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Comportamento

Farejador de 1ª, Grandão foi amigo fiel de Thiago e deixou saudade na PRF

O policial Thiago Cunha comprou o cachorro em um canil de Campinas -SP e doou para corporação, onde o treinou para operações

Alana Portela | 09/08/2019 08:09
K9 Apache dando um "lambeijo" no rosto do amigo Thiago Cunha (Foto: Arquivo pessoal)
K9 Apache dando um "lambeijo" no rosto do amigo Thiago Cunha (Foto: Arquivo pessoal)

Farejador de primeira, K9 Apache foi amigo e herói na PRF (Polícia Rodoviária Federal), em Campo Grande. Esperto, ele entrou para a corporação com cinco meses de vida e, por conta do tamanho, característica da raça Bloodhound, ganhou o apelido de “Grandão”. Mas no dia 4 deste mês ele foi embora, morreu aos quatro anos de idade e deixou saudade.

“Chorei muito. Ainda estou aceitando. Ontem mesmo tive insônia pensando nele. Eles [cachorros] fazem parte da nossa família. Só quem ama um cão consegue entender esse sentimento”, diz o policial Thiago Cunha, companheiro de K9 no trabalho da PRF.

O corpo do animal foi encaminhado para exames necroscópicos que vai apontar a causa da morte. O resultado, conforme o policial, deve sair em 45 dias. A PRF divulgou uma nota em forma de agradecimento pelos serviços realizados pelo amigo de quatro patas.

Grandão era parceiro para todas as horas. Animado, ele conseguia melhorar o dia dos companheiros de farda. Com aparência meio enrugada, língua pra fora, ele soube ajudar, do jeitinho dele.

Thiago treinando com Grandão na natureza (Foto: Arquivo pessoal)
Thiago treinando com Grandão na natureza (Foto: Arquivo pessoal)

Foi Thiago que doou o Grandão à Corporação para o projeto de busca e captura por pessoas escondidas em áreas de mata. Ele sempre teve contato com cães. “Desde criança. Meu pai já criou Pastor Alemão e Doberman. Sempre tivemos cães de todos os tamanhos em casa, de raça, sem raça definida, bravos, mansos, pra mim é natural trabalhar com cães”.

A ligação entre os dois começou em um canil em Campinas- SP, e foi amor à primeira vista. Thiago comprou o cão e o “batizou” de K9 Apache. Ainda filhote, o trouxe para Campo Grande e o treinou para as missões. “Era o condutor e o treinador principal. Mas todos os integrantes da equipe colaboraram com a sua formação. Fiz curso na PME/SP [Polícia Militar do Estado de São Paulo] para esta atividade, participei de alguns seminários e palestras nos EUA [Estados Unidos da América]”.

“A modalidade dele era de busca por odor específico, ou seja, eu apresento um artigo da pessoa (pode ser roupa, boné, relógio, etc) e o cão busca por aquele cheiro. A própria raça já possui uma característica para este tipo de trabalho. São muito usados em caça na Europa”, explicou.

Thiago segurando Grandão na ponta esquerda, ao lado de outros policiais (Foto: Arquivo pessoal)
Thiago segurando Grandão na ponta esquerda, ao lado de outros policiais (Foto: Arquivo pessoal)

Com aproximadamente dois anos, Grandão iniciou as operações e logo na primeira, ajudou a encontrar a empresária Thais Regina Souza Valadares que ficou perdida em um milharal, em Sidrolândia por três dias. “Ele ainda estava em treinamento, mas ajudamos nas buscas da moça. Ele estava indo muito bem na trilha quando recebemos a informação que os bombeiros a haviam encontrado no meio da plantação”. O caso aconteceu em junho de 2017, e a missão foi cumprida com sucesso.

Fora do serviço, Grandão gostava de bagunçar. “Era um cão de personalidade única. Brincalhão, divertido. Não tinha pessoa que não se encantasse pelo Apache”, lembrou o policial.

Grandão e Thiago trabalhavam juntos de três a quatro vezes por semana. Sempre que chegava no canil, seu parceiro de quatro patas se animava. “Os cães no geral ficam muito agitados quando chegamos no canil. Sabem que as atividades do dia vão começar. Temos uma escala para atividades e operações. Nos dias em que eu não estava, ele era cuidado pelo tratador, que cuida dos nossos cães com muito carinho”.

O que fica são as lembranças dos bons momentos que passaram juntos. Recordações daquele companheiro fiel, dos "lambeijos" e dos olhos tristonhos de Grandão. A saudade aperta, mas também conforta por saber que virou uma estrelinha brilhante no céu.    

Agora, a PRF conta com seis cães treinados, um para busca de pessoas e cinco para farejar drogas, armações e munições.

Homenagem - A partida do amigo fiel comoveu os policiais, que estão se organizando para homenageá-lo em um painel. “A ideia foi coletiva, mas ainda não temos data porque queremos um mural na nossa unidade para homenageá-lo. Vamos colocar também os cães falecidos dos antigos condutores que já se aposentaram”.

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Grandão sempre na frente farejando e Thiago segurando o amigo (Foto: Divulgação)
Grandão sempre na frente farejando e Thiago segurando o amigo (Foto: Divulgação)
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