Com tanto Enzo e Valentina por aí, como é ser criança com nome de vô?

Como peças de roupas, alguns nomes de batismo também são tendência. Só que diferente do ramo da moda, eles atravessam alguns bons anos até que os donos percebam que vieram no "atacado”. Hoje, os da vez são Enzo e Valentina, mas alguns pais fogem do modismo e não abrem mão da sensibilidade para dar um sentido a mais à vida de quem acabou de chegar à família. Para homenagear alguém querido ou forte na história, eles acabam resgatando alguns nomes que soam hoje como coisa de avô ou avó.

Jeonis Vieira de Abreu poderia ser um senhor, mas tem só 5 anos. Ele carrega a homenagem ao avô paterno já falecido. “A princípio não concordei com a ideia, principalmente, pela sonoridade. Ele [filho] poderia ter dificuldade na hora de escrever já que pode começar com a letra j ou g”, explica a mãe do menino Fabiana Vieira.

Mas não teve acordo. O marido de Fabiana insistiu para que o filho fosse batizado com o nome do falecido pai. “Fui pesquisar e descobri que o nome vem do latim e na tradução seria o nosso ‘João’. Além disso, meu marido e outros familiares disseram que meu sogro, que não conheci, era um homem muito forte e hoje entendo que o nome do meu filho faz jus a est fama”, detalha.

Jeonis estuda desde os 2 anos e até então ele é o único da classe que se chama assim. “Ele é bem adaptado com o nome e nunca me disse se foi alvo de brincadeiras na escola. Acredito que assim como ele, todos estão acostumados”, conta a mãe.

Já Olavo Fernandes Silva, de 10 anos, foi batizado pelos pais em homenagem ao jornalista, contista, cronista e poeta brasileiro. Ao contrário da família Fernandes, o pai de Olavo, Renato Cândido da Silva, não encontrou resistência em casa na escolha do nome do filho.

“Eu queria mesmo era ter colocado Ronaldo, por conta do jogador de futebol. Mas aí, a minha esposa não deixou”, diz ele, sem esconder o riso. A próxima opção era Olavo. “Desde a época do colégio eu gostava muito deste nome, por causa do Olavo Bilac. Então, sugeri e a minha esposa gostou”, explica.

Olavo também não enfrentou brincadeiras na escola e segundo os pais, sempre foi tranquilo em relação ao nome de batismo. “Alguns amigos até falavam que era nome de novela, mas não tem nada a ver não”, diz.

Alfonso Henriques Oliveira, 10 anos, foi batizado assim porque o pai, descendente de portugueses, pretendia homenagear um antigo rei de Portugal. Mas errou por uma letra. Depois de feito o registo, a esposa Maraci Fontana descobriu que, na verdade, quem se chamava assim era um monarca da Espanha e que o português não tinha a letra L.

“Por mim, teríamos batizado com nomes simples como João, Pedro ou Paulo. Nunca fui fã de nomes difíceis, como Enzo, por exemplo. Mas, meu marido fez questão desse resgate da cultura dele e então acabou ficando Alfonso”, relata.

Porém, o nome antigo e até diferenciado acaba passando batido, diz Maraci, já que os coleguinhas do filho simplesmente ignoram a existência da letra L em seu nome. “Todo mundo chama ele de Afonso. Eu mesma sou acostumada com isso, além de me chamar Maraci sou filha de Naturino e Donzélia”, brinca a mãe.

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