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Comportamento

Deprimido, ele pegou um ônibus pra qualquer lugar e hoje tem 2 casas de pamonha

Anny Malagolini | 19/12/2013 06:32
Casal vive em Campo Grande há dois anos  (Foto: Cleber Gellio)
Casal vive em Campo Grande há dois anos (Foto: Cleber Gellio)

Há dois anos, a vida do goiano Amado Alves de Farias tomou uma nova direção. Depois de dois assaltos a joalheria que tinha e da morte do sobrinho, o jeito que encontrou para fugir dos problemas foi ir embora. A decisão começou a tomar forma na rodoviária de Goiás e Campo Grande foi o lugar “mais longe” que encontrou.

“Fui à rodoviária e pedi uma passagem de ônibus que tinha como destino o lugar mais longe naquele momento e me venderam de Campo Grande”, lembra Amado, hoje com 50 anos. Sem avisar a família, partiu para Mato Grosso do Sul sem nunca ter pisado aqui. Perambulou pela cidade por quase um mês, amolando alicates durante o dia e à noite retornava ao hotel próximo ao Hospital Universitário.

Enquanto isso, a esposa Neuza de Lima Alves buscava pistas do paradeiro do marido, que nunca deixou de se comunicar pelo telefone. Nas ligações que fazia ao marido, uma das poucas dicas dadas por ele é de que estava morando perto a um hospital universitário e que a vizinhança era cheia de garaparias. “Perguntava detalhes a ele, como as cores do hotel para encontra-lo e assim fui descobrindo com a ajuda da família”, lembra.

Foi um trabalho de investigação bem demorado, um quebra-cabeças, com muita paciência e, principalmente, amor. Neuza não desistiu nunca, por acreditar que o marido precisava dela.

Depois de bastante persistência, finalmente o encontro ocorreu de surpresa, sem Amado suspeitar. Neuza chegou a conclusão de que ele estava em Campo Grande e suspeitava da Vila Piratininga. Viajou para a cidade e percorrendo as ruas, encontrou o marido andando na feira.

Após uma boa conversa, ela então decidiu respeitar a decisão dele e acabou se mudando também para Mato Grosso do Sul. Amado nunca mais quis voltar a Goiânia e Campo Grande, além de passagem, se tornou endereço oficial dos dois, o começo de uma nova empreitada.

Como diz o ditado “mente vazia, oficina do diabo”, então, para aliviar a depressão, com a ajuda da esposa, de segunda a domingo, desde que acordam, até a hora de dormir, os dois trabalham. Neuza faz pamonhas para vender e doces com milho, como curau. "Eu fazia isso em casa, e para não ficar parada tive a ideia", explica.

O negócio vai crescendo com as pamonhas a R$ 3,50 e nas opções com coco, queijo, linguiça caipira e pimenta.

Passado tanto tempo, ele ainda conversa pouco, e a mulher que detalha a saga do casal até se estabelecer como comerciantes.

Os dois já tem duas lojas da "Pamonha Goiana". Uma na Filinto Mulller, 172, que funciona das 7 às 18 horas, e a outra na própria casa, na rua Anhanguera, 2.053, que funciona das 19 até a 1 da manhã.

Os dias passaram, a distância se confirmou, mas Amado ainda ensaia o retorno a Goiânia,  apenas a passeio, para visitar a família e conhecer o neto. A viagem está prevista para fevereiro. “Pra lá eu não mudo, nunca mais”, afirma.

A loja fica na avenida Fillinto Muller (Foto: Cleber Gellio)
A loja fica na avenida Fillinto Muller (Foto: Cleber Gellio)
As pamonhas custam R$ 3,50 (Foto: Cleber Gellio)
As pamonhas custam R$ 3,50 (Foto: Cleber Gellio)
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