de caducar, Maria acorda às 4h da manhã para trabalhar no Centro

Aos 87 anos, dona Maria Mirtes é cheia de disposição e apesar da idade não quer parar de trabalhar

Alana Portela | 10/04/2019 08:03
Dona Maria Mirtes esbanja alegria no centro da Capital (Foto: Kisie Ainoã)
Dona Maria Mirtes esbanja alegria no centro da Capital (Foto: Kisie Ainoã)

Energia e força de vontade não faltam na dona Maria Mirtes Leite. Aos 87 anos, acorda todos os dias às 4h da madrugada para dar início à jornada de trabalho, em Campo Grande. Ficar parada não é opção. A ideia é se mexer para não “caducar”. A terceira idade assusta, mas não impede de ficar ativa, vendendo na Avenida Afonso Pena de Campo Grande, em frente à loja Planeta.

“Em casa a gente caduca. Não gosto de ficar parada. Preciso trabalhar e ganhar meu dinheirinho. Todos os dias, acordo de madrugada, me preparo, arrumo a casa e saiu a partir das 5h da manhã, pois preciso estar trabalhando às 6h em ponto”, conta dona Maria Mirtes, que mora no bairro Santa Carmélia.

Vendedora ambulante há 20 anos, ela já ficou conhecida em diversos locais. Entretanto, desde 2016 escolheu o ponto da Avenida Afonso Pena para se fixar. “Aqui é melhor, fiz amigos”, justifica. O dia é longo, mas uma benção, comenta. “Me distraio, converso com todos e me sinto feliz”, destaca.

A idosa senta em seu banquinho e espera os clientes passarem para oferecer seus produtos (Foto: Kisie Ainoã)
A idosa senta em seu banquinho e espera os clientes passarem para oferecer seus produtos (Foto: Kisie Ainoã)

Quem passa pelo centro da Capital, percebe de longe uma senhora dos olhos claros, sentada em seu banquinho, com um sorriso no rosto cumprimentando todos a sua volta. As mãos, sofridas do trabalho revelam uma pessoa batalhadora, cheias de histórias para contar. “Sou natural de Fortaleza e vim para Campo Grande há 40 anos. Na época, larguei o marido e trouxe minha filha Luiza Claudia comigo. Desde então, passei a trabalhar e nunca mais parei”, disse.

Maria Mirtes é mãe da Luiza Claudia, 52, e cuidou de Andreia Lima, 28, desde quando era pequena. “As duas são minhas filhas. Moro com a Claudia, ela me ajuda, mas não gosta que trabalho tanto. Todos os dias, às 4h da manhã me levanto para começar a rotina. Tenho dois cachorros, o Pingo e a Suzi, além do gato Fred, que me fazem companhia. Alegram-me”, conta.

A primeira coisa ao fazer após levantar é organizar a casa. “Não gosto de bagunça, então já cedo arrumo tudo, também aproveito o pique e preparo um lanche para o meu almoço. Depois, pego o ônibus e vou para o centro. Já aqui, passo no meu amigo que tem uma banca, pego minhas mercadorias, vou para o Planeta pego os meus bancos, me sento e trabalho. Todos me conhecem, passam por lá e me beijam”, relata.

Ela conta com a ajuda dos amigos para continuar na ativa. Por volta das 17h 30, seu expediente encerra, então é o momento de juntar suas coisinhas para guardar. “Guardo tudo novamente porque como tenho muita coisa, não consigo levar no ônibus. Então, os meus produtos ficam banca de um amigo, que fica na rua Barão do Rio Branco. Tenho dois bancos, um que me sento e ou que uso para os clientes, eles, deixo aqui no Planeta, pois me permitem guardar para o dia seguinte”, explica.

Mas a rotina pesa, apesar da vontade de continuar ativa. “Chego em casa, vou para o banho e depois me deito no sofá para assistir jornal. Às vezes, fico muito cansada e não janto, só quero minha cama e então durmo para voltar a luta no outro dia”, fala.

Dona Maria Mirtes não para mesmo nem nos finais de semana. “Sábado a rotina de trabalho é a mesma. No domingo é mais tranquilo, porém acordo de madrugada novamente para ir à igreja às 6h. Aproveito o dia para organizar a casa, limpar o quintal, trabalho até mais do que quando estou na rua”, diz.

Com anéis nas mãos e as unhas pintadas, Maria Mirtes gosta de manter a vaidade (Foto: Kisie Ainoã)
Com anéis nas mãos e as unhas pintadas, Maria Mirtes gosta de manter a vaidade (Foto: Kisie Ainoã)

Vaidosa, ela ainda gosta de se arrumar, colocar os acessórios para manter a boa aparência. “Não posso sair sem meus anéis, tenho um monte. Em casa tenho correntes e brincos. Gosto de me arrumar, de me sentir bonita e toda vez que vou sair preciso colocar alguma coisa. As minhas unhas, eu mesma faço, pinto e deixo preparada para o trabalho”, revela.

Maria Mirtes também é apegada a família e a filha Luiza Claudia a ajuda sempre que pode. “Estamos sempre juntas. Ela tem um bar, precisa cuidar das coisas dela, mas não me deixa de lado”, declara. “Ainda tenho a minha filha Andreia que visito no Estrela do Sul, vou ver meu netinho e aproveitar o momento com eles”, conta.

Exemplo para muitos que reclamam da correria do dia a dia, dona Maria Mirtes afirma que nada pode lhe parar. “O que mais gosto de fazer é trabalhar e ganhar dinheiro. Enquanto tiver com juízo e andando, ninguém me segura”, brincou.

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