Dona Francisca descansou e deixou saudade da chipa grega nos desfiles da cidade
A saudade aperta toda vez que a dona de casa Patrícia Ferreira, de 36 anos, pega as fotografias da avó que partiu em 2012. Apesar do tempo, difícil esquecer as lembranças de alguém que dedicou a vida à família.
Dona Francisca Maria da Silva foi embora aos 91 anos. Teve 8 filhos, 19 netos e 30 bisnetos, mas poucos ela teve a oportunidade de conhecer. Dona de um bar no bairro Ana Maria do Couto, Francisca era conhecida pelos vizinhos por sua alegria e seus sorrisos.
Na saudade, o que mais lembra é um sabor. Francisca tinha o compromisso de comparecer aos desfiles em datas comemorativas, sempre com a chipa grega na programação do dia.
Quem carrega com carinho todas as recordações é Patrícia. Foi ela quem leu a primeira carta que escreveu para à avó no seu aniversário de 90 anos, em 2001, seguida de uma tatuagem feita no braço com o nome de Francisca. A homenagem simples foi para eternizar o quanto a avó era importante para toda família.
"Precisava agradecer todos os dias em que ela esteve conosco. Ela foi uma avó que soube dar amor aos filhos que criaram muito bem todos os netos, mas era impossível não se alegrar com o carinho que ela tinha com a gente. As festas de família nunca mais foram as mesmas depois que ela se foi, minha avó nunca aceitou qualquer tipo de distância", diz Patrícia.
Patrícia avalia que a carta lida para a avó em seu aniversário foi a maior recordação. Francisca já estava sensível por conta dos problemas de saúde devido a idade, mesmo assim pareceu entender todas as palavras ditas pela neta. Em seus agradecimentos, Patrícia lembrou até das situações em que corria da avó por conta da sopa. "Sabe como criança é né. Ela se dedicava e a gente fugia da casa dela para não comer verdura".
Mas a saudade maior é mesmo dos passeios. "A mesma lanchonete ainda funciona na 14 de Julho. Ela nos levava para ver o desfile, dizendo que era importante e depois a tradição era passar na lanchonete para comer chipa grega. Ela levava todos os netos de ônibus até o Centro e fazia questão do passeio até quando a gente não queria", conta.
Francisca hoje é exemplo de criação para os netos. "Ela serviu aos filhos como ninguém. Sempre foi de uma família humilde, nascida em Campo Grande e dedicada a criação dos filhos até quando ela ficou 20 anos à frente do bar".
A família sabia dos problemas de saúde, mas até hoje é difícil compreender que Francisca se foi. "Por conta da idade os últimos anos de vida, ela morava com a minha mãe depois que se aposentou do bar. Hoje o quarto dela continua igual com a mesma cama e arrumadinho do mesmo jeito. Até o cheiro dela parece que continua lá".
Patrícia diz que não enxergou a morte da avó como tristeza, mas como lição quantos aos valores que pessoas como Francisca passou aos filhos. "As veze uma carta de agradecimento pode ser algo simples, mas pra gente teve um significado enorme. Avó é mãe e uma pessoa sagrada na vida da gente, vejo tantas pessoas que não sabem reconhecer o amor dedicado de uma avó e eu fiz questão de falar tudo isso para ela antes de partir".
Os trechos da carta foram digitalizados por Patrícia. Em momentos de tristeza ou desafios, ela faz questão de reler para lembrar o amor que Francisca perdurou na família. "Ela ensinou a união, apesar das dificuldades, sempre dou Graças a Deus por ela ter sido uma mulher de fé e nos criado na simplicidade. Mas é claro que a saudade não muda, se eu pudesse, tudo que eu queria er aum abraço e aquele mesmo sorriso ao comer a chipa com os netos no sábado de desfile", recorda a neta.
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