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Comportamento

Dando bafão na padaria, advogado quer saber: cadê o champanhe do café da manhã?

Ângela Kempfer | 31/05/2018 14:22
Pão francês, tapioca e café com leite, pedido mais simples para quem não nasceu com mania de grandeza. (Foto: Ângela Kempfer)
Pão francês, tapioca e café com leite, pedido mais simples para quem não nasceu com mania de grandeza. (Foto: Ângela Kempfer)

A vida não tem filtro nem mata-borrão para absorver excessos de tinta. Então, o que há de mais feio no ser humano aparece até em um inofensivo café da manhã, para revirar o estomâgo logo cedo e servir de sossega leão no dia de trabalho em pleno feriado.

A lição deste Corpus Christi veio junto com aquele pingadinho, na padaria de todos os dias, aos berros de um advogado formado há 2 anos, com aquela arrogância típica de quem se acha o “dono da verdade”, adora reclamar dos desvios éticos nas redes sociais, mas já chega estacionando na vaga de idosos.

Desta vez, o motivo do piti do garotão de camisa polo é tão estúpido quando um diploma de tamanha responsabilidade nas mãos de pessoas esnobes: faltou a champanhe no menu da padaria mais chique da cidade.

Pode parecer estranho a quem só procurava um simples café com pão para começar bem o dia, mas não a um “advogado bem informado”, acompanhado por “um amigo médico dos Estados Unidos”. Indignado, ele parecia não entender como todas aquelas pessoas ali continuavam imóveis ao escândalo de um cardápio oferecer apenas sanduíches, salgados, cafés, sucos e nada da bebida francesa. “Um absurdo!”

A revolta ganhou corpo ao ler na placa da entrada que por ali também só é permitido consumir bebida alcoólica depois das 10h30 da manhã. A gerente ainda tentou explicar que a medida foi tomada há cerca de 5 anos, porque muita gente tumultuava as manhãs na padaria ao exagerar na balada e ainda continuar bebendo na hora do café, fazendo algazarra entre as mesas cheias de famílias com crianças.

Mas quando o sujeito quer confusão, não há bom senso que impeça frases de ordem do tipo: “Eu sei dos meus direitos”, “vou processar”, “você não sabe com quem está falando”... O show tinha momentos filmados outros gravados em áudio por ele, sob ameaça de divulgação nas redes sociais contra os funcionários que, no feriado, cumpriam seu expediente.

O garçom, tachado de incompetente pela “demora” na entrega de uma coxinha, um sanduíche de mortadela e cafés, na contagem cronometrada entre o primeiro insulto e a chegada dos pedidos, foi até bem rápido para o horário por ali, só demorou 12 minutos, entre às 8h57 e às 9h09.

Nas mesas ao lado, vergonha alheia era o mínimo em relação à cena deprimente. O constrangimento virou solidariedade aos funcionários. O engenheiro assistindo ao show de longe se prontificou em “testemunhar”, caso fosse necessário. A empresária logo se manifestou comentando ter até perdido a vontade de comer ao ouvir tamanhos absurdos nem bem o dia começou.

Sem querer ser leviana, não há como provar que o sujeito chegou embriagado à padaria, mesmo diante da visível dificuldade motora de andar. Talvez os dois amigos que o acompanhavam, praticamente dormindo sobre a mesa, tivessem trabalhado até tarde. Quem sabe o cheiro de álcool exalado pelo dito advogado fosse resultado de alguma medicação homeopática de alta dose etílica, sabe-se lá.

O fato é que humilhação nada tem a ver com embriaguez. O cara pode até se controlar de cara limpa, postar nas redes sociais material sobre direitos humanos, juramento do curso de Direito sobre lutar pela “dignidade na convivência humana”, mas quando a tal da bebida toma conta...

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