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Comportamento

Dionísio se foi, mas sangue festeiro fez arraial da família Veiga virar tradição

Edição de 2019 reuniu mais de 200 pessoas em uma chácara do Santa Emília

Danielle Valentim | 01/07/2019 08:09
Parte da família Veiga reunida no 5ª edição do arraial. (Foto: Danielle Valentim)
Parte da família Veiga reunida no 5ª edição do arraial. (Foto: Danielle Valentim)

O patriarca da família Veiga sempre gostou de festa e as reuniões com muita música e diversão eram comuns, até pouco antes de sua partida. O sangue festeiro de seu Dionísio ficou vivo no coração de quem ficou e há cinco anos, o “Arraiá dos Veiga” virou tradição, no Bairro Santa Emília.

Dionísio e a esposa com parte dos netos. (Foto: Arquivo Pessoal)
Dionísio e a esposa com parte dos netos. (Foto: Arquivo Pessoal)

O mês dos pais se aproxima e mais uma história envolvendo pai e filhos chegou ao Lado B. Desta vez o homenageado é seu Dionísio Veiga, que faleceu em janeiro de 2017, mas deixou a alegria e reunião entre familiares e amigos como legado.

No ritmo de "A Grande Família", de Dudu Nobre, essa família é muito unida. Os encontros em datas comemorativas sempre aconteceram, a diferença é que há cinco anos o “Arraial dos Veiga” passou a fazer parte do calendário.

Matilde, a primeira filha de seu Dionísio. (Foto: Danielle Valentim)
Matilde, a primeira filha de seu Dionísio. (Foto: Danielle Valentim)
Ao centro da foto, Marlene, mais uma das filhas de seu Dionísio. (Foto: Danielle Valentim)
Ao centro da foto, Marlene, mais uma das filhas de seu Dionísio. (Foto: Danielle Valentim)

São quase 60 familiares ligados, diretamente, a Dionísio: 11 filhos, 28 netos e 18 bisnetos. Mas quando junta todo mundo, o número sobe consideravelmente, afinal chegam os genros, noras, primos, sobrinhos netos e, claro, muitos amigos.

O Lado B foi conferir de perto e, nesta edição, a festa somou mais de 200 pessoas. Além da cultura espanhola, a família carrega muito do Paraguai e entre os sabores típicos juninos, o locro – um puchero do Paraguai – foi servido. Um bingo muito animado distribuiu presentes e até dinheiro de como premiação.

A tradicional fogueira de quase três metros foi acesa depois da quadrilha, por volta das 21h. Com o clima agradável, sem frio, o calorão das chamas aqueceu rapidamente o gramado da chácara Arco-íris Veiga.

Antes da fogueira ser acesa, os presentes dançaram a quadrilha. (Foto: Danielle Valentim)
Antes da fogueira ser acesa, os presentes dançaram a quadrilha. (Foto: Danielle Valentim)
A fogueira virou atração para as fotos.  (Foto: Kísie Ainoã)
A fogueira virou atração para as fotos. (Foto: Kísie Ainoã)

A família mantém contato em um grupo no WhatsApp onde as reuniões são convocadas e o arraial acontece na chácara de Marilene Veiga, de 59 anos, uma das filhas de seu Dionísio. A técnica da Embrapa estuda sobre a história da família e compartilhou um pouco da história de seu pai e avô, com o Lado B.

“A gente sempre se reuniu e se reúne até hoje em datas comemorativas. Mas meu pai sempre foi uma peça chave para tudo isso acontecer. Ele era muito animado e gostava muito de festa e os filhos seguiram o mesmo caminho. Se ele estivesse vivo com certeza estaria presente na festa. Meu pai morreu em janeiro de 2017 e como ele faria 100 anos em 2020, já estou planejando uma comemoração”, antecipa.

Onde tudo começou? O pai de seu Dionísio foi Segundo Veiga. Um espanhol que participou da Guerra do Paraguai contra a Tríplice Aliança, composta pelo Brasil, Argentina e Uruguai. A guerra estendeu-se de dezembro de 1864 a março de 1870.

“A gente sempre se reuniu e se reúne até hoje em datas comemorativas. Mas meu pai sempre foi uma peça chave", conta Marilene. (Foto: Kísie Ainoã)
“A gente sempre se reuniu e se reúne até hoje em datas comemorativas. Mas meu pai sempre foi uma peça chave", conta Marilene. (Foto: Kísie Ainoã)
Seu Dionísio e 9 dos 11 filhos. (Foto: Arquivo Pessoal)
Seu Dionísio e 9 dos 11 filhos. (Foto: Arquivo Pessoal)

Assim que o conflito se encerrou Segundo Veiga entrou ao Brasil e viveu um tempo no Pantanal, antes de conhecer a esposa Josefa Riquelme, uma índia que seria da etnia Terena.

No Laço! A história que passa por gerações é de que Josefa foi laçada por Segundo, às margens do Rio da Anta, em Maracaju. “Ele vinha a cavalo, quando a avistou à beira do rio e se apaixonou. Ele laçou ela”, conta a bisneta Morgana Veiga.

Os primeiros quatro filhos nasceram no mato e nem registro tinham. A filha mais velha nasceu em 1912 e seu Dionísio em 1920.

“Ele anotava as datas de nascimento em um caderninho que ele chamava de “livreta”. Essa livreta ele guardou por muitos anos dentro de um cano de alumínio. Quando eles vieram para Terenos, época da colônia velha e colônia nova é que os filhos foram registrados. Ali eles se fixaram e viveram até a morte. Menos meu pai, que cresceu e veio para Campo Grande”, conta Marilene.

Seu Segundo e Josefa no início do casamento. (Foto: Arquivo Pessoal)
Seu Segundo e Josefa no início do casamento. (Foto: Arquivo Pessoal)
Seu Segundo e os filhos. (Foto: Arquivo Pessoal)
Seu Segundo e os filhos. (Foto: Arquivo Pessoal)

História em Terenos – Segundo Veiga fez parte da história de Terenos e uma das ruas leva seu nome. Assim como a mãe, Demétria Veiga se casou com um espanhol, chamado de Isac Cardoso. Eles tiveram uma chácara no centro de Terenos.

Parte das terras foram doadas à prefeitura que hoje é o conjunto residencial Demetria Veiga, em sua homenagem. 

Já aqui na Capital conheceu Neusa Machado, que era filha de gaúchos de Santana do Livramento, e foram morar juntos, um escândalo na época. Mas Marilene explica.

“Ainda em Terenos, meu pai foi obrigado a se casar com uma mulher, que gostou dele. Ela disse que ele tinha sido seu primeiro homem e naquela época, ele teve que casar. Mas isso não passou de um dia, eles nunca viveram juntos. Ele veio para Campo Grande e quando chegou aqui, se apaixonou por minha mãe e foram morar juntos. Se até hoje morar junto sem casamento não é visto com bons olhos, imagina naquela época. A família da mamãe foi falar com ela quando a filha mais velha, Matilde tinha cinco anos”, conta.

Os filhos de Segundo Veiga estão todos enterrados em Terenos, exceto Dionísio que se mudou para Campo Grande, onde morou até o fim da vida. Seu Dionísio sempre teve a casa cheia e repassou isso ao filhos.

A festa foi animada e vai se repetir no ano que vem. Deseja contar sua história na série "O que ficou de quem partiu"? Mande para o Lado B no Facebook, Instagram ou e-mail: ladob@news.com.br

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