Flamenguista roxo, garçom Eules morreu e deixou clientes arrasados
Após mais de 20 anos servindo no restaurante, ele partiu de forma repentina e gerou saudade
“Viver e não ter a vergonha de ser feliz. Cantar e cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz”. Foi com a famosa canção de Gonzaguinha que familiares e amigos se despediram de Eules Aparecido Costa da Silva, de 46 anos. Do dia para a noite, ele começou a se sentir mal e faleceu por causa de um infarto. Embora a família reviva os últimos momentos de agonia, prefere guardar com carinho as boas lembranças e o amor que sempre definiram Eules.
RESUMO
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Eules Aparecido Costa da Silva, garçom de 46 anos, faleceu repentinamente devido a um infarto. Conhecido por sua simpatia e dedicação, trabalhou por mais de duas décadas na profissão, conquistando clientes e colegas com seu carisma singular. Era apaixonado pelo Flamengo e casado há quase 12 anos com Uyara Ovelar dos Santos Silva. A família, embora abalada com a perda súbita, prefere recordar os momentos felizes. Em seu velório, atendendo a um pedido anterior, tocou-se "O que é, o que é" de Gonzaguinha. O restaurante onde trabalhava fechou as portas em sua homenagem, e o velório reuniu grande número de pessoas, demonstrando o impacto positivo que teve na vida de muitos.
A música animada foi um pedido dele, quando ele nem imaginava que morreria tão de repente. Na madrugada deste final de semana (29/30), o cara sorridente ficou na memória de todos como um homem alegre, com um amor pelo Flamengo que não cabia no peito e extremamente dedicado ao que fazia.
Há mais de 20 anos, Eules trabalhava como garçom e, durante esse tempo, conquistou muitos clientes, chefes e até aqueles que o viam uma única vez. O segredo estava na simpatia e na compreensão em cada atendimento. Reunida na casa de uma das irmãs, a família conta que ninguém conseguia escapar do afeto do caçula.
“Essa música era ele. Até nas horas ruins, você não via tristeza nele. Eules não gostava de falar mal de ninguém. A vida toda trabalhou como garçom e amava o que fazia. Não tinha tempo ruim para ele; se tivesse uma festa longe, ele iria. Ele gostava de estar presente, de participar. Ele era trabalhador, alegre, festeiro”, comenta a esposa, Uyara Ovelar dos Santos Silva, de 32 anos, e a irmã, Neia Cristina.
Casados há quase 12 anos, Eules e Uyara têm uma longa história de amor, mas ela brinca que sempre disputou com o time do coração do marido: “Eu falo que foi amor à primeira vista, mas sempre brincava se ele gostava mais de mim ou do Flamengo. Ele ria e dizia que o Flamengo tinha chegado primeiro. Ele era conhecido como 'negão' por todo mundo.”
Para a família, além da dor pela partida de Eules, houve também a revolta com a forma como ele foi tratado no posto de saúde do bairro, onde foi atendido. Para eles, o atendimento não foi adequado.
“Ele estava bem, saiu do serviço no sábado e, quando chegou, disse que iria ficar deitado. Ele nunca pedia arrego, mas naquele dia pediu. Falou que precisava dormir porque estava com muita dor no corpo. Ele tomou medicação e voltamos para casa. De madrugada, ele começou a passar mal, teve dor no estômago, diarreia e ficou ofegante.”
A partir daí, os momentos ficam difíceis de recordar e tanto Uyara quanto Neia preferem não reviver essa memória. As duas viram Eules partir sem poder fazer nada.
“Até agora não sei qual vai ser o sentido sem ele. Tudo era eu e ele, a gente trabalhava junto. Como vou voltar ao trabalho? Tudo era nós dois. Ainda não consegui voltar para casa. Ele vivia o hoje, não tinha nada para amanhã. Vai fazer muita falta”, disse a esposa.
Segundo elas, o último dia de vida dele foi atípico, muito diferente de todos os outros que viveram até ali. Nesse dia, a esposa não conseguiu dormir, teve insônia e passou a observar o marido.
“Paramos para pensar e, durante a semana, ele se despediu de todo mundo a quem se apegou. A minha despedida e a da minha cunhada foram cenas horríveis, mas estamos tentando lembrar das coisas boas. Não sei como vai ser daqui para frente; vou ter que renascer de novo”, completou Uyara. Para a esposa, o que fica é o sorriso, a alegria e a gratidão por Eules.
A irmã conta que a família planejava passar a virada do ano em João Pessoa, na Paraíba. Seria a primeira vez que Eules viajaria de avião, e ele estava animado.
“Ele estava tão feliz; iria viajar pela primeira vez. Ele estava mostrando que comprou uma mala e roupa nova para isso. Agora, vamos continuar o plano, porque ele iria gostar que a gente fosse. Vamos e vamos curtir por ele. Já no Natal, não sei como vai ser. A gente queria uma festa linda.”
Neia ressalta que se surpreendeu com a quantidade de pessoas que compareceram ao velório do irmão e que nunca viu tantos homens chorando ao mesmo tempo. O restaurante onde Eules trabalhava fechou as portas nesta segunda-feira. “As pessoas diziam que amavam o negão, que ele era um ser humano incrível”, completou Neia.
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