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Comportamento

Na favela, horta diminui descarte de plástico e muda cardápio de famílias

Projeto testa a viabilidade de pequenas hortas domésticas reaproveitando plástico de silo bolsa

Thailla Torres | 22/07/2021 08:15
A horta faz parte de um projeto experimental do Cepaer (Centro de Pesquisa e Capacitação da Agraer). (Foto: Marcos Maluf)
A horta faz parte de um projeto experimental do Cepaer (Centro de Pesquisa e Capacitação da Agraer). (Foto: Marcos Maluf)

Na favela do Mandela, em Campo Grande, o cultivo de hortas suspensas tem chamado a atenção de moradores que já esperam por bons resultados. A técnica não é uma novidade, existe “desde os jardins suspensos da Babilônia”, brinca um dos técnicos responsáveis pela horta. Mas a novidade está na reutilização do polietileno de alta densidade, usado nos silos bolsas comumente utilizado por agricultores, para elaboração de hortas domésticas. O bacana é que o projeto envolve a comunidade do plantio à mesa.

A horta faz parte de um projeto experimental do Cepaer (Centro de Pesquisa e Capacitação da Agraer). “O objetivo é testar a viabilidade de pequenas hortas domésticas, feitas em canteiros suspensos, de plástico de silo bolsa reaproveitados”, explica o engenheiro agrônomo Arcelei Lopes Bambil, de 62 anos, extensionista da Cepaer.

O plástico é um material resistente, que é usado uma vez como silo, depois é vendido como sucata a um preço acessível. Além do plástico, o canteiro suspenso pode ser feito de madeira reutilizada, como escoras de eucalipto usadas na construção civil, que também é de baixo custo.

Mas a hortinha já produziu rúcula e logo terá alface, rabanete e beterraba. (Foto: Marcos Maluf)
Mas a hortinha já produziu rúcula e logo terá alface, rabanete e beterraba. (Foto: Marcos Maluf)

As vantagens são ergonômicas, econômicas e de transportabilidade, explica Arcilei. Ergonômicas porque a pessoa trabalha em pé, sem forçar a coluna e articulações. Econômicas porque é de baixo custo, um canteiro com três metros quadrados custa aproximadamente R$ 250,00, além disso, economiza água e nutrientes.  Já a transportabilidade se dá pela possibilidade de ser esvaziado do substrato, desmontado e mudado de lugar.

Ainda que na favela o ritmo, a rotina e a experiência das pessoas sejam diferentes das do campo, moradores se movimentam para ajudar. “Então é preciso adotar metodologias diferentes das que estamos acostumados como extensionistas rurais. Com isso temos o seu Hélio que ajudou na implantação da horta, dona Beleu que cedeu o terreno ao lado do seu ponto comercial e outras duas pessoas que participam ativamente”.

O projeto está no início. Mas a hortinha já produziu rúcula e logo terá alface, rabanete e beterraba. “Somente após uns três ou 4 meses vamos poder avaliar melhor os resultados. Enquanto isso vamos expandir a experiência para outras comunidades ou grupos dentro da própria favela”, destaca o engenheiro.

O bacana é que o projeto também movimenta moradores. (Foto: Marcos Maluf).
O bacana é que o projeto também movimenta moradores. (Foto: Marcos Maluf).

Arcilei também revela que a Cepaer pretende procurar a Sedesc (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia) para fazer uma parceria com a Agraer no âmbito do Programa Municipal de Hortas Urbanas. “Ou seja, propor a aplicação da técnica, buscando a convergência dos conceitos de horta urbana e segurança alimentar”, explica. “Não vamos resolver o problema da falta de alimentação, mas podemos contribuir para melhorar o cardápio”, acrescenta.

O projeto não tem fim comercial, a ideia é produzir para o consumo próprio. Uns grupos de quatro pessoas formam parceria e cuidam da horta. Ajudam na construção e se encarregam dos cuidados dos plantios. “Mas essa parte, a distribuição de trabalho e repartição do resultado, está acontecendo agora”.

Arcilei vai até à horta cerca de duas vezes na semana e no decorrer dela mantém contato com os moradores via Whatspp para tirar dúvidas e garantir que cultivo continue.

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