ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUINTA  25    CAMPO GRANDE 32º

Comportamento

Há 19 anos, Amilson prova que ser ferreiro não é "coisa de velho"

Na empresa familiar, ele cria marcadores de boi e fala que não quer fazer mais nada da vida

Jéssica Fernandes | 30/11/2021 07:12


Amilson na oficina martelando metal que origina o marcador. (Foto: Kísie Ainoã)
Amilson na oficina martelando metal que origina o marcador. (Foto: Kísie Ainoã)

A marreta, a morsa e o avental de couro são os grandes companheiros do Amilson Pereira Miranda, 41 anos, que desempenha uma das profissões mais antigas do mundo: ferreiro. Na Rua Alegrete, há 19 anos, ele administra o LA Marcas produzindo marcadores de ferro e inox para gado.

O ambiente de trabalho dele conserva um lugar rústico e semelhante aos cenários dos filmes que retratam o cotidiano daqueles que vivem entre o martelar e o soldar. No local, a parede de madeira divide a oficina e o escritório onde ele trabalha, atendendo os clientes e confeccionando os marcadores.

Quem acha que a ocupação é “coisa de velho”, acaba ficando surpreso quando vê pessoalmente o ferreiro, que esbanja jovialidade. Dias atrás, uma das clientes entrou em contato pelo celular, marcou um horário e ficou admirada quando viu o homem. “Uma cliente chegou aqui esses dias e falou: você é muito novo para mexer com isso. Por ser uma profissão antiga, o pessoal acha que é serviço de velho e que eu poderia estar fazendo outra coisa”, fala.

Ferreiro trabalha há 19 anos no espaço. (Foto: Kísie Ainoã)
Ferreiro trabalha há 19 anos no espaço. (Foto: Kísie Ainoã)

Antes de ser ferreiro, Amilson foi atendente de telemarketing e só seguiu outro rumo profissional devido ao irmão. Ele conta como começou no negócio familiar, que dá continuidade até hoje. “Trabalhava eu, meu pai e ele, mas ele arrumou outro serviço. Por conta da idade, depois de um tempo, meu pai saiu e eu assumi”, explica.

Ao lado da mulher, Rosemir Martins Miranda, 55 anos, ele dá continuidade à empresa da família. Quando o assunto é marcador de boi, Amilson já fez tudo quanto é tipo de desenho. Os mais comuns são uma junção das iniciais do casal de proprietários do gado como “JN, JK, VE, AM e TJ”. Ao decorrer dos anos, o mais diferente que elaborou foi no formato de espermatozoide. “Mas era para um laboratório de genética", afirma.

Os marcadores que forjou já percorreram o Brasil, Uruguai, Bolívia e até a Nigéria. “Eu perguntei para o cliente se eles iriam marcar alguma girafa, mas ele disse que lá na Nigéria também tem boi”, ri.  Na fábrica, o proprietário cria em média 20 marcadores por mês, sendo que cada um leva cinco horas para ser finalizado. Nos meses mais corridos, a produção sobe para 50.

Anos depois, ele afirma que não sente vontade de fazer qualquer outra coisa da vida. “Eu gostei da profissão, aqui estou e não tenho vontade de sair”, enfatiza. A LA Marcas está localizada na Rua Alegrete, 1737, Bairro Monte Castelo. O horário de funcionamento é de segunda a sábado, das 7h às 11h30 e das 13 às 18h.

Parede tem desenhos de alguns dos marcadores criados. (Foto: Kísie Ainoã)
Parede tem desenhos de alguns dos marcadores criados. (Foto: Kísie Ainoã)

Curta o Lado B no Facebook. Tem uma pauta bacana para sugerir? Mande pelas redes sociais, e-mail: ladob@news.com.br ou no Direto das Ruas através do WhatsApp do Campo Grande News (67) 99669-9563.

Nos siga no Google Notícias