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Comportamento

Com reza brava, fieis conseguem fazer festa sem chuva à Virgem de Caacupé

Paula Maciulevicius | 06/12/2015 15:55
Missa foi realizada no Centro Comunitário do bairro Parati. (Fotos: Paula Maciulevicius)
Missa foi realizada no Centro Comunitário do bairro Parati. (Fotos: Paula Maciulevicius)

Há três anos o Lado B acompanha a tradicional festa para a Virgem de Caacupé, realizada no bairro Parati, em Campo Grande, sempre à convite de dona Dionísia, que dá continuidade a devoção à santa, começada pela mãe, Isolina, 45 anos atrás.

Já na 13ª edição, o que teve nos preparativos foi reza brava para que a chuva não estragasse nada. Pela primeira vez teve missa no Centro Comunitário do bairro e a coroação da santa.

A chuva foi centro das atenções porque Campo Grande se acabou em água nesse sábado e o medo era de que a aparição dela pusesse fim às homenagens de hoje, véspera do dia da santa, 8 de dezembro. A festa simples tem aumentado tanto de público como de atrações. Esse ano estava previsto até show com o grupo "Los Celestiales", um sonho de Isolina, a devota maior da Virgem.

Na missa, a santa paraguaia foi coroada por Elizângela Gonçalves Espíndola, de 38 anos, sobrinha de Dionísia e neta da pioneira da devoção. "A nossa avó que nos ensinou a ter essa devoção, me emocionei ao olhar a foto dela, senti ela presente aqui com a gente", diz. Emocionada, ela conta que na mesma proporção da chuva de ontem, rezou pedindo tempo bom para este domingo. "Sabia que ela [a santa] não ia deixar chover, fico feliz, agradeço hoje pela saúde da minha família e os amigos que estão aqui hoje". 

Elizângela, neta da pioneira na devoção no bairro, emocionada ao carregar a coroa da Virgem.
Elizângela, neta da pioneira na devoção no bairro, emocionada ao carregar a coroa da Virgem.

A festa sempre tem procissão saindo da casa de Dionísia até o Centro Comunitário do bairro, reunindo familiares, amigos e vizinhos. Dona Tereza Boaventura Benites, de 60 anos, era uma delas. Devota de nascença, ela vem de família da fronteira do Brasil e Paraguai e há anos coleciona milagres atribuídos à santa. No último deles, foi a cura de um problema de audição. "Eu tinha um problema no ouvido, não ouvia direito, esse ano já estou escutando muito bem, graças à ela", narra.

Com sombrinha para fugir da chuva ou se esconder do sol, a funcionária Maria Aurora Godoy Lube, de 57 anos, participava pela primeira vez da celebração. "O que me traz aqui é a fé, os milagres que eu já vivi na minha vida", resume. Pela devoção, fizesse sol ou chuva, ela continuaria ali.

História - Dionísia Maria Gonçalves, de 45 anos, é quem comanda a festa. Foi por ela que a mãe, Isolina, carregou a santa nas costas durante 10 quadras, de joelhos em uma rua sem asfalto, como gratidão. "Quando eu nasci, minha mãe morava em Ponta Porã, eu criança fiquei muito doente, era aquela 'tosse comprida', minha mãe se desesperou um dia, eu estava muito mal. Ela e meu tio correram à pé para o hospital, no caminho, eu perdi o fôlego e apaguei", conta Dionísia.

Dona Dionísia é quem dá continuidade à promessa que vem de família, de festa à santa.
Dona Dionísia é quem dá continuidade à promessa que vem de família, de festa à santa.

Neste momento, a mãe dela gritou pedindo a intercessão. "Minha Virgem, salva a minha filha. Eu a consagro a você", repete hoje as palavras. A filha foi curada e a promessa, de andar de joelhos, cumprida. Décadas depois, já em Campo Grande, Dionísia prometeu que quando conseguisse a casa própria, traria a santa para a residência e todo dia 8 de dezembro, faria a festa.

"Fiz a promessa e um ano depois eu comprei a casa. O grande alicerce da minha família é a minha mãe, ela se foi há três anos, ficaram os filhos, os amigos e os netos e nossa festa continua, com toda devoção", resume Dionísia.

De sombrinha, fiel Maria Aurora estava preparada para sol ou chuva.
De sombrinha, fiel Maria Aurora estava preparada para sol ou chuva.
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