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Comportamento

Estratégias criativas contra "ladrões de bife" que afanam geladeira no emprego

Ângela Kempfer | 27/09/2013 07:08
Furo e cadeados em cada extremidade da vasilha foram soluções simples contra ladrões de geladeira. (Foto: Ângela Kempfer/Campo Grande News)
Furo e cadeados em cada extremidade da vasilha foram soluções simples contra ladrões de geladeira. (Foto: Ângela Kempfer/Campo Grande News)

Foi só postar no Facebook a foto de uma vasilha com cadeados para vir a enxurrada de comentários sobre a triste sina de quem leva comida para o trabalho e arruma sócios indesejáveis. A discussão pode parecer irrelevante, mas fala muito sobre “respeito”.

A solução de trancar a vasilha para não dar chance aos ladrões, com um cadeado em cada extremidade, surgiu em uma empresa pequena de Campo Grande, de cerca de 40 funcionários, como um recado diante do absurdo que é ter o lanchinho furtado todos os dias.

É uma história bem frequente entre equipes que dividem a mesma geladeira e só quem já teve o pão integral de R$ 12,00 surripiado antes do café da manhã, sabe a dor de ser furtada.

Na empresa de Lilian, por exemplo, o alvo dos larápios era o bife do colega. Na madeireira de poucos empregados, logo cedo todos chegavam com a marmita e a guardavam para depois esquentar.

Mas na hora do almoço a surpresa era a mais irritante possível, diante da fome de quem trabalhou pesado a manhã toda. “A pessoa abria a marmita e só tinha o arroz e o feijão, tinham roubado o bife”, conta Lilian.

E o ladrão era abusado, não roubava apenas de um colega, mas de vários. “E não tinha nem como a gente ir vistoriar marmita por marmita, porque bife é bife, não tem como marcar”, comenta.

O jeito foi colocar o emprego da turma em risco, diz Lilian. “Reunimos todo mundo e ameaçamos demitir por justa causa a pessoa que fazia aquilo. Nunca mais aconteceu”.

As soluções, em alguns casos, são até engraçadas. Juliana Silva Martins sofria quando era estagiária do Ministério Público. Na repartição, “bastava deixar algo na geladeira e nunca mais se ouvia falar da comida, suco ou sobremesa”, conta.

Depois de ficar sem o lanche, sem a torta, sem o iogurte e o que mais levasse para o trabalho, ela resolveu apelar. “Cansada de reclamar, eu passei a colocar o nome da promotora na vasilha ou no saquinho onde deixava o alimento, ai nunca mais sumiu”, lembra.

Coletivo - Para não dizer que o ser humano não tem jeito, a agência de publicidade onde Mirian Costa trabalha dá o exemplo. A empresa resolveu bancar o lanchinho, para ninguém pegar o que é do outro. Hoje, os funcionários ganham, todos dias, um café da manhã. O que sobra, fica disponível pelo resto do dia na geladeira. 

“A comida sempre está lá e todos podem se servir quando sentem vontade, sem contar que, quando surge uma ideia ou vontade diferente, alguém leva bolo, faz algum tipo de lanche, de molho e todos dividem”, detalha.

O lanche coletivo imunizou a agência contra qualquer indisposição entre funcionários. “Sempre que bate aquela fome, tem uma bolacha, pão, leite, frios, algum lanche disponível para todos, o que até mesmo tira qualquer ideia de surrupiar comida alheia. Mas a regra é simples: educação e respeito. Acho que encontramos nessa situação o equilíbrio, o bom-senso entre o individual e o coletivo”, ensina Mirian, da Central Mídia Comunicação Estratégica.

Mas para quem não tem muita esperança em ver o colega se regenerar e tirar a mão da comida alheia, a solução pode estar no design. Danilo Jovê, sócio da Uzingá, avisa que a empresa "inventiva", criada para colocar no mercado produtos úteis de design, já tem planos para acabar com os furtos de comida.

Primeiro, a ideia é produzir vasilhas com adesivos que façam alertas do tipo "Não mexe na minha comida". Mas a ideia vai muito além disso. “Temos um projeto de fazer com alarme. Então, quem for tentar roubar a comida do colega e não souber do alarme vai levar um belo de um susto”.

Outra proposta, mas que já está no forno, é uma capinha para vasilhas, com espaço para colocar o cadeado. “Então não tem perigo de ninguém pegar. E as estampas desse produto variam: de comidas, de cofrinho, área restrita e coisas do gênero”, comenta.

Viva a criatividade e o bom humor, contra o desrespeito.

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