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Comportamento

Coronavírus dispersa pouco galera do rolê, mas bares já sentem queda

O Lado B esteve em quatro bares centrais de Campo Grande, onde costuma ter muito movimento e conversou com o pessoal

Alana Portela | 15/03/2020 07:53
Poucas pessoas frequentaram o Bada Bar no começo da noite de ontem, em Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami)
Poucas pessoas frequentaram o Bada Bar no começo da noite de ontem, em Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami)

Após dois casos confirmados ontem, eventos foram cancelados e até a boate Valley Pub resolveu fechar as portas por alguns dias. Os moradores assumem estar assustados e de olho nas notícias, porém não querem deixar de “viver” por conta do vírus.

O Lado B visitou, no happy hour, quatro bares movimentados perto da região Central e conversou com os gerentes e clientes sobre o problema. No início da noite, nos locais, percebeu-se maior quantidade de homens que mulheres. No começo da noite de ontem, a primeira parada foi o Bada Bar. A casa costuma ser cheia, porém após a confirmação dos casos na cidade, o número de clientes caiu. “Estamos com apenas 20% da quantia normal”, diz Oscar Monteiro Junior.

Ele é gerente do estabelecimento e relata que os fins de semanas costumam ser mais cheios. “No começo da noite sempre tem mais gente. No entanto, vamos funcionar normalmente nos próximos dias, tomando as devidas precauções do álcool gel”, afirma.

Paulo Henrique Rancho Lins diz estar tranquilo com relação ao vírus. (Foto: Henrique Kawaminami)
Paulo Henrique Rancho Lins diz estar tranquilo com relação ao vírus. (Foto: Henrique Kawaminami)

No local, o vendedor Paulo Henrique Rancho Lins estava sentado tomando sua cervejinha. Calmo, ele comenta que existe muito sensacionalismo em cima do Coronavírus. “Se pegarmos o número da dengue aqui, é mais sério que esse vírus. Boa parte dos casos do Corona são brandos, a única coisa que influência é a questão hospitalar porque 15% dos infectados precisam de internação”.

O empresário, Rafael Moura também não está assustado com o problema. “Acho que é mais uma questão política e econômica. A população está com medo, mas não é preciso. Estudos mostram que a mortalidade do vírus é baixa e outras gripes têm o número de mortalidade igual ou superior ao do Corona”.

Rafael Moura comenta que está tomando as devidas precauções para evitar a doença. (Foto: Henrique Kawaminami)
Rafael Moura comenta que está tomando as devidas precauções para evitar a doença. (Foto: Henrique Kawaminami)

Aos 34 anos, ele conta que é proprietário de farmácia e relata que de praxe costuma se cuidar. “Temos um cuidado do dia a dia para evitar qualquer doença, mas sei que todos estamos sujeitos a pegar. Penso que pelo menos um membro da família vai ter nos próximos seis meses”, comenta Rafael.

 No Bar Mercearia da rua 15 de Novembro estava cheio. Jorge Vieira é gerente do espaço há oito anos e relata que o movimento nos últimos dias caiu apenas 15%. “Deu uma parada porque o povo está assustado, mas aqui estamos tomando as devidas precauções. Colocamos álcool gel em alguns pontos do balcão e das mesas para os clientes usarem. A questão de ser um ambiente aberto e ventilado também colabora”.

Jorge Vieira relata que o surto do Coronavírus está assustando a galera em Campo Grande. (Foto: Hennrique Kawaminami)
Jorge Vieira relata que o surto do Coronavírus está assustando a galera em Campo Grande. (Foto: Hennrique Kawaminami)

Num canto do bar, sentado com um amigo, tranquilo e assistindo jogo estava o leiloeiro rual, Wellerson Silva. Ele relata que viaja com frequência por conta do trabalho e parou de frequentar locais fechados. “Isso está assustando o mundo. Penso que muitos eventos serão cancelados, mas estou na torcida para encontrarem logo uma saída”.

O autônomo, Cristopher Martins Além estava na Mercearia, acompanhado de dois amigos e diz estar ouvindo sobre Coronavírus em todo lugar. “O pessoal tem falado muito. Estou tranquilo, mas preocupado e tento estar alerta para tudo. Se o vírus se alastrar mais, vou mudar meus hábitos, deixar de frequentar locais, evitar espaço com muito fluxo, inclusive a faculdade que pode prorrogar as aulas”.

