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Comportamento

Depois de ficar tetraplégico, Cleber achou motivo para criar escola de futebol

Sem sair de casa, ele olhava campinho vazio e resolveu investir na criançada

Thailla Torres | 02/12/2017 07:07
Domador, Cleber Silva Toledo, de 42 anos, ficou tetraplégico em 2009 após cair de um cavalo. (Foto: Luiz Guido Jr.)
Domador, Cleber Silva Toledo, de 42 anos, ficou tetraplégico em 2009 após cair de um cavalo. (Foto: Luiz Guido Jr.)

O sorriso do filho e das crianças correndo na frente de casa é o que tranquiliza Cleber, preocupado como se fosse há 8 anos, quando um acidente mudou sua vida. Domador, Cleber Silva Toledo, de 42 anos, ficou tetraplégico em 2009, após cair de um cavalo. Hoje, supera as várias dificuldades de um cadeirante levando um pouco de esperança a dezenas de crianças ao coordenar um projeto social em sua comunidade, em Aquidauana.

Sempre bom jogador na adolescência, o domador diz que o futebol nunca lhe saiu da cabeça. Por isso, faz questão de usar a experiência e a paixão para incluir as crianças no esporte e mostrar a elas que existe um caminho longe das ruas.

Cleber já ganhou bolas de futebol para a criançada.
Cleber já ganhou bolas de futebol para a criançada.

"Sempre gostei muito do futebol, sonhava até em ser jogador, mas acabei trabalhando cedo e aprendendo muito com o cavalo. Mas depois do acidente, fiquei pensando na vida e na oportunidade que essas precisam. Então encontrei uma forma de ajudar", afirma ele, que usa uma cadeira de rodas motorizada para ir até o campinho de terra ensinar a meninada.

A profissão de domador é página virada, fruto de sequelas deixadas por um cavalo que acabou ficando em cima dele depois da queda. Do outro lado da linha, Cleber respira fundo ao lembrar detalhes do dia que tinha tudo para ser comum, mas lhe tirou a força que tanto amava.

"Eu pulei cedo da cama e fui para o pasto. Fui pegar gado para levar ao boiadeiro, era preciso 17 novilhas, mas na volta o cavalo pisou em um buraco, deu um rodada e fui para o chão. Me disseram que ele caiu em cima de mim e não vi mais nada". 

Cleber acordou horas depois, dentro de um avião, sendo levada para o hospital de Aquidauana. Depois foram quatro horas de espera até ser encaminhado para Santa Casa de Campo Grande, mas naquele instante, ele já tinha perdido todos os movimentos. "Eu me desesperei, primeira coisa que fiquei pensando era no meu trabalho e como seria minha vida depois disso".

Cleber e o filho. (Foto: Luiz Guido Jr.)
Cleber e o filho. (Foto: Luiz Guido Jr.)

O drama de Cleber não passou em branco pelo ex-patrão, que sempre deu toda assistência e o presenteou com uma casa em Aquidauana. Lugar que abriga uma família e os sonhos de Cleber.

"Quando eu cheguei aqui, todos os dias, olhava esse campinho de futebol e fica pensando nessa criançada andando pela rua. Meu filho também queria muito brincar, lembrei-me de quando era moleque, então entendi o que poderia fazer por eles". 

Com a cadeira motorizada, ficou mais fácil ir até o campo, onde é recebido com carinho pela meninada que ouve atenta cada palavra em busca de um futuro melhor no esporte. "Eu quero passar tudo o que eu sabia. E cada vez que eu falo, me vejo naquelas crianças. E ali tem futuros jogadores, meninos com talento, que eu repito que vão ser craques um dia".

Mas para atender toda comunidade, Cleber precisa de apoio. Até o momento, já foram doadas algumas bolas de futebol e coletes, mas faltam apitos, chuteiras, uniformes e meias. Além de alimentação para os projetos que acontecem no fim de semana.

Quem quiser contribuir para tornar o projeto "Futebol Criança" ainda maior, pode entrar em contato pelos telefones: (67) 99974-0323 ou 9917-8862.

 

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