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Comportamento

Lista de hóspedes famosos guardada a 7 chaves em hotéis e pousadas de Bonito

Paula Maciulevicius | 07/08/2013 06:59
Na agencia onde Cleo é gerente, só ela e mais duas pessoas têm acesso a 'home list'. Mas alguns dos nomes ela não revela nem depois da estadia encerrada. (Fotos: Marcos Ermínio)
Na agencia onde Cleo é gerente, só ela e mais duas pessoas têm acesso a 'home list'. Mas alguns dos nomes ela não revela nem depois da estadia encerrada. (Fotos: Marcos Ermínio)

Se o sistema de reservas das agências de turismo e hotéis de Bonito falassem, revelariam muitos nomes de famosos que vieram a Bonito, a 257 quilômetros da Capital e passaram ‘batido’. Não que não fossem percebidos, mas é graças ao contrato de sigilo, puderam desfrutar das belezas naturais no anonimato.

Trabalhando há 15 anos no ramo, a gerente da agência que administra dois dos grandes hotéis da cidade, Cleo Mazina, de 42 anos, já atendeu até Steve Jobs sem que ninguém soubesse. “Ele veio passar o dia, chegou com mais gente em quatro aviões. Chegaram às 9h e foram embora às 15h, só almoçaram e fizeram o passeio da gruta do Lago Azul”, conta. Os detalhes, ela revela aos poucos, em seis horas Jobs gastou R$ 13 mil, quantia grande e visita de peso que Bonito registrou há 14 anos.

Ela explica que todos os hotéis têm sigilo e faz acordo com as equipes para receber os ilustres visitantes. “Na entrada e a na saída colocamos seguranças a mais, mas não plantado na porta do hotel o tempo todo, porque isso chama atenção também”, descreve.

Cleo nega que seja assinado um termo de sigilo e justifica que os turistas assim querem privacidade e isso nem se quer precisa ser dito. “Nunca tivemos problema nenhum, só que a home list também só é vista por três pessoas e da gerência. A gente põe o nome, mas não o sobrenome, justamente para preservar o anonimato. Só nós vemos e só nós sabemos”, explica.

Pra tirar da camareira Ramona quem já passou pelo hotel nem tortura arranca. Funcionária é praticamente monossilábica.
Pra tirar da camareira Ramona quem já passou pelo hotel nem tortura arranca. Funcionária é praticamente monossilábica.

Mas cá entre nós, mesmo com tantos anos de trabalho quem não fica louca por uma foto, autógrafo e os costumes típicos de ‘tietagem’? “Não pode ter, tem que ser profissional, é isso que faz eles se sentirem bem. Eles estão passeando e têm que ser tratados assim, simplesmente como turistas”, completa.

Fora Steve Jobs e mais tantas lendas e fatos de quem já passou por Bonito, quais personalidades nacionais e internacionais o hotel já recebeu? Ela vai dizendo “elenco todo da Malhação, Edson e Hudson, a Dilma, o Lula, Marcos Palmeira, Munhoz e Mariano, Luciano Zafir, Brad Pitt e por último, veio Marcos Breda com a mulher e os filhos”. Cleo só não revela quem veio para o Festival de Bonito. Se tratando de determinadas celebridades, o sigilo é mantido antes, durante e depois da estadia.

“Tem artista que a gente não confirma nem depois que passa, às vezes nem o pessoal deles, de assessoria, sabiam”, solta.

Nesses dias mesmo, Cleo atendeu a mulher do ator Marcos Breda. A gerente descreve que a esposa dizia o tempo todo que o marido estava em peças de teatro ou gravações. “Eu nunca quis perguntar quem era, só soube quando ela mandou os dados para o seguro viagem”.

O dono da mais antiga agência de Bonito é categórico em dizer que o contrato não só existe, como funciona.
O dono da mais antiga agência de Bonito é categórico em dizer que o contrato não só existe, como funciona.

Das celebridades que desfilam sem holofotes por Bonito, tem gente que passa despercebido até por quem trabalha dentro dos hotéis. Há mais de 10 anos trabalhando como camareira, Ramona Dias, de 40 anos, é a figura exata de uma funcionária que precisa manter o bico calado.

Simpática, ela quase não responde a nenhuma pergunta e só dá um sorriso. Praticamente monossilábica, chega a negar muitos nomes que já passaram por lá. “É que às vezes passa batido, eu dou bom dia, tudo bem, mas não fico em cima não”. Questionada sobre quem, de verdade, a tietagem quase sobressaltou o uniforme, ela respondeu os artistas da terra, “Munhoz e Mariano”.

O mais antigo dono de agência da cidade, Osterno Prado de Souza, de 86 anos, mais conhecido como ‘seo’ Taíca, tem livro para escrever sobre os hóspedes que atendeu em 32 anos de trabalho.

“A maioria dos artistas já vieram aqui. A presidente Dilma esteve por último e na incógnita”, falou. Ele diz que ninguém dos artistas querem publicidade em cima dos passeios e por razões simples. “Qualquer personalidade de alto nível aqui tem que estar meio no escuro, se não sofre assédio, não tem jeito”.

Questionado se o contrato de sigilo existe ele é categórico. “Lógico, funciona e é feito à pedido do próprio turista que nos visita”, completa.

É gente, de lendas aos fatos, quem passa por Bonito tem sim a identidade preservada e se depender desse pessoal que trabalha do outro lado do balcão, as visitas vão continuar sendo incógnitas.

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