Tem álcool gel disponível em algumas mesas do Bar Merceraria. (Foto: Henrique Kawaminami)
Tem álcool gel disponível em algumas mesas do Bar Merceraria. (Foto: Henrique Kawaminami)

O terceiro ponto foi um bar popular, ao lado da Praça Ary Coelho, que costuma ser sempre cheio. O movimento por ali continua igual e segundo o proprietário, Robson Talgati. “Por enquanto nada mudou, mas acredito que em 20 dias o cenário será outro porque vai assustar mais”, explica.

Por ali, conversamos com o operador de Loja, José Félix.  “Estou com medo porque tenho asma e uso transporte público, que é sempre lotado. Nunca se sabe de alguém dali teve contato com pessoa que veio de fora. Mas, isso não vai me impedir de fazer as coisas, pois carrego minha bombinha, uso álcool gel no trabalho”.

Wellerson Silva comenta que deixou de frequentar alguns locais por conta da epidemia. (Foto: Henrique Kawaminami)
Wellerson Silva comenta que deixou de frequentar alguns locais por conta da epidemia. (Foto: Henrique Kawaminami)

Na mesma mesa, estava Lidiane Gonçalves de Oliveira, também operadora de loja. Ela que comenta ter poucas pessoas infectadas em Campo Grande. “O número é menor comparado a outras doenças. Caso aumentar, vou evitar aglomerações, mas terei de continuar trabalhando. Cuido da higiene pessoal, uso álcool gel, lavo as mãos com frequência”, fala.

Já o pedreiro, Vando da Cruz Menezes conta que deixou de dar aperto de mão nas pessoas. “Fiquei sabendo que nem isso mais podemos fazer e parei, apenas converso. A gente fica assustado com a epidemia, porém não posso parar de fazer minhas coisas. No bar, o copo é individual, não vejo risco e se aumentar o número de casos confirmados, tomarei mais cuidado ao sair de casa”.

Vando Cruz Menezes é pedreiro e conta que deixou de apertar a mão das pessoas para evitar o contágio. (Foto: Henrique Kawaminami)
Vando Cruz Menezes é pedreiro e conta que deixou de apertar a mão das pessoas para evitar o contágio. (Foto: Henrique Kawaminami)

A quarta parada foi no Café Mostarda da Afonso Pena. Por ali apenas quatro mesas estavam ocupadas, maioria por homens. A gerente do local contou que o movimento caiu apenas 5%, porém acredita que na próxima semana a porcentagem aumente. “O caso foi confirmado no sábado à tarde, agora é esperar para ver os outros dias. Penso que vai sim afetar nosso movimento”, diz a gerente Gisele Stefanon.

Taiguara Ramos está de passagem pela Capital e diz que em São Paulo o vírus está mais intenso. (Foto: Henrique Kawaminami)
Taiguara Ramos está de passagem pela Capital e diz que em São Paulo o vírus está mais intenso. (Foto: Henrique Kawaminami)

O corretor de imóveis, Guilherme Gerhard Neto estava no local sentado no lado de fora. Conversando com um amigo, ele comenta. “O que me assusta é o brasileiro acreditar nessa epidemia do Coronavírus porque não acredito. Acho que é jogada de marketing da China, assim como foi a gripe Aviária, a doença da Vaca Louca, simplesmente para o produto deles valorizarem”.

Guilherme diz ter os cuidados com higiene pessoal desde sempre. “Em casa tenho um bebê de seis meses, habitualmente usamos álcool gel. Mas, esse problema não vai me impedir de sair de casa até porque tenho que pagar as contas”, brinca.

No Café Mostarda apenas um cliente estava sentado na parte interna. (Foto: Henrique Kawaminami)
No Café Mostarda apenas um cliente estava sentado na parte interna. (Foto: Henrique Kawaminami)

Já Taiguara Ramos está de passagem em Campo Grande. É de São Paulo, onde foi divulgado 65 casos de pessoas infectadas. “Lá o negócio está ‘punk’. Segunda-feira as escolas vão parar, mas estou tranquilo com relação a isso. Deixei de frequentar alguns locais e percebo que a população está fazendo o mesmo”.

Ele é empresário e veio para cá de ônibus. “Reparei que a rodoviária está mais vazia, no ônibus que sempre é lotado não tinha nem a metade dos passageiros. Mas, não deixo de viajar, só não sei como vai ser com minha viagem programada para Tailândia agora em abril. Não estão deixando turistas entrarem no país e nem sair”.

Do lado de fora do Mostarda Café poucas pessoas estavam sentadas. (Foto: Henrique Kawaminami))
Do lado de fora do Mostarda Café poucas pessoas estavam sentadas. (Foto: Henrique Kawaminami))


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